Os anos noventa foram marcados por um fascínio por
serial killers, o que gerou uma excelente safra de filmes de suspense, a exemplo de
O Silêncio dos Inocentes (1991) e
Se7en - Os Sete Pecados (1995). Infelizmente, a maioria esmagadora dos filmes de terror lançados durante esses dez anos não tiveram a excelência do seu "parente" cinematográfico. Foi um período de vacas magras, onde assistimos um montante de continuações fracas das franquias estabelecidas:
Chucky,
O Massacre da Serra Elétrica,
Sexta-feira 13,
Hellraiser,
A Hora do Pesadelo, etc. Nem tudo foi perdido, no entanto: alguns poucos se destacaram nessa montanha de refugo. Todos da lista abaixo inauguraram tendências que só germinariam na década seguinte.
Alucinações do Passado (1990)
Alucinações do Passado não é uma obra conhecida pela grande maioria, mas quem curte o gênero sabe de sua importância. A trama gira em torno de Jacob (Tim Robbins), uma veterano da Guerra do Vietnã que vai sendo acometido por alucinações que alteram radicalmente a sua percepção da realidade. O final, arrasador e surpreendente, dá um
tilt na cabeça. A estética do filme, inspirada pela arte de Francis Bacon (1909-1992), pintor irlandês do Pós-Guerra, influenciou diretamente o jogo
Silent Hill.
As técnicas do diretor Adrian Lyne, fazendo seus personagens se movimentar em ângulos e velocidades estranhas, deixaram um legado para toda uma geração de cineastas do gênero, como pode ser visto em
O Chamado (2002) e
O Grito (2004).
Entrevista com o Vampiro (1994)
Por muito tempo a 7º arte se alimentou daquele estereótipo de vampiro criado por
Drácula (1897), de Bram Stocker. De
Nosferatu (1922) à
Drácula de Bram Stoker (1992), dirigido por Francis Ford Coppola, o goticismo vitoriano do romance original é onipresente. Coube à Anne Rice reinventá-lo com a
Entrevista com o Vampiro (1976), o primeiro livro pós-moderno a lidar com o assunto. Aqui, os charmosos sangue-sugas imortais não são mais a encarnação do mal, mas sim criaturas sexualmente ambidestras dadas à dúvidas existenciais, divididos entre os seus apetites implacáveis e a tentativa de preservar o pouco da humanidade que lhes resta. Um grande elenco deu um empurrãozinho na popularidade do filme, protagonizado por Brad Pitt, uma estrela em ascensão; Tom Cruise, ainda aproveitando sua aura de galã dos anos 1980; e Antonio Banderas, recém-transplantado para Hollywood.
Entrevista com o Vampiro abriu o espaço para outras re-invenções do vampirismo incluindo
Crepúsculo.
Pânico (1996)
"Desconstrução" é a palavra-chave para se entender o sucesso de
Pânico. Wes Craven, criador de
A Hora do Pesadelo, brinca com os clichês dos filmes de terror dos anos 1980, desafiando a platéia a todo instante a adivinhar quando será o próximo susto.
Pânico foi para os
slashers o que
Os Imperdoáveis (1992) foi para os
westerns - ao virar o gênero de ponta-cabeça, deu o último sopro de vida num estilo moribundo.
O Cubo (1997)
Em um nada-belo dia, sete desconhecidos acordam num labirinto mortal, no formato de cubos interligados. Apesar do orçamento curto e dos poucos cenários, O Cubo se mostrou uma boa produção, serpenteando entre o terror e ficção científica. Pela natureza do seu enredo, esse cult foi um claro precursor da cinessérie Jogos Mortais.
A Bruxa de Blair (1999)
Estava surfando pela net lá pelos idos de 1999 quando entrei, meio por acidente, no
site desse filme.
A Bruxa de Blair ainda não tinha sido lançado, e a página oficial dele o vendia como se fosse um documentário perdido: ele revelava o destino trágico de três estudantes que sumiram nas florestas de Blair, lar de uma bruxa enforcada no século XVIII. Visto desse ângulo,
A Bruxa de Blair é uma experiência genuinamente aterradora. O problema é que a imprensa brasileira revelou a trama logo quando o filme estreou nos nossos cinemas, o que tirou 90% da graça dele. O impacto de
A Bruxa de Blair foi enorme, gerando uma avalanche de produções copiando o estilo "documentarista amador" do filme, com o destaque para
Atividade Paranormal (2007) e o espanhol
Rec (2007).
3 Comente Aqui! :
Concordo com 4 da lista.....só não vi Alucinações do Passado.
A Bruxa de Blair me marcou muito.
Abraços;
Renato, recomendo e muito "Alucinações do Passado". Tem um outro que não entrou na lista por falta de espaço, que é também interessante: "O Mistério de Candyman" (1992).
Sempre gostei muito do Pânico.
"Alucinações do Passado" e "entrevista com vampiro" eu ainda não vi, então não da pra falar muito
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