Crítica: Lixo Extraordinário (Wasteland)
Selecionado como candidato ao Oscar na categoria de “Melhor Documentário”, Lixo Extraordinário (Wasteland, 2010) conta a história de como a última obra de Vik Muniz, o artista plástico brasileiro de maior projeção internacional, mudou a vida da comunidade de Jardim Gramacho, o maior aterro sanitário do planeta. Já recebeu o prêmio de Audiência nos Festivais de Sundance e de Berlim, e se revelou como um forte concorrente para receber a famosa estatueta de ouro.
No começo do filme, Muniz conta que queria fazer algo que transcendesse a estreiteza do mundo das belas artes e que tivesse um impacto social positivo. Para realizar sua magnum opus ele parte para o Jardim Gramacho, em Duque de Caxias (RJ), o maior aterro sanitário do mundo. Lá começa a conviver com os catadores de lixo e o presidente da associação da classe, Antônio Carlos dos Santos, vulgo “Tião”. Muniz tira fotos dos catadores e envolve-os na composição dos seus próprios retratos, reconstruídos a partir do material reciclável retirado do aterro.
Do seu começo vagoroso e didático, o filme ganha um novo pique quando o artista paulistano começa a conviver de perto com os catadores de lixo; nessa hora eles dividem conosco suas alegrias, suas tristezas e seus sonhos. Muniz vê espelhada neles as suas próprias origens de classe média baixa, e de como poderia muito bem “ser ele” naquela situação, lutando pra ter nível de sobrevivência dos mais básicos. É tocante o final, quando se vê claramente as mudanças que foram produzidas na vida daqueles dez indivíduos escolhidos pra participar de sua exposição “Imagens do Lixo”.
Lixo Extraordinário é um filme bonito, que trata das mazelas da sociedade brasileira com um lirismo ausente em outros filmes de grande porte nacionais, a exemplo de Cidade de Deus (2002) e os dois Tropa de Elite (2007-2010). Se a violência crua desses filmes “acorda” a platéia via táticas de choque, Lixo Extraordinário nos encanta pela sua sensibilidade. Ainda não tive a oportunidade de ver os outros indicados ao Oscar pra “Melhor Documentário”, mas digo à vocês: meu voto está com Lixo Extraordinário. Bairrismo? Talvez... Mas que o filme é bom, é.
Nota: 8
Trailer do Filme:
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1 Comente Aqui! :
Muito bem retratado o timing do filme. Crítico muito sensato e com opiniões bem Baseadas.
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