Crítica: As Melhores Coisas do Mundo
Confesso que fiquei bem inclinando a não assistir o filme As Melhores Coisas do Mundo, na verdade cheguei a evitar o filme e declinei oportunidades de encara-lo no cinema. A sensação de estar apostando em uma reprodução cinematográfica de Malhação me gerou pavor. Só nesse ano após ouvir até alguns bons comentários a curiosidade bateu mais forte e resolvi dar uma chance a esta produção.
O primeiro ponto positivo fica por conta da direção; Laís Bodanzky comanda o filme de forma bem sóbria, óbvio que algumas coisas poderiam ser mais trabalhadas, mas de um modo geral ela vai bem. Ela que esteve muito bem por trás de Bicho de Sete Cabeças comanda de forma bem interessante essa mescla de atores veteranos e jovens desconhecidos, produzindo um longa que se conecta e muito com a juventude atual.
A produção foi Inspirada na série de livros Mano, de Gilberto Dimenstein e Heloisa Prieto, o filme narra o período de um mês na vida do jovem Hermano e seus amigos, que estudam em um colégio de classe média da capital paulistana e enfrentam os dilemas característicos da adolescência: o medo de ser o humilhado da vez, os amores, a melhor amiga, a escola que aborrece.
Mano tem 15 anos, adora tocar guitarra, beijar na boca, rir com os amigos, andar de bike, curtir na balada. Um acontecimento na família faz com que ele perceba que virar adulto nem sempre é tarefa fácil: a popularidade na escola, a primeira transa, o relacionamento em casa, as inseguranças, os preconceitos e a descoberta do amor. Em meio a tantos desafios, Mano descobre e inventa As Melhores Coisas do Mundo.
O outro ponto positivo é o protagonista Francisco Miguez que ao longo da trama vai se transformando por completo de uma maneira bem legal, demonstrando-se por vezes mais veterano e capaz do que outros "atores" mais conhecidos como Fiuk. Não quero dizer com isso que o filho de Fábio Júnior vai mal, mas sinceramente ele como cantor não é uma das melhores coisas do mundo, como ator então passa longe disso.
Quem segura as pontas e equilibra um pouco as ações para o lado dos adultos são Caio Blat (O Bem Amado) fazendo o papel de professor da turma jovem do longa e Denise Fraga encarnando muito bem a mãe intelectual que tem dificuldades em expressar os seus sentimentos. A trilha sonora é razoável, poderia ser um pouco mais diversa.
Uma coisa que ficou clara é que a proposta é pegar o público jovem mesmo, ainda que contendo alguns exageros a lá Malhação (especialmente a blogueira fofoqueira) o longa manda muito bem nessa empreitada. A linguagem dentro do filme denuncia este foco na juventude, assim como o arco principal que se foca mais na relação entre Mano e seu irmão do que nas dificuldades de seus pais após a separação. Os mais velhos não vão desperdiçar o seu tempo se resolverem conferir este filme, que entretêm, tem alguns altos e baixos mas dá conta do recado.
Nota: 8,0
Trailer:
Texto de
Silvano Vianna
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2 Comente Aqui! :
A sensação inicial que você teve para esse filme foi a mesma que eu tive. Igual mesmo. Fiquei com dois pés atrás.
Ainda bem que fomos surpreendidos de forma positiva.
Retratar a juventude de forma adequada acho que é a grande sacada de Lais Bodanzky que tinha mostrado enorme talento para isso em Bicho de Sete Cabeças.
O protagonista realmente merece seus elogios. Foi bem na produção e segura bem o longa-metragem.
Só discordo sobre Caio Blat. Acho que sua atuação aqui é tão frágil como em seus trabalhos anteriores. Não acho Blat um bom ator. Mas, opinião pessoal.
Excelente, cinema nacional de qualidade.
http://cinelupinha.blogspot.com/
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