Livros: O Chefão

15 de maio de 2013 1 Comente Aqui!

Olá Pessoal,

Sou Edgar Santos, editor do Algumas Coisas e fui convidado para escrever sobre obras que inspiraram filmes e vez ou outra alguma curiosidade sobre o processo; e debutarei no Cinema Detalhado com um clássico (pelo menos no cinema podemos dizer isto): O Chefão, de Mario Puzo

Sempre tive este livro em casa, herança de minha mãe professora de literatura, português, redação e gramática - ela está viva ainda, só mudei de endereço.

Bom, então vamos ao que interessa: The Godfather (O Padrinho, em tradução literal) foi escrito por Puzo em 1969 após um adiantamento de 5 mil dólares com o intuito que escrevesse um livro sobre a Máfia, utilizando como fonte as notícias que ouviu no seu período de jornalista. Segundo o Peter Biskind em seu livro Como a Geração Sexo, drogas e Rock`n`Roll salvou Hollywood (ed. Intríseca, 2009), o manuscrito de 150 páginas que inicialmente chamava-se A Máfia foi parar em 1968 nas mãos de Robert Evans, então chefe de produção da Paramount. Evans diz que o escritor devia 11 mil dólares e temia por um dos seus braços caso não pagasse a dívida. Puzo, em vida, disse não lembrar dessa conversa (ele faleceu em 1999).

Filmes de mafiosos já estavam datados, logo não houve muito interesse nessa primeira investida, ainda mais que o último filme sobre essa temática do estúdio não foi muito bem nas bilheterias (Sangue de Irmãos - The Brotherhood, 1968). 

Aí o livro tornou-se um best-seller. 

Mas mesmo assim, a Paramount se animou pouco pelo texto do gordinho que um ano atrás estava sentado na antessala do produtor. Só depois que a Universal se interessou pela compra dos direitos do livro, que a produtora da montanha estrelada deixou de esnobar o pobre Puzo, mas mesmo assim pensando em um custo módico e com a trama ambientada nos seventies (o livro ambienta-se no início do século XX a 1950, na Itália e nos EUA).

Na mesma época, um carrinha grande e barbudo chamado Francis Ford Coppola devia uma grana para a Warner por causa de um projeto mal sucedido - uma produtora independente chamada Zoetrope - e precisava tirar de algum lugar. Quem acreditou em Francis foi Peter Bart, o segundo em comando da produção da Paramount e o mesmo trabalho que teve em convencer Evans de que aquele diretor era o ideal para a adaptação foi a de convencer Coppola que realizar uma adaptação de um livro e com um tema tão batido para a época não seria o fundo do poço. E deu no que deu.

A linguagem do livro é bem acessível para o tempo que foi escrito, o que explica em parte muito do sucesso que fez, embora o tema também justifique. Sua estrutura remonta hoje o que encontramos em “As Crônicas de Fogo e Gelo” de George R. R. Martin (que inspiraram a série Game of Thrones): uma pausa em alguns capítulos para desenvolver certo personagem e lá adiante retomar o caminho que parou, ou ligar tal personagem ao percurso traçado.

O livro também é dividido em dezenove partes e trinta e seis capítulos, mas engana-se quem procura os três filmes na obra; a história de Vito Corleone (contada na segunda parte) e todo a primeira fazem-se presentes. Pode-se dizer que a obra literária conta a historia do primeiro filme utilizando a estrutura do segundo (com as idas e vindas para a história de Dom Corleone). Há uma essência do livro até na polêmica terceira parte, já que Puzo participou da adaptação também deste. O resultado dessa parceria de Puzo com Coppola rendeu-lhe dois Oscar por Roteiro Adaptado (para as Partes I e II). 

Existem várias edições espalhadas por aí, dificultando o processo pela melhor escolha (a minha, por exemplo é de 1981), mas afirmo que se você gostou dos filmes, o livro lhe fornecerá informações que só ampliarão o seu conhecimento sobre o universo (como o julgamento dos rapazes que agridem a filha de Bonasera).

Então é isso. E que venham bons livros - e filmes. 


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