Resenha de Filme: Mama

7 de abril de 2013 22 Comente Aqui!

O trabalho conceitual do pôster que traz o nome de Guillermo Del Toro (O Labirinto do Fauno), como produtor, e da atriz Jessica Chastain (A Hora Mais Escura, O Abrigo, Histórias Cruzadas), como protagonista, são apenas chamarizes de público para o terror Mama. Não se engane que poderá encontrar algo diferenciado. O primeiro longa-metragem do inexperiente diretor argentino Andrés Muschietti, baseado no curta-metragem homônimo que realizou em 2008, é um apanhado de clichês gratuitos em uma história mais do que requentada. Apesar de não ser um produto propriamente hollywoodiano, é co-produzido pela Espanha e Canadá, Mama cai nas mesmas armadilhas que vem abatendo os recentes filmes de terror realizados nos EUA: apostar em sustos simplistas em detrimento a uma história mais bem elaborada. Logo se tem uma obra que pode entreter enquanto se está assistindo, mas é tão pobre de idéias (algumas até desafiam a inteligência do espectador em ligar os fatos), que se torna inevitável a imensa sensação de vazio ao final da sessão.

Mesmo com um mote principal contemporâneo, a direção de arte de Mama remete diretamente a do O Labirinto do Fauno, filme dirigido por Del Toro em 2006. Se a estética visual tem lá seu capricho, claramente influenciada pelo já citado Del Toro, o mesmo não pode ser dito do roteiro escrito a seis mãos (?). Os primeiros quinze minutos já denotam o desleixo do texto: um carro desgovernado derrapa, sai da pista em tom de acidente e, aparentemente, para não muito distante do local da frenagem. Do automóvel sai um pai descontrolado que acabou de assassinar a esposa com suas duas filhas pequenas a tira-colo. Caminhando pela floresta congelada que beira a estrada, encontram uma cabana abandonada logicamente habitada por um espírito ruim. Corta. Então a trama avança cinco anos, trazendo Lucas (Nicolaj Coster-Waldau, de Game of Thrones), irmão do sujeito, que continua em busca do paradeiro das meninas (o irmão não importa). Acreditem! O rapaz demorou benditos cinco anos para encontrar o veículo que caiu na beira da estrada! Convenhamos, é forçar muito a barra.

O tempo em que passaram na cabana, sendo criadas pelo espírito que chamam de “Mama”, fez as crianças adquirirem um comportamento selvagem, principalmente a mais nova, Lilly (Isabelle Nélisse). Agora resgatadas, elas passam a ser estudadas pelo Doutor Dreyfuss (Daniel Kash), médico enxerido de uma renomada instituição psiquiátrica. Enquanto isso as irmãs passam a viver com Lucas e sua namorada Annabel, interpretada por uma Jessica Chastain de cabelos curtos, negros e pagando de guitarrista de uma banda de rock. O tom de desconforto com a estranha presença das garotas é aparente pelo lado de Annabel, que só aceita a situação em consideração ao namorado. Nesse meio tempo, Lilly e sua irmã mais velha, Victoria (Megan Charpentier), vão apresentando evolução do estado bárbaro de outrora, mas continuam com o mesmo comportamento sinistro. Afinal, elas não se livrariam tão fácil da Mama. Em seguida vem o básico: sustos programados, paredes escurecidas, infestação de insetos, investigações em bibliotecas, tudo muito previsível.

Não bastasse tanto “lugar comum” em um filme de noventa e poucos minutos, a trama de Mama ainda resolve cair em contradição criando uma improvável relação maternal entre Annabel e as pimpolhas. A moça que praticamente odiava as meninas, de uma hora para outra passa a nutrir um amor imensurável pelas garotas. E sem muita cerimônia, o bonzinho Lucas é colocado para escanteio (até porque Jessica Chastain precisa trabalhar) e a problemática principal do filme se torna o embate entre a roqueira “gostosona” e o espírito do mal “problemático”. Entre tantas considerações negativas, se deve reconhecer que o desfecho de Mama, trabalhado com toques de melancolia e singeleza, guarda pontos positivos. O epílogo, provavelmente mexido por Del Toro, denota que se a estrutura toda fosse trabalhada com mais esmero, certamente o filme teria mais qualidade. Nesse jogo de gato e rato entre Annabel e a Mama, a trilha sonora ordinária faz seu “papel” em enunciar os sustos, que não são poucos. Artífices do gênero, geralmente climáticos, até funcionam em um primeiro momento, mas não demoram a perder sua graça e interesse. Afinal de contas, tudo que é demais enjoa.





Ficha Técnica:

Mama.

Direção: Andrés Muschietti.

Roteiro: Andrés Muschietti, Bárbara Muschietti, Neil Cross.

Ano: 2013.

Elenco: Jessica Chastain, Nikolaj Coster-Waldau, Megan Charpentier, Isabelle Nélisse, Daniel Kash. 

22 Comente Aqui! :

  • Anônimo disse...

    também achei o filme fraco, como foi comentado, os sustos são previsíveis, a história é ruim, sem contar que aparecem cenas no trailler que não passaram no filme. O final com a Mama se desfazendo do filho que procurava a anos também não fez sentido, se tinha o esprito maternal porque se desfez do filho? Achei que algumas coisas ficaram não ficaram esclarecidas.

  • Anônimo disse...

    discordo...achei o filme muito bom....ele faz o seu papel ou seja assusta! Gostei do desfecho final,era +obvio...ela tinha q ir cm MAMA...

  • Edson Santos disse...

    Acabei de ver o filme.
    Discordo totalmente da crítica, que ao meu ver foi muito pedante, como se o público de cinema tivesse que ser um erudito da sétima arte. Se não é uma obra-prima, está também anos-luz longe da sangueira desatada dos filmes de terror atuais, que prezam mais pelo sadismo visual em detrimento da história.
    Vale muito a pena o ingresso.

  • Unknown disse...

    Caro, Edson. Por favor, me diga em que momento da crítica eu posei de erudito. O texto é simples, mostrando as falhas do filme e enunciado seus problemas. Se você gostou do filme, que bom, o cinema é subjetivo e cada deve ter sua interpretação. No entanto, acusar gratuitamente o autor do texto de ser pedante é uma grande contradição. Aprenda a lidar com opiniões diferentes das suas.

  • Paty disse...

    Assisti o filme Mama ontem e ainda há cenas com Lilly que mexem comigo nesta tarde fria de Floripa... O filme, apesar de recorrer a clichês já exauridos em "The Ring" é muito bom. O personagem que leva o espectador a comprar o roteiro com situações inverossímeis na vida real (como levarem 5 anos para encontrá-las mesmo tendo sido percorridos dois trajetos aparentemente curtos, entre a casa dos Desanje e o acidente e entre o carro e a cabana Helvetia) é, sem dúvida, a atriz caçula que interpreta Lilly. Indicarei com pouquíssimas ressalvas. Patricia Goulart

  • Cassio disse...

    Muito boa a crítica, Celo. Concordo em grande parte com o que escreveu. O que ainda me chamou a atenção foi a inexistência de uma explicação - ou ao menos uma sugestão - do motivo do pai ter assassinado a esposa, os 2 sócios e querer matar as filhas. A tensão do início do filme fica completamente sem sentido quando se "esquecem" desta questão. Abs

  • Anônimo disse...

    Discordo totalmente de você também. O filme tem uma boa história, que é interessante, perto dos filmes de terror atuais, e bem construído ao longo do filme.

  • João P. Martins disse...

    Acabei de assistir, achei o filme muito bom.
    Reclamaram do final, do tempo pra acharem as garotas, dos finais, mas acho que tudo ficou bem dosado. Provalmente o pai matou a mãe e os outros dois executivos devido a uma traição conjugal. Parece que no audio de um jornal em algum momento é comentado isso.

    Vou assistir de novo pra conferir. Sobre o final, cliche seria ela pegar os restos do bebê e ir embora, como todo filme de terror americano, quis as novas filhas em mais um ato de egoismo dela, deixando bem claro como ela era desequilibrada.
    Não foram grande susto, mas muitas respirações prendidas, geladas de estomagos e arrepios (sim, senti 2 ou 3 arrepios, coisa que nunca tinha acontecido comigo, rs), Achei um dos melhores em muito tempo. Abraços à todos.

  • Hudson disse...

    Nada haver....
    Esse filme é muiiito louco... eu gostei de cada susto.... o melhor filme de suspense de 2013... batendo inclusive em A Morte do Demonio que vi hoje no cinema... ridiculo esse filme...

  • renatolordes disse...

    Quando chegou no trecho:"Pagando de guitarrista...".
    Poderias escrever melhor e não usar essa linguagem pós-moderna-ultra-hippe-mother....Deu para entender?
    Quer criticar,beleza...mas saiba ao menos o que escreve.

  • Unknown disse...

    Renatolordes, vc escreve seu nome junto e eu que tenho que aprender a escrever? A frase foi uma ironia, aprenda a interpretar um texto. Seu comentário que foi hipper - não sei o que. Sei muito bem o que escrevo, já não posso dizer o mesmo de você...

  • Tiago disse...

    Caramba! Posso até compreender seus argumentos, realmente você apontou eles e explicou o motivo de desgostar do filme. Mas não posso deixar de observar que você se mostrou sim, um pouco arrogante. Disse para aprenderem a lidar com opiniões diferentes e quando alguém expressou certo descontentamento com algum termo que você usou, foi logo atacando de maneira infantil. "vc escreve seu nome junto e eu que tenho que aprender a escrever?". Depois ainda disse que ela não sabe interpretar... Achei desnecessário, só da pessoa vir aqui, ler sua crítica e mostrar, mesmo que seja discordância com o que leu, já demonstra certo interesse. e até acaba enriquecendo o conjunto de quem vem visitar o blog e seria bom. ter mais abertura da sua parte, senso de humor, esportiva talvez. Quem vem aqui esculhambar o que vc escreve não está nem aí com quem lê e te interpreta, não são donas do pedaço, cabe a vc cuidar desse visual. Sei lá... Enfim... mas aqui não estaria fazendo juízo da sua crítica mas da sua personalidade e acho que isso não cabe a mim ... Eu gostei do filme. Gostei da forma como a maternidade foi abordada, achei sensível, tocante em algumas partes, acho que vc tem razão em todos os levantamentos que fez, mas, sei lá, achei tão bom que relevei todos eles, gostei mesmo do filme... Adoro quando a Lily e a Anabell estão no saguão, teve tanto sentimento na cena, ouve a descoberta de um afeto diferente, tanto da guria para com a mulher quanto ao contrário, os olhares, rs, achei emocionante aquele olhar de surpresa da gurizinha descobrindo um carinho novo, um sentimento diferente... e da mulher descobrindo o poder na ligação materna, o quanto isso ultrapassa o entendimento, vai além do desejo egoísta... é ancestral, é instintivo, ah... talvez eu não seja um ´bom crítico. E como dizem por aí, filme bom é aquele que a gente gosta. não é mesmo?
    Abraços... desculpe os erros ortográficos... pode ter certeza que não foram intencionais... Ah, e, alguém ai disse que a tempo não sentia arrepios, poxa, eu tbm... nunca senti um medo tão estranho como senti nesse filme... uma sensação horrorosa... arrepiei muito, não foi pelos sustos, foi, talvez pelo clichê bem trabalhado... funcionou direitinho.

  • Silvano Vianna disse...

    Nossa que comentariozão!!!
    Valeu a visita e as palavras Tiago.
    Eu também curti o filme bastante, sei que não é nenhuma obra prima, mas é um filme de terror que dá alguns sustos e tem um história um pouco diferente também.

    Venha nos visitar sempre que quiser e concordo contigo: filme é questão de gosto e isso cada um tem o seu. O agrada a cicracno não necessariamente agradará beltrano.

    Abraços!

  • Unknown disse...

    Tiago, eu lido bem com opiniões divergentes, até acho mais interessantes do que as que corroboram o texto. Entretanto, não tenho obrigação de ser legal ou bonzinho com quem entra atacando gratuitamente. Se foi educado, serei educado, se não foi, também não serei. A pior que coisa que existe é você ser político apenas para ter atenção ou ser aceitado. E eu não trabalho dessa forma, não sou lobbysta, isso me soa falso e prefiro desagradar do que agradar por um posicionamento que vai a contramão da minha personalidade.

  • Unknown disse...

    Ainda não assisti ao filme,mas gostei do anúncio,só acho que o autor do texto devia repensar nas respostas que deu aos comentários que teve,quem escreve uma crítica na internet tem que aceitar o fato de que muitas vezes sua crítica será criticada direito de respostas de outros telespectadores,o que me faz pensar que suas respostas ofensivas sao desnecessárias,críticas a textos são pra aceita-las quando construtivas,e por educação e respeito a opinião alheia,as que não servem simplesmente serem deixadas passar em branco,para que não pareça que não sabe lidar com críticas negativas aos seus textos.Quem lida co um espaço público não tem que fingir ser bonzinho,mas ao menos não ser rude de mais para nao espantar o seu público,se expuseram desagrado a forma como escreveu ou como escreveu.Muito menos ser falso,mas não e o que se fala,e.sim COMO se fala.Então deixo claro que só expus MINHA opinião,por favor não me ataque...rsrsrs brincadeira =) Um abraço e um beijo.Espero que meu comentário te sirva.

  • Unknown disse...

    Ah deixo a dica acabei de assistir "O segredo da Cabana" terrorzinho básico,e a história em só e uma "viagem" muuuito louca,mas para uma história fictícia... o filme faz sentido na sua história,com algumas falhas como todo bom.filme,mas faz.Ah e da pra sentir um medinho.Assiste e se puder dar sua opinião também Celo,nada como troca d opiniões =)

  • Silvano Vianna disse...

    Juliana - A personagem da Chastain achou que o reencontro de Mama com a sua filha morta seria o suficiente para ela abandonar a ideia de levar as duas irmãs com ele para o outro mundo. Infelizmente a mais nova (Lilly) já não conseguia se conectar com os humanos direito e terminou preferindo morrer e ficar com Mama. A mais velha ficou com seu tio Lucas e sua esposa Annabel.

 
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