Resenha de Filme: Para Roma com Amor

22 de abril de 2013 1 Comente Aqui!
Crítica: Para Roma Com Amor (To Rome With Love)

Depois do grande sucesso obtido em Meia Noite em Paris, muita expectativa girou em torno do longa Para Roma com Amor. Além da sensação de que Woody Allen (Tudo Pode Dar Certo, Você Vai Conhecer O Homem dos Seus Sonhos) poderia ter reencontrado sua melhor forma, o elenco repleto de grandes atores e o retorno do próprio diretor atuando em uma produção, causou no público aquela ansiedade que se justifica quando se aborda um dos profissionais mais renomados do mundo cinematográfico. Esse talvez tenha sido o grande problema de Para Roma com Amor, que terminou dividindo opiniões de público e crítica, mas que se assistido sem querer fazer comparações, termina sendo uma bela obra de arte, daquelas charmosas e cativantes, que prendem a atenção e promovem a diversão. 

Logo no começo da produção é possível se perceber que serão abordadas diferente tramas e que apesar de todas se passarem na cidade de Roma, não é obrigatório que elas se conectem em algum momento. Desta forma, a obra gira em torno de quatro histórias, que passeiam entre o casal que se conheceu por acaso e planeja se casar e aventura do pai da noiva em tentar fazer o pai, de seu futuro genro, um tenor de sucesso. No arquiteto famoso que em um passeio encontra um jovem, que lhe faz lembrar o seu passado e lhe fornece a oportunidade de aconselhar alguém a não repetir os mesmos erros que cometeu antes. No desinteressante e rotineiro Leopoldo, que vê sua vida virar de cabeça para baixo ao se tornar uma grande celebridade do momento, mesmo que seja algo sem motivo aparente e no casal interiorano que viaja à Roma em busca de uma oportunidade de fazer dinheiro, mas que termina se separando e se envolvendo em muitas confusões. 

Como todo filme que trabalha com tramas paralelas, este também sofre com o fato de umas serem mais interessantes do que outras. Esse é um problema, principalmente pelas comparações que são promovidas, porém é inegável que em todas as tramas existem momentos de brilhantismo, o que, de fato, não ocorre com alguns desfechos. A trama envolvendo o arquiteto (Alec Baldwin - Rock Of Ages, Simplesmente Complicado), por exemplo, não é a mais engraçada, mas é, sem sombra de dúvidas, a mais interessante de toda a película. O personagem ganha a oportunidade de revisitar o seu passo e de aconselhar um jovem que está prestes a cometer os mesmos erros que cometeu. O ponto chave da questão é que mesmo se esforçando em mudar o passado, ele não deixa de valorizá-lo, pois foram as decisões tomadas em sua vida, que conseguiram lhe colocar no posto que ocupava no momento. 

Se por um lado a intelectualidade e a inteligência perduram na trama envolvendo o arquiteto, a história de tentar fazer famoso um tenor, que só consegue cantar no banho, é no mínimo hilária. É lógico que grande parte do sucesso desse esquete advém da grande capacidade de atuação de Allen, que encarna mais um personagem neurótico e inseguro. Outro que carrega bem sua trama é Roberto Benini, porém ela é a menos interessante de todas. A crítica social, que envolve o sucesso e fama mediante exposição de suas intimidades  é uma sacada muito inteligente e atual, porém ela se torna batida e presa a surpresa do personagem de Benini, que no final termina por aprender uma lição de vida no mínimo vergonha, que promove o pior desfecho do longa. 

A quarta e última história é bastante divertida apesar de não promover maiores reflexões. Penélope Cruz (Piratas do Caribe: No Fim do Mundo) dá um show de atuação e interpreta de maneira cômica e sensual uma prostituta que é confundida com a esposa de interiorano, que iria apresentar sua família ao tios, membros da alta sociedade de Roma. Ao tempo em que o jovem se encontra nesta situação complicada, sua esposa se perde pela cidade e termina encontrando o astro de cinema que sempre admirou e recebendo algumas cantadas dele.

Diferente de suas últimas produções, que adotaram a Europa como palco principal, Woody não consegue se aproveitar do que Roma tem a oferecer e termina utilizando a cidade como mero aspecto turístico, que serve mais para abrilhantar a fotografia do que enriquecer a trama. O que é fato é que Woody Allen, mesmo não acertando completamente, consegue ser muito superior a grande maioria das comédias lançadas recentemente. O diretor conquistou com a estreia de Para Roma com Amor, a marca de ter promovido um filme por ano nos últimos trinta que se passaram. Isso só remete a uma fala do filme, que mais parece uma confissão do diretor: "Para você, a aposentadoria se equipara à morte!”. E assim o jovem Woody de 77 anos segue trabalhando como nunca e mostrando ao mundo do cinema que é capaz de sempre promover algo interessante.


Trailer do Filme:

Ficha Técnica:
Diretor: Woody Allen
Elenco: Ellen Page, Woody Allen, Jesse Eisenberg, Penélope Cruz, Alec Baldwin, Alison Pill, Greta Gerwig, Roberto Benigni, Ornella Muti, Judy Davis, Carol Alt, Riccardo Scamarcio, Maricel Álvarez, Isabella Ferrari, Giuliano Gemma, Alessandro Tiberi, Flavio Parenti, Alessandra Mastronardi, Luca Calvani, Roberto Della Casa, Vinicio Marchioni, Lina Sastri, Corrado Fortuna, Dominic Comperatore, Antonio Albanese, Monica Nappo, Giada Benedetti, Simona Caparrini, Araba Dell'Utri, Marta Zoffoli, Marina Rocco, Edoardo Purgatori, Lynn Swanson, Cristiana Palazzoni, Fabio Armiliato, Fabio Bonini, Claudio Caiolo
Produção: Letty Aronson, Stephen Tenenbaum
Roteiro: Woody Allen
Fotografia: Darius Khondji
Duração: 107 min.
Ano: 2012
País: EUA/ Espanha/ Itália
Gênero: Comédia
Cor: Colorido
Distribuidora: Paris Filmes
Estúdio: Gravier Productions / Mediapro / Medusa Film
Classificação: 12 anos

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