Resenha de Filme: Oz: Mágico e Poderoso 3D (Oz: The Great and Powerful)

7 de março de 2013 1 Comente Aqui!

Se em outras épocas não tão distantes os filmes de fantasia eram esporádicos e quando lançados costumavam atrair atenção generalizada, se tornando um evento importante, de uns tempos para cá, assim como as produções baseadas em histórias de super-heróis, praticamente formam um gênero cinematográfico a parte. E como todos os gêneros, existem bons e maus exemplares. Não que essa última afirmação se enquadre no caso da bola da vez Oz: Mágico e Poderoso, porque o filme dirigido por Sam Raimi mesmo tendo suas evidentes fragilidades, o resultado final está mais para o positivo. Seguindo a opção de produções semelhantes, o filme deixa de lado a sua personagem principal do passado, Dorothy, para mirar na origem do antes misterioso Mágico de Oz (no filme, James Franco - Planeta dos Macacos: A Origem).

Como no nostálgico clássico de 1939 protagonizado por Judy GarlandOz: Mágico e Poderoso abre com uma vistosa fotografia em preto e branco. O nosso protagonista é apresentado como um Mágico de circo meio picareta e galanteador, sempre com uma caixa de música na manga para seduzir alguma mocinha. A partir do desfecho confuso de uma dessas suas paqueras, a história, de fato, inicia. Para fugir de um perseguidor furioso de ciúmes, o fanfarrão Oz entra em um balão, mas nessa fuga acaba sendo sugado por um violento tornado e indo parar na mítica terra que leva um nome semelhante ao seu. Resgatado pela então sonhadora Theodora (Mila Kunis - Ted), Oz descobre que há uma profecia local sobre um Mágico vindo do céu para libertar aquele mundo da tirania de uma Bruxa Má.

Existe uma preocupação evidente em ligar a trama de Oz: Mágico e Poderoso com fatos do longa-metragem antecessor, mas não que tais referências se tornem essenciais para assistir ao filme. As bruxas que anteriormente eram pouco aprofundados em detrimento a uma atenção maior em narrar a epopéia de Dorothy em voltar para casa, aqui ganham mais contornos. Sendo assim, somos logo apresentados a essas bruxas que junto a Oz formam a espinha dorsal do filme: a já citada Theodora (Mila Kunis), Evanora (Rachel Weisz) e Glinda (Michelle Williams - Sete Dias com Marilyn). Uma das problemáticas do roteiro, assinado pela dupla Mitchell Kapner (Meu Vizinho Mafioso) e David Lindsay-Abaire (Reencontrando a Felicidade), é descobrir qual das três mulheres é a Bruxa ditadora e maquiavélica que sobrepuja Oz ao seu bel prazer.

O outro mote, principal, de Oz: Mágico e Poderoso é fazer a profecia se cumprir, mas Oz não parece ter o mínimo tino para liderar uma rebelião, até pelo seu caráter que se aproxima mais da canalhice do que do altruísmo. No entanto, a sua motivação pode ser facilmente impulsionada por um polpudo agrado monetário. Se no Mágico de Oz a jovem Dorothy ganha auxilio do Leão, do Homem de Lata e do Espantalho para cumprir sua jornada, aqui, Oz se alia ao macaco alado Finley (Zach Braff usando processo semelhante ao do Smeagol de Andy Serkis) e a uma delicada boneca de porcelana construída com CG. Ambos os personagens fazem analogias a situações vividas por Oz com pessoas do “mundo real”, retratadas ainda no inicio do filme, assim trazendo mais uma característica equivalente ao já citado filme de 1939.

Até chegarmos à resolução da adversidade principal, libertar a Terra de Oz da tirania, a trama também mira nesse processo de transformação pessoal do protagonista. Entretanto, nada muito profundo, pois Oz: Mágico e Poderoso se despe de qualquer reflexão mais apurada que possa elucidar melancolia e tristeza, abraçando com força o humor e a aventura. Logo temos um filme em que a ação, invés dos diálogos, passa ser a mola propulsora para a narrativa. Apoiado em um massivo 3D, o filme ganha uma brusca aparência artificial de brinquedo de parque de diversões com suas descidas vertiginosas em rios, voos em bolhas de sabão enormes, entre outros artifícios para aumentar esse tipo de experiência sensorial. Contudo, apesar do show visual abstrair e divertir enquanto se está assistindo ao filme, não deixa de ser um artífice elaborado com afinco apenas para mascarar a fragilidade de um roteiro de soluções óbvias, corriqueiras e ordinárias.

Com relação à direção de Sam Raimi, não dá para afirmar com toda certeza que Oz: Mágico e Poderoso seja um filme totalmente seu, está mais para um filme com qualidades autorais da Disney, salvo a aparência de uma das bruxas que lembra muito a de Arrasta-me para o Inferno. Mesmo o filme procurando tirar sarro de algumas dessas características onipresentes nas fábulas produzidas pelo Estúdio, como debochar das canções “fofinhas”, não deixa de carregar nos elementos caros a Disney, como as lições de moral didáticas. Enfim, Oz: Mágico e Poderoso leva consigo toda uma gama de ingredientes para ser um potencial divertimento despretensioso para a toda a família, lotando salas de cinema e vendendo muita pipoca. No entanto, sua pegada francamente comercial, sem identidade própria, fará com que caia em pouco tempo no inevitável esquecimento.





Ficha Técnica:
Oz: Mágico e Poderoso (Oz the Great and Powerful).
Direção: Sam Raimi.
Roteiro: Mitchell Kapner, David Lindsay-Abaire.
Ano: 2013.
Elenco: James Franco, Mila Kunis, Rachel Weisz, Michelle Williams, Zach Braff, Bruce Campbell, Tony Cox, Joey King. 

1 Comente Aqui! :

  • Tiago Britto disse...

    Achei o filme interessante e fiel ao seu proposito. Considero que o defeito talve seja a longa diração e longo tempo de cena gasta com a construção de Oz. Essa parte exige paciência e não apresenta muita
    Aventura. Os efeitos visuais sao fantasticos... James Franco canastrão demais! Rs

 
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