Em toda a sua carreira, que
começou nos anos 90, e aos moldes dos Coen
e do Farrelly, o diretor
norte-americano Allen Hughes fez
parceria com seu irmão Albert. Juntos
assinaram filmes interessantes como os Irmãos
Hughes, foi assim em Ambição em Alta Voltagem (1995),
Do Inferno (2001) e O Livro de Eli (2010), entre suas
realizações mais notáveis. Em seu primeiro trabalho solo, que atende no Brasil
pelo título genérico Linha de Ação, Allen Hughes, apoiado no eficiente roteiro do novato Brian Tucker, investe em uma trama hábil
e sólida que remonta características caras ao Film Noir para tratar de assuntos pertinentes a maioria das
sociedades capitalistas modernas: corrupção, intriga, traição e
assassinatos.
O enredo de tramóias de Linha
de Ação começa mostrando um fato que parece solto do todo, mas determinante
para marcar a personalidade dos personagens principais, e posteriormente se
mostrará importante para o desfecho da obra. Nessa primeira seqüência, que se
passa em um julgamento, conhecemos o nosso protagonista, o policial Billy
Taggart (Mark Wahlberg). Absolvido da
acusação de assassinato em uma troca de tiros, Billy se torna uma espécie de
“protegido” do então prefeito de NY, Hostetler (Russell Crowe). Na mesma cena também é apresentado o comissário
Carl Fairbanks (Jeff Wright). Personagens
distintos, os três são os alicerces que impulsionam a trama em um emaranhado
sórdido a ser decifrado.
Após essa apresentação inicial, a
narrativa de Linha de Ação salta sete anos, a priori trazendo a difícil
realidade de Billy, que mesmo inocentado no caso de assassinato, acaba expulso
da policia após o julgamento, e ganha a vida atuando como um investigador
particular. Ao estilo clássico das tramas Noir
dos anos 40 e 50, o detetive mantém seu escritório sempre com dificuldades financeiras
e tem como aliada Katy (Alona Tal),
uma secretária sempre disposta a ajudá-lo incondicionalmente. Entre uma
cobrança e outra a clientes devedores, Billy recebe uma ligação do ainda
prefeito Hostetler. O contato demanda uma investigação sobre uma possível
traição da esposa, e primeira-dama, Cathleen (Catherine Zeta-Jones). O polpudo e bem-vindo pagamento não faz o
homem indagar muito sobre o trabalho.
A averiguação sobre ao possível caso
amoroso escuso da primeira-dama se confunde com a corrida eleitoral pelo cargo
de prefeito de NY. Indicado a reeleição, Hostetler tem como oponente o
idealista Jack Valliant (Barry Pepper).
E por esses entremeios políticos ainda surge a figura do assessor de Valliant,
Paul Andrews (Kyle Chandler),
possível amante de Catheleen. Claro que o contexto não é tão previsível quanto
parece, existem problemáticas maiores que a traição conjugal, não convém contar
aqui, e que logo se tornará o cerne de Linha de Ação. Contudo, a trama não
se furta a ser simplista, dimensionando problemáticas especificas para o
protagonista, onde além de lidar com os caminhos perigosos de sua investigação,
precisa lidar com sua conturbada vida pessoal.
Nas problemáticas inerentes a
Billy residem algumas características que sempre apontam para o já citado clima
de Film Noir que paira em Linha
de Ação. O detetive namora a bela Natalie (Natalie Martinez), uma atriz de cinema em ascensão, mas não aceita
a condição sensual do papel dela no filme que está rodando durante a trama.
Ainda com problemas relativos ao alcoolismo e drogas, Billy carrega certo tom
derrotista. A atuação de Mark Wahlberg
por vezes beira o caricato, mas o ator, experiente em filmes policiais,
consegue contornar limitações dramáticas e construir um personagem crível,
ainda que determinado por alguns clichês. Em certo momento, Wahlberg parece não saber lidar com as
nuances de seu personagem e a descida ao fundo poço proposta pelo roteiro não
engrena com a devida propriedade. Entretanto não chega a complicar o filme como
um todo, que com sua montagem ágil, não abre espaço para se notar algumas
irregularidades.
Ficha Técnica:
Linha de Ação (Broken City).
Direção: Allen Hughes.
Roteiro: Brian Tucker.
Ano: 2013.
Elenco: Mark Wahlberg, Russell Crowe, Catherine
Zeta-Jones, Jeffrey Wright, Barry Pepper, Alona Tal, Natalie Martinez, Kyle
Chandler.
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