Crítica: As Invasões Barbaras (Les invasions barbares)

17 de agosto de 2010 0 Comente Aqui!

As Invasões Bárbaras (Les invasions barbares, 2003) não é uma roteiro original e chega até a tratar de um tema batido, os últimos dias de um pai que se acerta com a família, o passado e o desconstrói. Mas ao adicionar referências políticas e culturais, fazendo uma bem humorada crônica da modernidade e de quebra exorcizando os fantasmas de sua geração. Denys Arcand nos mostra nessa bela obra que sem esquecer a simplicidade pode-se fazer grandes filmes mesmo abordando temas cotidianos.

Na trama, os mesmos personagens de O declínio do império americano (Le Déclin de lempire américain, 1986), o filme mais famoso do diretor, se reúnem quinze anos depois. O professor de história Rémy (Rémy Girard, irretocável) sofre de câncer num hospital lotado de Quebec. A sua ex-mulher, Louise (Dorothée Berryman), apesar das infidelidades do marido, fica ao seu lado. Ela até consegue chamar de volta ao Canadá o filho do casal, Sébastien (Stéphane Rousseau). Com o reencontro, renasce o conflito. Conquistador incansável, típico intelectual idealista dos anos 60, o pai é o contrário do filho, noivo fiel, pragmático, de futuro financeiro promissor no mercado acionista de Londres.

Aparentemente previsível, a lavagem de roupa suja não tem nada de banal. O filme nunca parece nostálgico demais com os anos 60, nem ranzinza em demasia com os 90. O filme questiona em doses variadas o antiamericanismo, o holocausto indígena, a eutanásia, a globalização, a discriminação das drogas e principalmente a permanência dos valores, os quais estão acima de qualquer ideologia. Principalmente a amizade entre pais e filhos que o dinheiro não compra. Parece propaganda, mas não é.

Em As Invasões Bárbaras, o confronto pessoal de ideologias está no reencontro de um pai e seu filho. Uma analogia à morte e ao novo, ao fim do comunismo e ao começo de uma nova república. O grupo de amigos e parentes que passa os últimos dias com Rémy, é formado por professores, antigas amantes, a ex-mulher e um casal gay. Nestes encontros são memoráveis os diálogos da geração que acreditou nas mudanças e que agora convive com guerras preventivas em nome da paz. O filme é fantástico e vale cada centavo investido, para os fãs de cinema de arte é um prato cheio, para fãs de outros gêneros é uma boa pedida.


Nota: 10


Trailer:

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