Top Five - Filmes de Terror dos Anos 1980

Se eu posso resumir sucintamente os dez anos entre 1980 e 1989, em termos da produção do gênero, eu diria que eles foram a década do gore e das continuações. Franquias tipo a de Chucky (Brinquedo Assassino) foram o padrão a seguido. Além disso, os efeitos especiais já tinham evoluído a tal ponto que a estética gore tomou conta. A coisa virou uma competição: quem tinha a maquiagem mais grotesca, qual era o filme que mostrava mais vísceras, quem conseguia bolar a morte mais inumana e sanguinolenta, etc. Por um bom tempo, pareceu que todo orçamento dos filmes ia pro departamento de efeitos especiais, e o trocado do flanelinha ia pro roteirista...

Vale mencionar também, por falta de espaço na minha lista, os seguintes filmes: Um Lobisomem Americano em Londres (1981), A Morte do Demônio (1983, de Sam Raimi, futuro diretor de Homem-Aranha), Re-Animator: A Hora dos Mortos Vivos (1985), A Hora do Espanto (1985), Os Garotos Perdidos (1987, com Kiefer Sutherland, o Jack Bauer de 24 Horas) e O Cemitério Maldito (1989).

E não não me esqueci de O Iluminado (1980) não, era pois. Esse vai pra a minha lista de Kubrick...

Sexta-Feira 13 (1980)

Culpem John Carpenter. Culpem Halloween - A Noite do Terror (1978). O pai dos slashers deu a largada para uma invasão de filmes de terror baratos nas locadoras mundo afora. Apesar do seu impacto ter diluído pelo tempo, Sexta-feira 13 foi o herdeiro mais ilustre Halloween, e ainda hoje é uma produção exemplar para o gênero. Esse Sexta-feira 13 (o original) foi a segunda maior bilheteria do ano 1980, só atrás de O Império Contra Ataca.

O Enigma do Outro Mundo (1982)

Após o sucesso inesperado de Halloween, John Carpenter fez A Bruma Assassina (1980) e Fuga de Nova Iorque (1981), que introduziu ao grande público o impagável Snake Plissken (Kurt Russel). Seu sexto filme como diretor, O Enigma do Outro Mundo é uma das melhores fusões entre os gêneros terror e ficção científica que já pude conferir. Usando como modelo O Monstro do Ártico (1951), o clássico de Howard Hawks, e a mitologia Tchulhu da autoria do escritor americano H. P. Lovecraft (1890-1937), Carpenter cria um clima de paranoia palpável no filme. Imaginem 12 pessoas trancafiadas numa estação de pesquisa na Antártica, e qualquer uma delas pode estar infectada por esse metamorfo alienígena... Mas 1982 foi o ano de E.T. e outros marcos da ficção-científica foram injustiçados pelo rolo compressor Spielberguiano, a exemplo de Blade Runner - O Caçador de Andróides e Tron - Uma Odisséia Eletrônica.

Poltergeist (1982)

Uma produção de Steven Spielberg contando com a direção de Tobe Hooper (O Massacre da Serra Elétrica), Poltergeist conta o drama dos Freeling, uma família suburbana obrigada a lidar com as almas penadas perturbadas pela expansão imobiliária da Cuesta Vuerde, a empresa onde o patriarca da família, Steven (Craig Nelson), trabalha. Apesar do tema sobrenatural, Poltergeist se encaixa perfeitamente no cânone artístico de Spielberg. Um dos papéis principais do filme pertence à garotinha Carol Anne (Heather O'Rourke), e o foco do filme é o desespero dos pais em reaver a sua filha abduzida. Pensando bem, a melhor descrição que eu posso oferecer à respeito de Poltergeist é que ele é uma filme de terror "família" - se é que isso existe...

A Hora do Pesadelo (1984)

A criação mais duradoura de Wes Craven, A Hora do Espanto introduziu Freddy Krueger no imaginário popular. Freddy é o pai do "terrir" - mate e faça uma piada depois. O riso (um mecanismo de defesa, segundo o doutor Freud) alivia toda a tensão gerada pelo medo, o que transformou os filmes da série no equivalente ao McDonalds do gênero. Ou seja: são filmes que divertem, e não assustam.

Hellraiser - Renascido do Inferno (1987)

Hellraiser foi a estréia do escritor Clive Barker atrás das câmeras. Baseado no seu livro The Hellbound Heart (1986), o filme apresentou ao mundo do cinema os cenobitas, seres infernais que praticam uma forma extrema de sado-masoquismo, tão intensa que prazer e dor são indiferenciados. Barker insere elementos de S&M e body piercing na sua trama, de uma inteligência bem acima da média se comparada ao mar de serial killers imortais e mudos a lá Jason Voorhees. O infame Pinhead e seus colegas torturadores carregam em si um elemento psicosexual perverso que Clive Barker trouxe ao gênero.