Crítica: Resident Evil - O Hóspede Maldito (trilha sonora)

9 de setembro de 2010 4 Comente Aqui!

Eu me lembro quando joguei pela primeira vez Resident Evil (1996), na casa de amigos. Lembro, até porque o dono do Playstation não tinha um memory card na época e depois de um amigo nosso gritar “Puxa a faca e dá um tiro!” ele morreu, perdendo 10 horas (!!) de jogo... Ce la vie! Resident Evil, em termos de gênero, pertence ao chamado survival horror, onde um jogador solitário com recursos limitados tem que combater num cenário infestado por zumbis e outras criaturas sobrenaturais. Muito do sucesso dessas aventuras depende não só de violência bruta, mas da astúcia do jogador em resolver vários quebra-cabeças pelo caminho. O sucesso estupendo de Resident Evil lançou outras franquias conhecidas, tipo Silent Hill e Fatal Frame. Pena que o pioneiro desse gênero, o clássico do PC Alone In the Dark (1992), anda praticamente esquecido. Alone In the Dark (2004), sua infeliz adaptação para o cinema, tratou de “enterrar o baba” de vez...

Quando eu soube que o primeiro capítulo da saga Resident Evil ia ser filmado, bateu o ceticismo. “É só mais um filme de zumbi”, pensei, e desses o mundo tá cheio. Basta ver a (então) tetralogia de George Romero, começando com A Noite dos Mortos Vivos (1968), a comédia A Volta dos Mortos-Vivos (1985) ou as produções mais cult do gore italiano... Mas até que Resident Evil me surpreendeu. Não é nenhum E o Vento Levou, mas a história é bem amarrada, os efeitos especiais bem bolados e a trilha... Bom, a trilha é espetacular.

Paul W. Anderson, produtor e diretor, queria algo que refletisse a agressividade das trilhas pulsantes e eletrônicas de John Carpenter, o homem por trás de Halloween - Noite do Terror (1978), A Bruma Assassina (1980) e Fuga de Nova Iorque (1981). Ele queria esse feel traduzido para o século XXI e, pra atingir seu fim, Anderson lançou mão de uma dupla insólita: Marco Beltrami e Marilyn Manson. De um lado, um especialista em trilhas de filmes de terror e ficção científica, ganhador do Oscar pela música de Guerra ao Terror (2009). Do outro temos o antichrist superstar, uma das figuras mais polêmicas do showbizz americano, uma metralhadora giratória verbal que ataca a hipocrisia religiosa e política do Tio Sam incansavelmente.  

Como o diretor tinha previsto, as duas metades se complementaram. Beltrami primeiro ganhou notoriedade depois do “meta-terror” de Pânico (1996), de Wes Craven (criador de Freddy Krueger). Ele logo se adaptou ao gênero por ser um “grande fã” de “timbres de orquestra e técnicas musicais do século XX”, que combinam bem com esse tipo de filme. Já Marilyn Manson, com seu heavy metal “industrial”, é veterano em combinar guitarras pesadas com texturas eletrônicas corrosivas. Diferente da formação mais tradicional de Beltrami, à base de notação musical, Manson buscou intuitivamente o feeling adequado através da criação e manipulação de samples e loops. O vocalista conta que separou suas contribuições em três tipos. A primeira era uma valsa infantil, ligado ao livro Alice no País das Maravilhas (do qual Resident Evil faz repetidas referências), que ficava cada vez mais sombria no avançar do filme. O segundo era algo “frio” e “tecnológico”, descrevendo o ambiente asséptico da Hive, onde a Umbrella Corporation tramava suas guerras biológicas debaixo do nariz do grande público. O último é um tema “militar/fascista”, pontuando a treinada violência dos soldados nas cenas de ação. Nessas horas Manson aplica guitarras ferozes, de marcação rígida e mecânica, tocadas de um jeito que nenhuma banda de rock n’ roll seria capaz de reproduzir.

A grande pena dessa história é que essa trilha sonora nunca foi lançada na íntegra. No mercado até agora só temos a coletânea Resident Evil (2002), editada pela Roadrunner, gravadora conhecida pelo seu cast de bandas pesadas (Slipknot, Sepultura, etc.) Esse disco só tem quatro faixas da trilha original, lá no finalzinho do álbum. O resto varia de Rammstein à Depeche Mode. Claro, a Roadrunner sendo a Roadrunner, conte com pouca sutileza e muitos decibéis.

Enfim: se vocês gostam de trilhas dissonantes, rica em timbres eletrônicos, com uma boa dose de rock contemporâneo “virado no estopor”, recomendo – e muito – Resident Evil.

O Cinema Detalhado não disponibiliza links pra download. Se quiserem ouvir a trilha, mandem uma mensagem pra mim que eu a envio via e-mail. Obrigado.

4 Comente Aqui! :

  • Anônimo disse...

    por favor me envia a música ou só o nome da música q toca no finalzinho do resident evil 01 não a música doscrédito antes dos créditos quando Alice olha pela estrada a fora!!!! meu email akew:
    rafaeldeoliveirashino@hotmail.com
    agradeço desde ja ferah

 
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