Desde sempre tenho um apreço por produções fictícias, com fantasia, magia ou com características medievais. Há alguns anos, eu estava à procura de uma série com essas especificidades, principalmente após o fim, precoce, de “The Legend of the Seeker”. Foi que soube de “Merlin”. Salvo engano, quando comecei a assistir a série, ela estava próxima do fim da primeira temporada e mantinha um índice acima da média, mesmo com divergentes ditos a seu respeito. Vi três episódios e, sinceramente, não conseguia entender como tanta gente estava acompanhando a série, todavia arrumei forças do além pra terminar a primeira temporada e deixar a minha opinião sobre ela registrada.
Primeiramente quero deixar claro que não estou aqui para contar a verídica história do suposto mago. Pra mim, o livro que conta melhor a lenda é a coleção “As brumas de Avalon” de Marion Z. Bradley, mas existem outros tantos livros que contam a história de Merlin de outras formas. Pois bem... É sabido que toda história tem várias versões e vai depender do seu gosto e da sua interpretação para definir qual o conto que você vai acreditar, mas sei que parte dessa lenda é comum para todos. Todos sabem que Merlin tinha uma íntima relação com o Rei Arthur, talvez seu maior conselheiro e que ambos conviveram em Camelot. Acredito que isto seja comum para todos! Os outros embustes, como ditos anteriormente, ficam a critério de cada um.
É a partir disso que começo a minha crítica. Como fazer uma adaptação de uma história que contém diversas versões? Creio eu que seja mais fácil do que adaptar uma única obra, com uma única história pela pluralidade de recursos que tem e que pode ser filtrado para um melhor resultado. Isso não acontece em Merlin. Mas não acontece mesmo! E a negativa é de tamanha redundância que daria pra eu ficar repetindo aqui durante o dia inteiro que a série não empolga e não é boa.
Nos primeiros episódios você já reconhece quase todos os personagens da lendária história. O imenso problema é que a BBC, juntamente com a Disney, distorceram demais a personalidade cada personagem a ponto de ser indignante! Então vejamos. Existem várias versões de Merlin como eu havia dito, certo? Certo. E cada um acredita na que melhor lhe convir, ok? Ok. Imagine você leitor, apaixonado pela lenda, dar de cara com uma ousada série que destrói completamente TUDO do que você já leu ou soube por algum amigo a respeito de Merlin, do Rei Arthur, de Morgana, de Guinevere, de Uther, etc, etc, etc.? Problema é que eu nem posso fazer spoiler, porque meu papel aqui é apenas criticar a série e dar minha nota, mas, como não posso me exceder nos meus ditos, vai aqui minha primeira e maior crítica: não assistam essa série se vocês estão pensando que vão reviver alguma coisa que vocês já souberam sobre algum desses personagens.
Esqueçam! Não assistam! Vou só dar um gostinho da confusão que eles fizeram. Uther, pai de Arthur, em quase todas as histórias, morre muito antes do seu filho se tornar criança. Na série, Uther está muito vivo e Arthur, já quase adulto, é o seu “vassalo”. E pasmem, Uther odeia magia, e cria diretrizes em Camelot para que todos que são adeptos a magia sejam expulsos do reino, mas Merlin, não é expulso porque consegue esconder seu dom graças a Gaius, o curandeiro do reino. O início ta confuso? Mas é isso ai mesmo. Também é dito no inicio da temporada que Uther mandou matar todos os dragões, contudo Merlin descobre que o rei prendeu um dos dragões (seres míticos dotados de magia, segundo a série) debaixo de Camelot e é com o dragão que Merlin aprende quase tudo sobre magia. Pequeno detalhe, o dragão fala!
Isso não é nada! Assustadoramente, Guinevere é uma camponesa! Morgana, importantíssima nas velhas histórias, é apenas uma meia-irmã de Arthur que vive tendo pesadelos sem o menor sentido. Lancelot, um dos personagens mais importantes de toda a lenda, só aparece em um episódio do seriado e tem papel irrisório. E como Merlin se aproxima de Arthur? Bem, Merlin salva Arthur e, como recompensa, ganha o posto de servo pessoal dele. Eu vou parar por aqui. E não tem mais história? Nada? Não, não tem. A primeira temporada é isso aí. Merlin conversa bastante com o dragão sobre magia, Uther fala um monte de besteiras e Arthur passa a temporada inteira sendo salvo por Merlin. Só isso! Emoções? Necas.
No mais, o elenco é muito fraco! O ator de Merlin (Colin Morgan) é muito amador. Até então eu pensava que Daniel Radcliffe (Harry Potter) era o ator que tinha destruído minha adolescência, mas esse dito cujo rapaz que interpretou Merlin, fez de Radcliffe um excelente ator. Ademais, a série peca demais nos efeitos especiais. Camelot vista de cima parece uma maquete mal feita, com o verde da floresta ao redor sem vida, umas criaturas que aparecem na série que parece que a série foi feita na década de 80. O dragão, personagem bem assíduo na série, é, também, muito mal feito. Enfim, os quesitos técnicos, são os outros pontos negativíssimos da série.
Sinceramente, não sei como a série sobreviveu durante cinco temporadas desse jeito. Fico indignado em saber como séries boas do mesmo gênero, como “Heroes” e “The Legend of the Seeker”, não tiveram continuação/final enquanto “Merlin” conseguiu chegar até o final. Meu conselho para os que gostam da lenda é que não assistam essa série. Se quiserem assistir alguma adaptação do ramo vejam o filme “As brumas de Avalon” que faz alusão a coleção que mencionei no texto. Em suma, não vi absolutamente nada de atrativo na série e não a recomendo.
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