Caros leitores...No mundo dos Blogs terminamos conhecendo muitas pessoas e com o passar do tempo passamos a admirar o trabalho de muitos. Hoje vamos contar com a participação de Cristiano Contreiras do "Apimentário". O texto está maravilhoso e fala sobre um filme que aparentemente é muito legal! Confiram!
Há filmes que falam sobre o coração, quando não há nada que os cale: eles falam por si. Qual sentido da amizade? Deliberado, o filme Conta Comigo revela-se inevitavelmente um estudo pleno, singelo e incondicional sobre a amizade. Pois, quatro diferentes amigos descobrem o próprio significado de existência rumo à compreensão humana - diante de uma jornada que trilham em busca de um corpo de um adolescente desaparecido. Os quatro são amplamente divergentes: há o sensível Gordie (Wil Wheaton), o medroso Vern (Jerry O'Connell), o destemido Teddy (Corey Feldman) e o maduro valente Chris (River Phoenix). O roteiro, genuína adaptação sentimental do conto "O Corpo" de Stephen King, revela-se um estudo discreto sobre a autodescoberta, amizade ocasional que perdura, manifestações da pré-adolescência sexual e boa dose de psicologia de transgressões familiares. Os quatro garotos lidam com o desapego familiar, a necessidade de questionarem os próprios problemas. O enredo é narrado pelo ponto de vista do personagem Gordie, já homem, escritor, e personificado por Richard Dreyfuss: eis que sua percepção já madura e um tanto nostálgica condiciona o espectador avaliar, junto com ele, toda sua vivência no verão de 1959. E o roteiro de Raynold Gideon evidencia essa busca sentimental sobre jovens em constante sede de amizade, doce partilha de companheirismo e fidelidade conjunta. Como deve prevalecer a mais pura amizade?
Os diálogos sensíveis, as brincadeiras, as travessuras, em meio ao leve humor e densa dose emocional - conduz um roteiro muito primoroso, de pura ternura e realista. Quem não teve amigos pra toda vida em tão curto espaço de tempo? Quem não recorda momentos da infância ou pré-adolescência? Mais que um condicionamento narrativo sobre amizade: é um exercício quase literário cinematográfico de lealdade - deve ser, portanto, classificado como um melodrama pautado na reflexão de temas como crescimento pessoal, maturidade e perda. Os garotos traçam a própria perda da infância pra maturidade, no decorrer da jornada. Com o fim da inocência: o ganho da vida? O diretor Rob Reiner é perspicaz em conduzir cenas com emoção à flor da pele, preenchendo com fidelidade a aura dos anos 60 - repleta de hits sonoros, roupas, hábitos e costumes - para dar vazão a um sentimento único: o valor da amizade, jamais deve ser dissipado. O que fazer quando uma amizade é abalada? O que define o sustento desse sentimento? O que deve prevalecer?
A música Stand by me, de John Lennon, aqui é performado com êxtase imortal por Ben E. King e dá tom à atmosfera juvenil do filme, deliciosamente transmitido com ternura. Jornada de aprendizado? O que se configura mais tocante no filme: a importância da amizade só é exercida quando essa deixa de existir. De fato, encontrar amizades sinceras é algo bastante improvável. Nem toda amizade é eterna, principalmente as de infância que cicatrizam, mas são difíceis de serem cultivadas até a fase adulta. Há situações, constantemente, que coloca tudo a prova. O risco é pouco? No filme, há uma humanização dos personagens. River Phoenix, morto poucos anos depois do filme, interpretava magistralmente com misto de emoção e sinceridade. Há um Corey Feldman cativante, John Cusack como o irmão falecido de Gordie e até uma participação de Kierfer Sutherland como um bad boy antagonista da trama.
O roteiro expressa as diferenças psicológicas entre os garotos: enquanto Vern e Teddy mantinham papos desconexos, brincadeiras infantis e certa imaturidade - Chris e Gordie tinham sintonia pra papos mais existenciais, reflexivos e demonstravam maior sexualidade pela maturidade mais evidente. Tanto Chris e Gordie servem de catalisadores para a motivação reflexiva sobre abordagens íntimas de melancolia, insatisfação de vida e meditação sobre problemas pessoais. Eis uma lição de vida bem concebida, película poética. "Amigos nas nossas vidas são como garçons
Nota: 9,0
Trailer do Filme:
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