Resenha de Filme: À Beira do Caminho

9 de abril de 2013 0 Comente Aqui!


Existem produções, que apesar de não apresentarem novidades e não serem inovadoras, são capazes de comover o público que as assiste. À Beira do Caminho é um dos filmes repletos de situações conhecidas como lugar comum, que por contar uma história bonita e possuir uma trilha sonora com diversas canções marcantes de Roberto Carlos, consegue emocionar o público e cumpre seu papel. Isso, por sinal, já se torna uma característica marcante do diretor Breno Silveira, que se utilizou muito bem desses aspectos no longa Dois Filhos de Francisco, que dirigiu e foi um grande sucesso de bilheteria. 

A trama gira em torno de João, um caminhoneiro amargurado e solitário, que vive viajando pelo país para tentar fugir e esquecer o passado que lhe atormenta. Em mais uma noite comum, ele termina encontrando  Duda, um garoto que precisa de ajuda para encontrar o pai, que lhe abandonou antes mesmo de nascer. O relacionamento da dupla e os acontecimentos providos pela estrada irão fazer destes personagens pessoas melhores, mas as adversidades serão muitas.

Como já mencionado na introdução, quase nada é inovador na película e a grande verdade é que esses Road Movies brasileiros parecem sair todos do mesmo lugar. Os cenários são sempre os mesmos, com lugares pobres e muito quentes. O protagonista sempre é alguém amargurado, barbudo, largado e solitário. A questão é que Breno Silveira soube, muito bem, se aproveitar desse universo e trabalhou de maneira muito interessante seus dois protagonistas. O aspecto de maior destaque é o fato da dupla ter interesses opostos. João não consegue conviver com o passado e busca um futuro de solidão. Duda, por sua vez, após o falecimento da mãe, segue em busca de seu pai para não encarar o mundo sozinho. 

Impossível assistir ao filme e não lembrar de outro grande sucesso nacional, Central do Brasil. A relação do caminhoneiro e o menino lembra demais a de Isadora (Fernanda Montenegro) e Josué (Vinícius de Oliveira). O começo é conturbado, mas aos poucos a vida vai mostrando aos personagens que juntos eles são melhores do que sozinhos e que ambos são capazes de trocar conhecimentos e vivências, que lhes farão seres humanos melhores. Outro quesito interessante sobre a dupla principal é que conhecemos deles só o suficiente para acompanharmos os acontecimentos da viagem na estrada e que permanecendo obscuros eles se tornam complexos e mais cativantes. Uma grande sacada da direção e do roteiro, que apresenta o personagem, mas só aquilo capaz de aguçar a curiosidade do espectador.

João Miguel, até então conhecido por viver Claudio Villas Boas em Xingu, comprova aqui seu talento e se mostra muito seguro no papel principal. O ator demonstra muito bem o sofrimento interior de seu personagem e norteia em seu olhar um vazio que só pode ser de alguém desgostoso de viver. Sem sombra de dúvidas um dos grandes achados do cinema nacional. Vinicius Nascimento, que já havia trabalhado em Ó Paí, Ó, é muito carismático e consegue acompanhar o ritmo da produção, porém peca um pouco em momentos que lhe é exigido um pouco mais de carga emotiva. Não que comprometa o talento do menino ou o que ele pode vir a ser quando mais velho e maduro, mas permanece a sensação de que algo poderia ter se saído melhor. Dira Paes (Gonzaga, De Pai para Filho), aparece pouco, mas está presente na cena mais tocante do filme, quando dança com o garoto a música "Você Foi" de Roberto Carlos. A atriz, que surgiu como comediante, cada dia mais ganha seu espaço no cenário nacional e já é o destaque feminino do momento. Ainda não foi uma protagonista, mas já está merecendo uma chance. 

Diante de uma história de sofrimento e redescobrimento é praticamente impossível que o espectador não se sinta emocionado. Além disso, as músicas da trilha sonora servem para enriquecer ainda mais os fatos e promove mais sentimento, sem parecer piegas, a quem assiste. Há algumas passagens que o narrador deixa de existir e a simples letra da música serve para descrever o momento do filme. Outra sacada legal são as famosas "frases de caminhão" que servem para chamar a atenção do espectador. Uma delas me marcou bastante: "Espere o Melhor, prepare-se para o pior e aceite o que vier". Não há melhor forma de mostrar a redenção de seus protagonistas, que passaram a entender que a vida pode não ser o que nós sonhamos, mas que podemos ser felizes nela.


Trailer do Filme:



FICHA TÉCNICA
Diretor: Breno Silveira
Elenco: João Miguel, Dira Paes, Vinicius Nascimento, Ludmila Rosa, Denise Weinberg, Ângelo Antônio
Produção: Breno Silveira, Lula Buarque de Hollanda
Roteiro: Patrícia Andrade
Fotografia: Lula Carvalho
Trilha Sonora: Roberto Carlos
Duração: 102 min.
Ano: 2010
País: Brasil
Gênero: Drama
Cor: Colorido
Distribuidora: Fox Film
Estúdio: Conspiração Filmes / Fox International Productions
Classificação: 14 anos

0 Comente Aqui! :

 
Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...