Resenha de Filme: O Lugar Onde Tudo Termina

27 de maio de 2013 1 Comente Aqui!


Ryan Gosling hoje é um dos nomes mais aclamados pelos espectadores de cinema e ter sua imagem em algum cartaz já é o bastante para motivar o público a assistir qualquer produção. De fato, este que vos escreve, ficou animado em saber da nova produção do ator e ainda mais quando soube que o longa seria dirigido por Derek Cianfrance, responsável por outro filme de Gosling, Namorados Para Sempre. Além deles, o longa contaria com o ator Bradley Cooper, que em O Lado Bom da Vida, demonstrou ser muito mais talentoso do que o comediante da série Se Beber Não Case. Ainda há espaço para um jovem em ascenção, Dane DeHaan (Os Infratores e Poder Sem Limites), que realizou ótimos trabalhos no ano passado e que já está escalado para ser o novo Harry Osborn em O Espetacular Homem Aranha 2.

Diante deste elenco de dar inveja, que ainda conta com Eva Mendes, o começo da produção é capaz de deixar qualquer um desconfiado. A obra se apresenta em ritmo lento e remetendo a uma trama de filme dramático alternativo e intimista. O ponto forte é que esta jogada se torna essencial quando, aos poucos, percebe-se o quanto este projeto é ambicioso e capaz de tratar temas sociais interessantes, mesmo diante de um avanço cronológico, que exibe novos protagonistas e novas subtramas influenciadas pelas ações do passado. Ao todo são três abordagens, que seguem um homem que, apesar de buscar fazer algo de bom, termina encontrando a solução de seus problemas por meio do mundo do crime. Um homem que vive em um ambiente de corrupção, mas que como um bom selvagem, permanece diante de suas convicções e em busca de seus ideais e mais tarde em dois jovens, que apresentam personalidades do meio em que foram criados e que apresentam as consequências dos atos de seus pais. 

Derek Cianfrance demonstra aqui que realmente sabe brincar com o tempo. Em Namorados Para Sempre o diretor aproveita muito bem um universo atemporal e utiliza de truques do passado e futuro para elencar os casos do relacionamento de seus protagonistas. Aqui a ousadia, apesar de soar mais simples, é notável, quando o diretor brinca com o tempo, porém de forma linear, mostrando as consequências que os fatos do passado podem gerar no futuro e em diferentes gerações de uma mesma família. Esse tipo de decisão demonstra não somente seu talento, como a confiança que ele possui em si e em sua trama. É fato que talvez a obra tenha se alongado em alguns momentos, mas as duas horas e meia de projeção transcorrem de forma tranquila para aqueles que mergulharem na proposta da película. 

Para realmente funcionar a obra exige do público atenção e curiosidade, além de protagonistas capazes de superar as comparações que podem vir a surgir. Isso é possível principalmente pelas atuações de Gosling e Cooper. O primeiro apresenta uma atuação incrível e aguça o espectador a tentar entender e conhecer um pouco mais aquela pessoa. O segundo é muito seguro em seu trabalho e consegue apresentar um personagem que ao mesmo que está fazendo o bem, não consegue muito apresso do espectador, que chega a achá-lo arrogante. Seu personagem é encantador, mas complicado de se gostar cem por cento. As comparações não surtem muito efeito, por conta do inteligente roteiro, que separa a vida dos personagens conforme sua classes sociais. O universo começa rodeado de um mundo marginalizado, sem conforto para os que vivem nele e depois se passa para um mundo de casas e comodidade. A troca de mundos acontece quando eles se cruzam e essa transição é feita de forma bem interessante. O terceiro ato é a junção dos mundos, quando os filhos se conhecem e iniciam uma amizade. Os jovens trabalham bem, mas é certo que o terceiro ato é o mais fraco da obra. 

Em resumo, O Lugar Onde Tudo Termina é um filme duro, mas muito lindo e rico em diversos recursos. Para não alongar a resenha, não foram comentados trabalhos técnicos, como figurino, maquiagem e fotografia, mas todos somados enriquecem demais a produção. Talvez a maquiagem falhe um pouco no ato final, quando não considera satisfatoriamente a passagem do tempo para os mais velhos. Esse erro, no entanto, não incomoda, assim como os outros que são fruto do preciosismo da película, que poderia ter economizado um pouco e enxugado algumas ações para se torna um filme sensacional.


Trailer do Filme:

Ficha Técnica:
Título Original: The Place Beyond The Pines
Diretor: Derek Cianfrance
Elenco: Ryan Gosling, Bradley Cooper, Rose Byrne, Dane DeHaan, Eva Mendes, Ray Liotta, Bruce Greenwood, Ben Mendelsohn, Harris Yulin, Mahershala Ali, Robert Clohessy, Emory Cohen, Olga Merediz, Gabe Fazio, Kevin Craig West, Michael Marino, Ephraim Benton, Luca Pierucci, Sabrina Lott, Jim Powers, Anthony Pizza, Vanessa Thorpe, Jeremiah Bagley, Jennifer Sober, Subrina Dhammi, Kayla Smalls, Patrick Husted, Joe B. McCarthy, Jan Libertucci, Kevin Green, Moriah Osta, Emilio Pagan-Yourno, Cynthia Pelletier-Sullivan, Jessica Layton, Whitney Hudson, Jerry Gretzinger, Jefrey Pollock, Marybeth Leo-Smullen, Dean Denisio, Karen Gazda, George Forrester, Mark J. Caruso, Steve Ritzko, Mike Barry, Joseph Basile, April Crisafulli, Sarah Curcio, Julie E. Davis, Andrew Krakat, Benjamin Lott, Gail Martino, Lindsay McKearn, Kimberly Moore, Mark Musto, Byron Nilsson, Steve Powers, Daniel Rayome, Don Rittner, Casey Roberts, John Romeo, Nicole Signore, Craig Van Hook
Produção: Lynette Howell, Sidney Kimmel, Alex Orlovsky, Jamie Patricof
Roteiro: Derek Cianfrance, Ben Coccio, Darius Marder
Fotografia: Sean Bobbitt
Trilha Sonora: Mike Patton
Duração: 140 min.
Ano: 2012
País: EUA
Gênero: Drama
Cor: Colorido
Distribuidora: Paris Filmes
Estúdio: Hunting Lane Films / Sidney Kimmel Entertainment / Silverwood Films / Electric City Entertainment / Pines Productions / Verisimilitude

1 Comente Aqui! :

  • Raimundo Neto disse...

    Pra mim, o segundo melhor filme do ano, depois de A Caça...Uma verdadeira "viagem infernal", que chega a ser apaixonante, pela veracidade das situações apresentadas...Mais um filmaço para o currículo do Derek Cianfrance

 
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