A quinta aventura de James Bond
no cinema, “Com 007 só se Vive duas Vezes”, é marcada pela primeira direção do
britânico Lewis Gilbert na franquia, ele também dirigiria “O Espião que me
Amava” (1977) e “007 Contra o foguete da Morte” (1979). Embora acredite que até
então esse seja o melhor filme dos cinco primeiros protagonizados por Sean
Connery para a cine - serie, ainda continuo vendo essas realizações da década
de 60 como divertidas alegorias. Mesmo que aqui se procure manter uma pegada
mais sisuda, até pelo co-protagonista Tigre Tanaka (Tetsurô Tanba), confiável
agente japonês, é pouco provável que o espectador leve a sério algumas das
características da obra, como projeteis disparados por cigarros e a
transformação de Bond em um senhor japonês (?).
Todavia, quando o filme se despe
de pretensões maiores, apostando em uma narrativa fantasiosamente agradável,
temos uma aventura extremamente divertida, ágil, com um Connery mais do que a
vontade para trabalhar o heroísmo sarcástico de seu personagem. Essas nuances
satíricas de James Bond, de sujeito mulherengo, debochado nos momentos mais
drásticos, é que se criou a lenda, tanto que posteriormente com a entrada de
Roger Moore, o personagem passa a ser um sujeito acima do bem e do mal, com seu
olhar distanciado das situações, sempre tem um vislumbre superior aos meros
mortais. Em “Com 007 só se Vive duas Vezes” ainda que possa ser de uma maneira involuntária
ou até mesmo um improviso do protagonista, percebe-se esse caráter
particularmente fanfarrão do personagem ser talhado para o cinema.
O vilão da vez, Blofeld (Donald
Pleasence), aparece pouco, porque durante boa parte do filme vemos apenas suas
mãos acariciando um gato. No entanto, ele deve ser um dos antagonistas mais
marcantes da franquia, tendo sido satirizado com propriedade nos filmes de
Austin Powers (1997/99/2002). O design de arte elegante é um charme a parte,
assim como a trilha sonora de John Barry (sua quarta composição para a serie)
inspirada em sons japoneses. A canção tema, outra marca registrada, composta
também por Barry, é cantada por Nancy Sinatra. Enfim, “Com 007 só se Vive duas
Vezes” passa longe de ser o melhor filme da série, mas também não chega perto
de um desastre. Suficientemente divertido, entretém com qualidade, com uma
interpretação carismática de seu protagonista e uma trama minimamente
elaborada, fugindo de viradas na história frágeis como a de Goldfinger, quando
007 faz a vilã passar para o seu lado depois de uma “bimbada”. Agora fiquei na
dúvida, será que a principal arma de James Bond não foi construída pelo
engenhoso Q?
1 Comente Aqui! :
Um dos grandes filmes do James Bond na fase Sean Connery e a grande revelação do vilão Blofeld - Donald Pleasence - esta ótimo. Também adoro a música tema.
Abs.
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