Resenha de Filme: Inimigos de Sangue (Welcome to the Punch)

4 de junho de 2013 0 Comente Aqui!

A história é mais do que batida: policial traumatizado e contestado por erros do passado se une ao talentoso criminoso que persegue, motivado por interesses em comum. Apesar de apostar em estereótipos comuns do gênero policial para co-protagonizarem seu segundo trabalho, Inimigos de Sangue - produzido por Ridley Scott (Prometheus) -, o jovem diretor inglês Eran Creevy procura se afastar dos clichês simples. Não diria que atinge seu intento com louvor, longe disso. Mas se esforça para conceber um trabalho competente, que mesmo quando erra, é pela aplicação e não pela omissão. Para tal, veste a trama com um roupagem séria, diria até que existe uma  ponta de pretensão em mirar o cinema de autor, calcando o visual com cores frias que privilegiam um azul puxado para o cinza. Não posso dizer que me agrada essa escolha estética, a certa altura cansa um pouco todo aquele constante safira aparente, mas de certa forma acaba remetendo a filmes como A Identidade Bourne (2002), sua maior referência.

O roteiro escrito pelo próprio Eran Creevy se abstêm do humor, mas também não investe pesado no drama, mesmo com o bom elenco que dispõe. O resultado é uma obra com atuações interessantes, firmes, e cenas de ação dirigidas com alguma eficiência, mas uma história que posa de inteligente, porém deveras frágil. O que acaba passando a sensação de que os personagens são maiores do que o argumentado. Com um prólogo em ritmo acelerado, acompanhamos uma frenética perseguição capitaneada pelo policial Max (James McAvoy - Em Transe). O motivo: capturar o lendário assaltante Jacob Sternwood (Mark Strong - A Hora Mais Escura). A busca não termina como deveria e ainda rende a Max um tiro no joelho. Três anos depois reencontramos um Max amargurado, desacreditado e tendo que fazer infiltrações diárias para poder caminhar sem que sinta dores no local onde foi baleado. A única pessoa que ainda acredita no seu potencial é a sua parceira Sarah (Andrea Riseborough, de Oblivion), com quem parece manter um estreito relacionamento. 

A rotina de Max muda quando a polícia prende um rapaz chamado Ruan (Elyes Gabel). Não demoram a descobrir que o jovem é filho de Jacob. Encontrado com um tiro na barriga, Ruan passa a ser mantido em um hospital como isca para o pai. Em um primeiro momento, a trama de Inimigos de Sangue parece seguir a linha "ajuste de contas". No entanto, não tarda a revelar que tratará de conspirações de ordem política. Entra aqui o dúbio tenente Thomas Geiger (David Morrissey da série The Walking Dead) trabalhando a favor de uma persuasiva assistente que procura reeleger o candidato para qual trabalha. Ainda que seja um tema pontual - o da corrupção -, ele não encontra muito espaço. Discutido de forma superficial, apenas serve como ponto de partida para as ações e o reencontro entre Max e Jacob. E o criminoso não volta sozinho, trás a reboque um comparsa interpretado pelo sempre eficiente Peter Mullan (Cavalo de Guerra). Enquanto o tenente Geiger têm no ex-militar Dean (Johnny Harris) seu principal aliado. Nesse contexto, Max acaba sendo um joguete. Primeiro de forma voluntária, principalmente pela raiva que nutre por Jacob. Posteriormente, pelas reviravoltas da trama que vão colocar os antagonistas lado a lado. 

Nessa de "enriquecer" a história é que residem suas maiores problemáticas. Aquele velho ditado - "Menos é mais." - ressoa fortemente aqui. Com certas dificuldades em explanar  com clareza todas as suas idéias, invés de se tornar um curioso quebra-cabeças, a trama de Inimigos de Sangue ganha ares confusos. E os diálogos variando entre metáforas pouco mordazes e monólogos desinteressantes, além da profusão de personagens que vão surgindo também não servem como fator muito resolutivo. Apenas embolam mais. Por isso não chega a ser estranho o filme guardar um sequência única para que um dos personagens ligue todos os fatos e explique ao público didaticamente, até então, tudo o que aconteceu. Mas um espectador mais atento vai perceber que por trás das bem orquestradas cenas de tiroteio, com direito a câmera lenta ao melhor estilo "bullet point", temos uma história até simplória, com reviravoltas previsíveis. A prolixidade é que confunde, creio até intencionalmente. Entretanto, não dá para dizer que funcione a favor da história. 

P.S: Inimigos de Sangue foi lançado direto para home-vídeo no Brasil.





Ficha Técnica:
Inimigos de Sangue (Welcome to the Punch).
Direção: Eran Creevy.
Roteiro: Eran Creevy.
País: Inglaterra, EUA.
Ano: 2013.
Elenco: James McAvoy, Mark Strong, Andrea Riseborough, David Morrisey, Peter Mullan, Elyes Gabel, Daniel Mays, Johnny Harris, Daniel Kaluuya.

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