Resenha de Filme: Psicose (Psycho)

4 de fevereiro de 2013 1 Comente Aqui!

Apesar da produção Hitchcock, protagonizada por Anthony Hopkins, não ter atingido a minha expectativa, posso dizer tranquilamente que ela me serviu como fator motivador para assistir o longa Psicose. Para realizar o filme, o diretor enfrentou enormes problemas e precisou encarar todos aqueles, que faziam questão de lhe dizer que a trama era fraca e não renderia um bom filme. Se sentindo desafiado, Alfred Hitchcock, então, hipotecou sua casa, comprou todos os exemplares do livro, homônimo, de Robert Bloch, para que ninguém soubesse o final da história e decidiu que iria encarar todas as adversidades, produzindo a obra independentemente.

O começo de Psicose envolve a secretária Marion, que rouba 40 mil dólares na imobiliária onde trabalha para viver a vida com seu amante. Depois de muitas horas de estrada, ela vai parar no, decadente, Motel Bates e lá conhece Norman Bates, um rapaz simpático, que trabalha como recepcionista e vive com sua mãe, que está muito doente. Durante a noite, Marion é brutalmente esfaqueada enquanto toma banho. Do ato insperado se inicia uma busca pelo dinheiro roubado e pela jovem, que sumiu sem dar notícias á sua família.

Todos os cinéfilos do mundo devem agradecer a personalidade forte e a "teimosia" de Hitchcock, pois este é um dos maiores filmes de todos os tempos.  O roteiro, de Joseph Stefano, não nos deixa arriscar de imediato quem será de fato o vilão ou o que está acontecendo. Outro ponto positivo é que todos os personagens apresentados são essenciais para o desenvolvimento da história, pois em algum momento, seja no começo ou no fim eles terão sua parcela de relevância. O exemplo disso é a presença do delegado da cidade, que pouco aparece, mas serve para colocar uma pulga atrás da orelha de quem esta assistindo e para aprofundar ainda mais a tensão psicológica de um dos personagens protagonistas. O longa não apresenta exageros e não nos propõe a grande ação. Tudo está focado nos belos diálogos ou nas emoções dos personagens. 

O diretor, mestre do suspense, consegue controlar o medo de seu espectador de maneira formidável, pois mesmo sem saber exatamente qual é o grande perigo da trama, este segue assustado querendo uma breve solução do caso. Durante as filmagens, Hitchcock esteve sob a ameaça de Psicose não ter permissão para estrear em solo americano. Uma das cenas mais visadas pela censura era a do clássico assassinato no chuveiro. Exigiram que não tivesse nudismo e muito menos violência extrema. Dessa dificuldade, o mestre nos brindou com um dos momentos mais memoráveis da história da sétima arte. A montagem do momento ficou perfeita, garantindo ritmo aos cortes dados pelo diretor, principalmente pelo fatos destes estarem de acordo com cada facada desferida pelo assassino. Tudo isso sem falar na música, de Bernard Herrmann, que acompanha todo o momento. 

Os atores, também, são grandes responsáveis pela enorme qualidade de Psicose. Alfred Hitchcock nos brinda com uma direção de elenco maravilhosa e conduziu como pouco seus personagens. O diretor pensava em cada detalhe e cada expressão necessária para que o impacto certo fosse causado.  Anthony Perkins está formidável no papel de Norman Bates ao ponto de, por mais que se trate de uma figura estranha, fazer o espectador entender suas razões. Seu cinismo é clássico e arrebatador. Janet Leigh convence demais como Marion e consegue fazer as emoções transcenderem a tela. Ficamos tão preocupados e psicóticos quanto seu personagem, que é ciente de cometer um crime e se sente a todo momento ameaçado. 

Já comentei sobre a música de Bernard Herrmann e complemento dizendo que a trilha sonora completa é fundamental para a garantia do suspense da obra. A música se encaixa perfeitamente com os acontecimentos e aguçam a curiosidade e o medo em quem os assiste. A fotografia, em preto e braco por opção do diretor, se torna muito rica e garante um universo muito mais amedrontador. Outra intenção é usar o preto e branco em Psicose foi para que a obra não fosse tão sangrenta, o que estava sendo muito visado e um problema para distribuição.

Psicose foi realizado com 800.000 dólares, o que até mesmo para a época era pouco investimento. O que podemos entender com isso ai? Que o talento e a qualidade não precisam de grandes orçamentos para marcar a história. Recentemente Gus Van Sant, por exemplo, fez um remake, em mais um daqueles atos ridículos de Hollywood em refazer sucessos do passado, e mesmo com muito dinheiro para investir, realizou uma obra que não chegou aos pés do original.

Uma notícia triste é que, mesmo sendo ovacionado, Psicose passou em branco no Oscar daquele ano. Hitchcock nunca foi um diretor com muito prestígio na Academia e nunca ganhou sequer uma estatueta. Uma pena imensa para a história do cinema, mas isso pouco importa quando afirmamos que o longa é um dos melhores filmes de todos os tempos.



Trailer do Filme:


Ficha Técnica:
Diretor: Alfred Hitchcock
Elenco: Anthony Perkins, Vera Miles, John Gavin, Janet Leigh, Martin Balsam, John McIntire, Simon Oakland, Frank Albertson, Patricia Hitchcock, Vaughn Taylor, Lurene Tuttle, John Anderson, Mort Mills
Produção: Alfred Hitchcock
Roteiro: Joseph Stefano
Fotografia: John L. Russell
Trilha Sonora: Bernard Herrmann
Duração: 109 min.
Ano: 1960
País: EUA
Gênero: Suspense
Cor: Preto e Branco
Distribuidora: Paramount Pictures Brasil
Estúdio: Shamley Productions

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