Crítica: Easy Rider - Sem Destino (trilha sonora)

21 de outubro de 2010 0 Comente Aqui!


Nas minhas resenhas, vez ou outra relembro a mágica e turbulenta década de 1960. Também falo sempre da tal Nova Hollywood, uma geração de cineastas que viraram o jogo nos estúdios de cinema, revolucionando a Fábrica dos Sonhos por dentro. São produtos de reviravoltas artísticas e sociais de um tempo que é difícil, ainda hoje, dimensionar no que ele representou para a cultura jovem. Foi a primeira vez na nossa história que a juventude realmente pareceu ter o poder nas mãos...

Talvez nada represente o som e a fúria dessa década como Easy Rider – Sem Destino (1969). “O” road movie por excelência, foi produzido pelos atores James Fonda e Dennis Hopper (também diretor ), falecido em maio desse ano. Sem Destino começa com Fonda e Hopper na pele dos motoqueiros Wyatt e Billy, vendendo cocaína pra um cara conhecido como “Connection” (ninguém menos que o lendário Phil Spector, produtor dos Beach Boys). Depois de ganharem uma bolada nessa brincadeira, a dupla cai na estrada com o objetivo de conhecer “o coração da América”. Entre comunas hippies e o contato cada vez mais hostil com autoridades locais, eles conhecem George Hanson (Jack Nicholson), um advogado bebum com idéias tão loucas quanto eles... Mas isso é 1969; até quando o “Capitão América” (vulgo Wyatt) e seus comparsas vão sobreviver a América retrógada?

A trilha de Easy Rider é escolhida a dedo e marca cenas que entraram para os anais da história do cinema (lá ele). Depois do intercâmbio inicial entre Connection e os motoqueiros hippies, entra uma dessas cenas antológicas: Fonda e Hopper pegando uma highway nas suas Harleys envenenadas ao som do Steppenwolf. Foi esse o filme que imortalizou “Born to be Wild” um clássico do rock ‘n’ roll. Por problemas contratuais, a versão original “Weight” do The Band (a banda de apoio de Bob Dylan) não pôde aparecer nesse disco (mas aparece no filme). E o que temos aqui é uma versão cover bem fiel por Smith. O Electric Prunes faz uma versão psicodélica do cântico “Kyrie Eleison”. Essa é a música que toca quando Fonda e Hopper tomam um ácido num cemitério de Nova Orleans, depois de passarem pelo Mardi Gras, uma fritação que acaba num bad trip monstruoso.

Sem Destino, junto com Bonnie e Clyde – Uma Rajada de Balas (1967) e A Primeira Noite de um Homem (1968), formam a trinca que abalou as estruturas do antigo studio system hollywoodiano. No caminho, abriram espaço para gente do calibre de Martin Scorsese, Francis Ford Coppolla, Robert Altman e até George Lucas e Steven Spielberg. Hendrix e Byrds, também crias desses anos onde parecia que tudo poderia acontecer, mostram como o rock se prestava igualmente a esses ideais revolucionários. Eles e outros recriam aquele rockabilly pueril e cheio de anfeta dos anos 1950, levando-o para direções nunca antes exploradas.

O Cinema Detalhado não disponibiliza links pra download. Se quiserem ouvir a trilha, mandem uma mensagem pra mim que eu a envio via e-mail. Obrigado.

0 Comente Aqui! :

 
Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...