Resenha de Filme: Jack, O Caçador de Gigantes (Jack the Giant Slayer)

27 de março de 2013 0 Comente Aqui!

Percebe-se quando um gênero ou no caso aqui, subgênero, está mais do que saturado quando exemplares de características relativamente agradáveis, onde em outras épocas poderiam chamar bastante atenção, são recebidos com certa desconfiança e/ou desprezo. Essa primeira sentença pode ser atribuída ao infeliz caso da nova empreitada hollywoodiana no mundo dos contos de fadas, Jack, O Caçador de Gigantes, “re-imaginação” aventureira da clássica história do João e o Pé de Feijão. Nem de longe a obra dirigida pelo norte-americano Bryan Singer (X-Men 2) deve entrar na lista dos melhores filmes da temporada, mas também não merece figurar entre os piores. Apoiado em inúmeros clichês, situações recorrentes, tecnologia batida e direção de arte pouco inventiva, se pode dizer que mesmo com tantas ressalvas, facilmente estaciona em um meio termo do entretenimento despretensioso.

Ambientado na Idade Média e utilizando dos argumentos básicos do conto de qual se origina, Jack, O Caçador de Gigantes traz o nosso protagonista, Jack (Nicholas Hoult - Meu Namorado é Um Zumbi), como um rapaz carismático, meio ingênuo, afeiçoado aos livros e as antigas histórias que seu pai lhe contava quando ainda era criança, sobre os Gigantes que habitavam a Terra séculos atrás. Vistas pela população como apenas fábulas antigas, fantasiosas, essas histórias aludiam sobre uma população de grotescos colossos conquistadores que haviam sido subjugados por um destemido Rei humano que empunhava uma coroa mágica. Tal artefato encantado obrigou aqueles imensos seres se exilarem em um reino localizado nas nuvens e sem acesso direto a Terra. O caminho do jovem Jack começa a de ir encontro com esses antigos contos quando seu velho tio pede que vá a cidade para vender o único cavalo da fazenda que os resta.

Com evidentes problemas financeiros, a idéia de Jack é chegar à cidade e se desfazer do animal em troca de algumas moedas. Não esperava o rapaz que em uma parada de um show circense conheceria a Princesa Isabelle (Eleanor Tomlinson) e logo após um Monge o empurraria para a maior aventura da sua vida. Em paralelo, a trama de Jack, O Caçador de Gigantes também nos traz um complô sendo arquitetado contra o Rei Brahmwell (Ian McShane - Piratas do Caribe - Navegando em Águas Misteriosas). O mentor do plano é o cavaleiro conhecido como Roderick (Stanley Tucci). Visto como distinto, o articulador Roderick também se faz de pretendente à mão da Princesa, mas na verdade, ele almeja mesmo é encontrar os míticos feijões mágicos que podem fazer nascer imensas arvores que o levem até o lendário reino dos gigantes. E de posse da antiga coroa mágica, o conspirador cavaleiro pensa dominar o exercito de gigantes e usa-los para conquistar todos os reinos existentes.

No acidental encontro, o tal Monge passa os feijões para Jack, com a recomendação de nunca molha-los. Claro que uma providencial tempestade faz todo o trabalho “sujo”, ainda no mesmo dia em que a Princesa resolve fugir do castelo e, em um reino tão grande, para na casa do nosso herói. Forçada ironia do destino? Mesmo com um roteiro escrito a seis mãos, creio ser demais exigir profundidade de uma história tão minimalista e que em suma não deixa de ser voltada para o público infanto-juvenil. Para suprir tais necessidades de problemáticas interessantes, depois que nascem as imensas árvores, a trama faz a Princesa ser seqüestrada pelos gigantes. Agora um determinado Jack, aliado aos guardas do Rei liderados pelo personagem apagado de Ewan McGregor (O Impossível), e acompanhados ainda de Roderick, precisam se aventurar no reino das nuvens. Nessa difícil escalada, o diretor Bryan Singer aproveita para entreter o público com um 3D meio ordinário, mas que cumpre seu papel de causar suas vertigens.   

Como afirmei no inicio do texto, Jack, O Caçador de Gigantes é um filme que não incomoda tanto se visto sem muita expectativa. Para quem costuma acompanhar as recentes produções mainstream do recente cinema norte-americano, a sensação de déjà vu vai ser inevitável. Por exemplo, um dos gigantes detém duas cabeças, uma mais esperta e outra menos inteligente. Não chega a criar com propriedade um conflito de personalidade, até porque os “grandões” são muitas vezes mostrados como tolos, mas é difícil não lembrar do Sméagol de O Senhor dos Anéis. Enfim, típico produto conceitual, onde a imagem do pôster conta toda a história, é abstração escapista que rende alguns momentos de entretenimento, não que eles vão ser relevantes como cultura, mas podem render algumas horas agradáveis na companhia de amigos e familiares.



Ficha Técnica:

Jack, O Caçador de Gigantes (Jack the Giant Slayer).
Direção: Bryan Singer.
Roteiro: Christopher McQuarrie, Dan Studney, Darren Lemke.
Ano: 2013.
Elenco: Nicholas Hoult, Eleanor Tomlinson, Ewan McGregor, Stanley Tucci, Eddie Marsan, Ian McShane.

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