Undefeated foi indiciado e vencedor do Oscar de 2012, na categoria Melhor Documentário, o longa fez história quando deu a primeira estatueta para um diretor negro, T.J. Martin. Ainda assim o filme não ganhou as telas dos cinemas brasileiros e ao que tudo indica não vai ser lançado por aqui. Passou-se quase um ano desde a sua vitória e nenhuma distribuidora presente nas terras tupiniquins se prontificou a comprar os direitos desta bela e surpreendente obra. Por isso, somente no começo desse ano pude conferir o filme.
O documentário Undefeated é dirigido pela dupla Daniel Lindsay e T.J. Martin, eles se conheceram quando fizeram outro trabalho: Last Cup: Road to the World Series of Beer Pong (2008) dirigido por Lindsay e editado por Martin. Aqui eles que buscam retratar uma temporada da equipe colegial de futebol americano Manassas Tigers, sediada na cidade de Memphis. O time que tem mais de 110 anos de história nunca venceu um jogo de playoffs e passou anos sendo o saco de pancadas da região. O espectador então é apresentado a essa pequena escola que dispõe de pouco dinheiro para investir no esporte e que tem como desafio maior tentar afastar os jovens, da região, do universo de violência e miséria que os cercam.
O filme foca as suas câmeras essencialmente em quatro personagens distintos (e por vezes bem conhecidos do público que frequenta os cinemas) o técnico Courtney (fazendo o homem branco que procura ajudar e salvar os mais necessitados), Chavis (o garoto problemático que tem dificuldade de se relacionar com os outros), “Money” (o jovem esforçado e não tão talentoso) e O.C. (o jovem talento da equipe e que tem dificuldades nos estudos). Durante a nossa jornada vamos conhecendo um pouco mais sobre essas pessoas e percebemos o quanto muitas vezes a vida imita a arte. A sensação que tive em alguns momentos foi de estar assistindo a um reality show daqueles filmes de equipes de esporte, mas com personagens mais humanos. O resultado final da projeção é muito bom e em alguns momentos chegou a me comover, méritos principalmente da edição que foi bem feita.
Assim como muitas pessoas eu fiquei particularmente chocado quando Undefeated venceu o Oscar no ano passado, pois eu acreditava que o vencedor seria o extraordinário Paradise Lost 3: Purgatory. Depois de conferir Undefeated essa percepção melhorou um pouco, ainda que eu ache Paradise mais filme, já que é o resultado de uma investigação continuada e faz o espectador sair contagiado querendo mudar o sistema. Não querendo tirar os méritos de Undefeated mas durante a projeção o que passava na minha cabeça era: "Nossa como esses caras deram sorte escolhendo essa escola para filmar e fazer esse filme".
Tentando fazer uma analogia mais simples é como se Paradise Lost fosse um documentário atemporal, daqueles que mesmo daqui há muitos anos as pessoas vão poder assistir e pensar o quanto foi bem feito e impactante. Sensação essa que não temos em Undefeated que é até bem feito - simpático eu diria - mas não vai chacoalhar a cabeça de ninguém. Nem por isso é uma obra que deve ser desprezada, mas fica a impressão (pelo menos na minha percepção) que o prêmio da academia foi um exagero.
FICHA TÉCNICA
Diretor: Daniel Lindsay, T.J. Martin
Produção: Ed Cunningham, Seth Gordon, Daniel Lindsay, Rich Middlemas, Glen Zipper
Fotografia: Daniel Lindsay, T.J. Martin
Trilha Sonora: Michael Brook, Daniel McMahon, Miles Nielsen
Duração: 113 min.
Ano: 2011
País: EUA
Gênero: Documentário
Cor: Colorido
Distribuidora: Não definida
Estúdio: Five Smooth Stones Productions / Level 22 Productions / Spitfire Pictures / Zipper Bros Films
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