Filmes que são produzidos fora do nicho Eua/Inglaterra ,ainda não tem o espaço que merecem no circuito de cinema brasileiro. Maravilhosas produções feitas na Bélgica, Irã e outros países menores não ganham espaço por aqui e muito da culpa disso está no grande público, que já está condicionado a dizer que estes são produtos mais lentos e voltados para críticos. Concordo que em geral são filmes mais lentos, porém dizer que são para críticos é coisa de quem tem preguiça de encarar o novo e assimilar mensagens duras e verdadeiras. A Pele Que Habito é uma produção, espanhola, do aclamado diretor Pedro Almodôvar, um entusiasta daqueles que já é reconhecido em seu meio de trabalho, já é premiado e continua não aceitando ficar parado em sua zona de conforto.
Na trama, somos apresentados a um brilhante cirurgião plástico, Robert Ledgard, que perde o sentido em viver quando sua esposa morre em um acidente. Traumatizada com a situação, sua filha passa a ter medo das pessoas e demonstra incapacidade de se socializar. Após longo tratamento e o início de apresentação de melhoras, a jovem então é liberada para tentar iniciar um convívio social, mas em uma festa de casamento se depara com a possibilidade de ter sido estuprada. Diante de tantos problemas, Robert mergulha a fundo em seu trabalho e começa a projetar uma pele sintética capaz de proteger o corpo humano de danos físicos. O experimento exige uma cobaia e esta é uma mulher misteriosa, que vive trancada em um cômodo de sua mansão.
O longa começa com uma afirmação que me marcou muito. Ao abordar o tema de transplante de rosto, Robert afirma que não adianta salvar uma pessoa de um incêndio se seu corpo ficar todo deformado. A vaidade é tanta que é capaz da pessoa se matar de tristeza ao ver sua imagem totalmente danificada. Essa por sinal é uma das situações que o cirurgião se deparou durante o decorrer da vida e esse é um típico momento capaz de fazer qualquer um perder o juízo. Inegavelmente louco e, com certeza, brilhante, aos poucos o cirurgião vai virando uma espécie de doutor Frankestein e não mede esforços para conseguir aquilo que almeja.
Antonio Bandeiras está mais do que acostumado a trabalhar com Almodôvar e mantém o semblante que se espera de seu personagem. Firme, forte, sem escrúpulos e alucinado pelo passado. O filme percorre um terror angustiante e faz com que o espectador se imagine sofrendo as operações ao qual o médico submetia o seu paciente. A narração não linear enriquece a produção que vai aos poucos sendo misterioso e aterrorizante. Ninguém sabe ao certo o que pode acontecer no momento seguinte e esses passeios entre o presente e o passado dão a percepção de total domínio do diretor, por parte de seu roteiro e de seus atores. Elena Anaya é uma atriz espanhola muito linda, que se destaca no papel de protagonista. Seu visual é muito explorado e cunho da sexualidade que se emprega aos filmes deste cineastra.
Em suma, estamos diante de um suspense sombrio e arrebatador. Daqueles capazes de deixar qualquer um admirado e enlouquecido com o que está em cena. Um Filme quase impecável e que merecia ter mais destaque em solo brasileiro.
Trailer do Filme:
1 Comente Aqui! :
Adoro o diretor e ainda não consegui tempo para ver o filme.
Nas férias ele sai da lista de pendentes.
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