O veterano diretor inglês Stephen Frears é mesmo um realizador de
altos e baixos. Na sua extensa filmografia, assim como constam filmes ótimos
como Ligações Perigosas (1988), Os Imorais (1990) e A Rainha (2006), também existem realizações realmente esquecíveis,
dentre algumas cito brevemente Herói por
Acidente (1992) e Sra. Henderson
Apresenta (2005). Não que essas últimas produções possam ser definidas como
péssimas, mas a pegada repleta de clichês, pouco inspirada, faz com que o
público não demore a apagar da memória tais filmes. E esse é o mesmo caso de
seu mais recente trabalho, a comédia de aventura O Dobro ou Nada.
Protagonizado por uma desinibida Rebecca
Hall e um Bruce Willis bem à
vontade, a obra consegue manter o público em uma “zona de conforto” divertida
enquanto se está assistindo, mas não escapa de deixar aquela imensa sensação de
vazio no espectador quando a sessão termina.
A trama de O Dobro ou Nada é baseada
em relatos verídicos da vida da ex-stripper, ex-agenciadora de apostas e agora
escritora Beth Raymer. No filme, Beth é interpretada por Rebecca Hall. Egressa de uma cidade pequena, onde ganhava a vida
tirando a roupa, Beth decide se aventurar na “Meca” das apostas: a cidade de Las Vegas. A intenção inicial era ser
uma “garçonete de luxo”, mas o destino não tarda a colocá-la no caminho de Dink
(Bruce Willis). Apostador astuto,
Dink é dono de uma empresa de apostas, algo permitido em Las Vegas , e logo Beth
passa a ser sua empregada. Apesar de atrapalhada, a moça tem habilidade com
números, mas o verdadeiro motivo por qual Dink se afeiçoa a Beth é bem simples:
ela traz sorte para ele. Nessa maré de sorte inicial, a dupla de protagonistas
desenvolve um relacionamento platônico. Ora romântico ora fraternal, o convívio
somente é interrompido e ganha novos contornos quando a esposa de Dink, a
megera Tulip (Catherine Zeta-Jones),
retorna das férias em um cruzeiro.
Antes mesmo de entrar na
história, Tulip é dimensionada pelos próximos a Dink como uma esposa
excessivamente ciumenta, além de parecer carregar um estigma de trazer azar
para o marido. O seu iminente retorno faz com que Dink entre em uma maré de
perdas sucessivas, alterando seu humor e o panorama do relacionamento dele com
Beth. Aqui, tem inicio o ponto de virada de O Dobro ou Nada, onde os conflitos
entre os personagens vão impulsionar a narrativa até o seu desfecho, entrando
ainda na história o jornalista Jeremy (Joshua
Jackson) e um agenciador de NY, o picareta Rosie (Vince Vaughn). Apesar de flertar com o submundo das apostas, a
contextualização de Frears, a partir
do roteiro adaptado por D. V. DeVincents
- roteirista de Alta Fidelidade
(2000) – nunca se torna algo sério. O clima leve evidencia que a proposta da
obra é tratar dos embates entre os personagens e não das problemáticas que
giram em torno das situações limites por qual passam.
Ficha Técnica:
O Dobro ou Nada (Lay the
Favorite).
Direção: Stephen Frears.
Roteiro: D. V. DeVincents.
Ano: 2012.
Elenco: Rebecca Hall, Bruce Willis, Catherine
Zeta-Jones, Vince Vaughn, Joshua Jackson.
1 Comente Aqui! :
A carreira de Frears é repleta de bons filmes, mas ao que parece este novo trabalho não é dos melhores.
Ainda não assisti para analisar.
Abraço
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