Espaço Aberto ao Leitor - Crítica Love

18 de fevereiro de 2013 0 Comente Aqui!


Por Raimundo Neto

Love é a estreia do jovem cineasta William Eubank, que atuou como desenhista de produção em comerciais de marcas como Honda e Adidas, e em filmes como As Loucuras de Dick e Jane e Superman o Retorno. Além disso, ele trabalhou como diretor de fotografia em diversas outras películas, sendo o seu último trabalho a direção de segunda unidade do filme Broken City. Em Love ele faz praticamente tudo, juntando todas essas funções em uma só produção.

Love é um filme de ficção científica que conta a história do astronauta Lee Miller, muito bem interpretado pelo Gunner Wright, que depois de perder contato com a terra, fica sozinho em órbita a bordo da estação espacial internacional. Com o passar do tempo e completamente sozinho, Miller luta para manter a sanidade mental e sua vida. No seu dia a dia claustrofóbico e solitário, ele acaba fazendo uma estranha descoberta dentro da nave.

Não é fácil fazer um filme de ficção científica com pouco dinheiro, mas com muito empenho, força de vontade e um bom roteiro, tudo é possível. O diretor utilizou o quintal de seus pais ao longo de nove meses para montar tudo de uma estação espacial e para recriar cenas da Guerra Civil, que vemos no decorrer do longa. Até luzes de natal e caixas de pizza foram usadas.

O início do filme é impressionante e surpreende pela qualidade. Um conjunto de imagens e diálogos filosóficos que invade a tela, durante aproximadamente 7 minutos. Nos preparando para entrar em um dos meus temas favoritos que o filme retrata: o isolamento e apresentando aquelas situações que causam solidão através do desespero, o tédio e delírio. É impossível não relacionar esse tema com outros filmes, como Lunar (Duncan Jones, 2009), ou Solaris (Tarkovsky, 1972) e, claro, a obra superior, divisor de águas na ficção científica, 2001: Uma Odisséia no Espaço do mestre Kubrick, onde Eubank realiza homenagens escancaradas a todo tempo.

Love é construído de forma enigmática, o que pode desagradar a muitos e o roteiro não consegue fugir dos clichês habituais, que esse tema sempre traz. O espectador fica intrigado quase todo momento, e sem saber se aquilo é real ou se não passa de uma complexa experiência, mas acredito que seja uma boa “brincadeira” aplicada pelo diretor para instigar nossos pensamentos.

Love consegue ter um estilo próprio e é brilhante, principalmente na qualidade de sua fotografia. As imagens são de tirar o fôlego, e há uma sequência em câmara lenta que é excepcional. William Eubank tem um grande talento e o dom de prender a atenção dos espectadores. Ele consegue um final de filme satisfatório e forte, desviando o olhar dos problemas de lógica deixados pelo roteiro

Embalado pela poderosa música do Angels & Airwaves, o filme explora a necessidade fundamental humana por conexão e o ilimitado poder da esperança. Se você gosta de ficção científica, Love é uma experiência interessante. Bonito, impactante, poético e evocativo. É um filme que mostra a audácia, a criatividade e o poder do cinema independente americano. 


Trailer do Filme:

Ficha Técnica:
ORIGINAL:
Love (2011)
TAGS:
astronauta, espaço, ficção científica, 
DIRETOR:
William Eubank
ROTEIRISTA:
William Eubank
TRILHA:
Angels & Airwaves

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