The Paperboy - Um Rapaz do Sul é por si só uma produção chocante e interessante, porém é possível dizer que seu brilho consta no renascimento de uma atriz, que há muito tempo não fazia um trabalho tão impressionante, e na consolidação de um diretor, que arrancou elogios em 2009 pela grande produção Preciosa. Nicole Kidman, apesar de esquecida no Critics Choice Awards, foi mencionada em duas grandes premiações do ano: SAG Awards, do sindicato dos atores e no Globo de Ouro. Confesso que fiquei muito curioso para ver o trabalho da atriz, pois recentemente ela concorreu a prêmios pelo longa Reencontrando a Felicidade, mas, ao meu ver, não era merecedora.
O longa acompanha o trabalho investigativo de um jornalista e seu irmão para provar a inocência de um preso, condenado à cadeira elétrica, que poderia ser inocente de sua acusação. Uma mulher solitária e que encontrava na troca de cartas com presidiários um pouco de auto estima, terminou se apaixonando por este condenado e convocou a dupla sob a afirmação de ter provas da inocência de seu suposto novo e grande amor. Além da dupla de irmãos, Charlotte Bless contará com o apoio de um jornalista negro e bem sucedido, que não será dos mais bem vindos ao sul, preconceituoso, dos Eua.
O longa não é de fato tudo isso que venderam em Cannes, mas possui sim seus grandes momentos e cenas marcantes. A direção de Lee Daniels é bastante corajosa e não poupa o espectador de cenas muito violentas, sexuais e chocantes. O clímax do filme é assustador e algumas tomadas, como o primeiro encontro entre Charlotte e Hillary, quando os personagens tentam transmitir prazer entre si apenas com o olhar, são antagônicas para o cinema. O problema é que em alguns momentos Daniels preferiu prevalecer suas prioridades sobre cenas que de nada acrescentariam a trama, mas causariam choque ao público. Em outras palavras, perdeu o foco para espantar.
Os holofotes foram armados para o brilho de Nicole Kidman e ela soube muito bem aproveitar esta oportunidade, o que aos meus olhos lhe serviu como um renascimento para o cinema. A atriz está icônica no papel de Charlotte Bless e circula entre o humor e sensualidade como poucos. Há ainda momentos capazes de lhe fazer desconstruir o seu semblante sexy e imponente para se apresentar uma pessoa vulnerável e insegura de seus desejos a anseios. O elenco terminou ofuscado pelo brilho de Kidman, mas ainda assim é possível mencionar a qualidade do trabalho de Matthew McConaughey, Zac Efron, e John Cusack. O dois primeiros com mais espaço para brilhar fazem um bom trabalho, porém não precisavam de muito esforço para isso.
The Paperboy - Um Rapaz do Sul termina sendo uma daquelas produções que impressiona em muitos momentos, possui mais acertos do que erros, mas que não consegue se aprofundar, do jeito que se esperava, na trama. A direção corajosa e a atuação de sua atriz coadjuvante são seus pontos mais fortes, porém ainda fica aquele sentimento de que teria potencial para algo mais.
Trailer do Filme:
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