Apontar os clichês como um dos
defeitos em um filme de terror é tão lugar comum quanto essa primeira afirmação
de teor negativo, até porque, esse gênero talvez seja o que mais precisa deles
para funcionar. No meu ponto de vista, o mais certo seria afirmar que a obra é
problemática por trazer clichês mal utilizados. Entretanto, em um primeiro
momento, apesar de uma montanha desses subterfúgios cinematográficos, A
Última Casa da Rua consegue elaborar um suspense com algum mistério,
trazendo curiosidade ao espectador. Atrativos a parte também não faltam para
cativar a atenção, visto que a protagonista é a jovem atriz Jennifer Lawrence, em ascensão no cinema
norte-americano, e a co-protagonista é a sumida Elizabeth Shue, de filmes como De
Volta para o Futuro II e III e Karatê Kid.
A trama coloca a mãe médica,
Sarah (Elizabeth Shue) e a filha
estudante, Elissa (Jennifer Lawrence)
como recém chegadas em uma típica e bucólica cidadezinha americana. Egressas da
cidade grande e aparentando procurar paz (?), elas se instalam em uma imponente
casa, que por ser vizinha de uma residência onde uma menina assassinou os pais,
tem um aluguel mais acessível. Se familiarizando com a vizinhança, escutam
histórias macabras sobre os fatos, e seus desdobramentos, que envolvem os crimes
e lendas locais. Logo também constatam que Ryan (Max Thieriot), filho mais velho da família, ainda mora no rústico
casarão. Mesmo com tantas ressalvas amedrontadoras, Elissa, jovem de
característica rebelde, não se detém a aproximar do rapaz. Para seu espanto,
Ryan se revela introspectivo, sensível e apaixonante.
Claro que se a trama seguisse
essa linha de argumentação, teríamos um improvável filme de drama/romance invés
de um terror/suspense. Então o roteiro escrito por David Loucka, baseado em uma idéia do diretor Jonathan Mostow (Substitutos,
2009), não demora a colocar o romance e os dramas familiares de lado, para
assim implicar algumas problemáticas de horror na obra. Com o andamento
corriqueiro dos fatos, não precisa pensar muito para chegar à conclusão de que
Ryan guarda seus segredos. Discrições que fazem a narrativa ser impulsionada de
forma até agradável, apesar de gradativamente ir ganhando contornos previsíveis.
Logo isso se torna uma característica negativa e incômoda. Se no primeiro parágrafo
afirmei que A Última Casa da Rua elucidava um mistério curioso, de sua
metade para o fim, a obra se perde em um amontoado de situações aguardadas,
esvaziando todo o suspense e mistério inicial.
Apesar das soluções obvias e o
desfecho preguiçoso fazer de A Última Casa da Rua uma obra
descartável, irrelevante, ainda se consegue algum entretenimento enquanto se
está assistindo. Essa afirmação contraditória parte do ponto de vista do
trabalho esforçado da dupla de atrizes. Ainda quando se constata que o filme
está perdido e não tem mais salvação, não deixa de ser louvável como tanto Jennifer Lawrence quanto Elizabeth Shue, e até o canastrão Max Thieriot, talvez inflamado pelas
moças, buscam dimensionar os personagens além do caricato evidente do roteiro. No
entanto, infelizmente, o esforço se mostra insuficiente para resolver os
problemas de roteiro e direção. Presas a um texto apenas “espertinho”, de
diálogos pouco eficientes, além da batuta conformista e pouco ousada do diretor
novato Mark Tonderai, o elenco não
consegue se sobressair como deveria para engrandecer o resultado final.
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