Resenha de Filme: Dezesseis Luas (Beautiful Creatures)

4 de março de 2013 1 Comente Aqui!

Com certeza o diretor e roteirista Richard LaGravenese (A Década que Mudou o Cinema, Escritores da Liberdade) adora uma adaptação. Quando o assunto é adaptar obras literárias para o cinema, é com ele mesmo; vide seus últimos trabalhos: os muitos comentados Água Para Elefantes (2011) e P.S. Eu te Amo (2007). Não muito difícil de ser persuadido, os produtores de Hollywood convenceram LaGravenese a adaptar o primeiro livro da recente série infanto-juvenil Beautiful Creatures. A evidência de que franquias deste gênero é umas das que estão rendendo mais dinheiro ultimamente - como, por exemplo, a saga Crepúsculo - já é ciente por todos que acompanham o panorama cinematográfico atual. O perigo, então, de se realizar apenas um filme-produto, de conteúdo medíocre que abandona a arte e visa só o lucro, é muito grande.

Dezesseis Luas, como o primeiro volume e, consequentemente, filme ficaram traduzidos no Brasil, é escrito - assim como toda a série - por duas escritoras, Kami Garcia e Margaret Stohl. Se no meio literário a qualidade do romance mostrou-se duvidosa, recebendo duras críticas, a adaptação para o cinema foi realizada de maneira interessante, apesar de não inovar no gênero, com uma mistura e equilíbrio de fantasia e realidade agradável. Além das atuações, principalmente do elenco de apoio que seguram bem a história sem deixá-la desinteressante, encontra-se um romance de melodrama nada exagerado e sim que, apesar dos conflitos sobrenaturais, tenta buscar de forma positiva a verossimilhança.

O protagonista Ethan Wate (Alden Ehrenreich) é um estudante do ensino médio - típico bonitão popular - que mora na pequena cidade, fictícia e localizada na Carolina do Sul, Gatlin. Em narração em off, o garoto nos introduz Gatlin e, logo a torna também um dos personagens principais do filme, onde é constantemente citada e têm uma importante relevância histórica, logo que foi usada como campo de batalha na Guerra Civil americana. Tendo complicados problemas com o sono, Ethan vai à escola, num dia aparentemente normal, e em sua classe encontra a nova residente da cidade, Lena Duchannes (Alice Englert). Órfã, mora na casa dos Ravenwood, cujo tio Macon (Jeremy Irons) pode provocar certo medo pela sua aparência misteriosa. Na volta do colégio, Ethan a encontra, debaixo de chuva e ao lado de seu carro quebrado, e concede uma carona até a mansão, de aparência deveras assustadora, dos Ravenwood. Se abstendo do status de popular, o personagem de Ehrenreich vê algo de curioso em Lena - a renegada e impopular que lê Bukowski - e começa a se aproximar dela aos poucos (o que ela tenta impedir, pois a moça tem assuntos mais importantes a tratar na cidade).

Lena é uma conjuradora (espécie de bruxa, mas ela esclarece que não gosta de ser nomeada assim), e têm os dias contados (em sua mão direita) para ser escolhida para a luz ou para as trevas. No dia em que completar 16 anos, através de sua personalidade, a invocação determinará se ela será uma conjuradora boa ou má. Só que, no decorrer da história descobre-se uma maldição, originária da Guerra Civil, que a impede de ter relacionamentos amorosos. Mas o amor juvenil, puro e intenso, pega de surpresa Lena e Ethan, e os dois têm que lutar contra as tais dificuldades que os impedem de ficarem juntos.

A história de modo geral não foge dos clichês - o que não é algo negativo -, mas, felizmente, encontramos certo carisma e humor no casal protagonista, que não fica de "mimimi", para lá e para cá, chorando e se derramando pelos cantos. Jeremy Irons, Viola Davis e Emma Thompson dão conta do recado como coadjuvantes, além de Emmy Rossum (interpretando a priminha má de Lena) totalmente convincente, seduzindo e tentando todos ao seu redor. O que, de fato, incomoda são os diálogos que oscila entre o péssimo e o aceitável, alguns deixando possivelmente os espectadores com "vergonha alheia" por serem bem bregas. Entretanto se por um lado vemos uma competência técnica nos efeitos especiais, no outro vemos uma trilha sonora bastante simpática.

Algo que o próximo filme da franquia, se tiver, tem que definir é quem será o narrador da história. Em Dezesseis Luas até o segundo ato vemos Ethan narrar em off, e então no terceiro Lena toma sua posição - não compreendi muito bem essa troca. Mas, apesar disso, o filme entretêm - sem exageros! - e abarca boas referências da literatura norte-americana. Esperemos que as continuações da franquia, no mínimo, mantenha esse mesmo nível.


Trailer

Ficha técnica
Diretor: Richard LaGravenese
Roteirista: Richard LaGravenese
Elenco: Alden Ehrenreich, Alice Englert, Jeremy Irons, Viola Davis, Emma Thompson, Emmy Rossum, Thomas Mann e Margo Martindale
Produtores: Erwin Stoff, Molly Smith, Andrew A. Kosove e Broderick Johnson
Distribuidora: Paris Filmes

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