Resenha de Filme: Um Porto Seguro (Safe Haven)

15 de maio de 2013 3 Comente Aqui!

Cinco porções de café solúvel vagabundo deixam amarga uma xícara de água quente. Fato. Daí experimenta colocar quarenta colheres de açúcar. Não melhora, não é? E ainda periga dar um baita enjoo. Pois é, a metáfora é pobre, mas faz jus a Um Porto Seguro, a mais recente adaptação para o cinema de uma obra literária do escritor norte-americano Nicholas Sparks. O diretor sueco, radicado nos EUA, Lasse Hallström, repete a dose (ele também dirigiu Querido John em 2010). Um cineasta que chamou atenção com o original  e divertido Minha Vida de Cachorro (1985), sendo até indicado ao Oscar de Melhor Diretor em 1988, mas que posteriormente se tornou um desses operários padrões de Hollywood. Alguns de seus trabalhos são agradáveis, outros menos, mas em sua maioria caracterizados pelo sentimentalismo excessivo, por vezes até gratuito. 

Se Sparks é o escritor das histórias caprichadas no melaço e Hallström um diretor com características similares, a repetição da parceria parece mesmo óbvia. Nesse Um Porto Seguro, a nossa protagonista é Katie (Julianne Hough - Rock of Ages - O Filme), misteriosa jovem que na primeira cena, aparentemente perseguida, entra em um ônibus fugindo de algo ou de alguém. Sem destino evidente, ela acaba indo parar em uma bucólica e praiana cidade localizada na Carolina do Norte. Como um cachorro assustado, a trama aos poucos solta alguns flashbacks revelando parcialmente o que motivou sua fuga, Katie procura se misturar entre os habitantes locais. Primeiro aluga uma cabana no meio de uma floresta (pena que não é um filme de terror...), depois trata de arrumar um emprego em uma lanchonete, para posteriormente, claro, se envolver com o viúvo bonitão Alex (Josh Duhamel - Fogo Contra Fogo, Transformers: O Lado Oculto da Lua),  sujeito boa praça e proprietário de uma pequena loja de conveniências. 

Á medida que o insosso romance entre Katie e Alex vai "desabrochando", o homem ainda é pai de duas crianças traumatizadas com a perda da mãe, o passado da mocinha começa a assombra-la com mais constância. Aqui, é quando Um Porto Seguro deveria ganhar contornos mais dramáticos, tensos. Entretanto, o apreço pela temática romântica terna, onde ela não possa ser comprometida por uma pegada um pouco mais pesada, não deixa a situação ir além da superficialidade dos fatos. Logo os personagens são estritamente unidimensionais. Katie é a mocinha, apesar do passado "obscuro", em busca de um príncipe encantado. Alex é o herói, o cavalheiro destemido que protegerá sua amada de todo o mal. E o vilão, interpretado pelo eficiente David Lyons (mais conhecido dos fãs de Plantão Médico), curiosamente, é o personagem mais rico da parca trama, mas que para não abstrair a atenções, ganha pouco tempo em cena, apenas quando é apropriado para edificar as ações do casal protagonista. 

Enfim, a obra nem rende muitas divagações. Para quem se contentar com uma história repleta de clichês, sempre buscando a comoção fácil, situações absurdamente previsíveis e atuações baseadas em estereótipos, mas espertamente embaladas com um bonito papel de presente,  Um Porto Seguro deve agradar. Afinal, não falta beleza física tanto a Josh Duhamel quanto Julianne Hough. Assim como também a trilha sonora "fofinha" e a vistosa fotografia, no melhor estilo cartão postal que exalta as belezas naturais das locações, devem encontrar alguns apreciadores. Mas é muito pouco para tirar o filme do marasmo total. E como o que fica na memória é o conteúdo, e não a embalagem, quase sempre rasgada e jogada no lixo (me perdoem por mais essa metáfora barata), o filme de Lasse Hallström (Amor Impossível, Sempre ao Seu Lado) é desses que deixa um vazio imensurável. A "surpresinha" climática do epílogo deixaria muito autor de novela ruim com inveja.




Ficha Técnica:
Um Porto Seguro (Safe Haven).
Diretor: Lasse Hallström.
Roteiro: Dana Stevens, Gange Lansky.
Ano: 2013.
Elenco: Julianne Hough, Josh Duhamel, David Lyons, Cobie Smulders.

3 Comente Aqui! :

  • Anônimo disse...

    Bom ,nunca se espera que o filme seje melhor que o livro....mas neste caso tem momentos que nem parece ser mais o livro....diferente de Diário de Uma Paixão ...que tanto o livro como o filme...foram fantásticos....

 
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