Resenha de Seriado: Homeland - 2ª Temporada

20 de fevereiro de 2013 1 Comente Aqui!


Se afastando ainda mais daquela primeira premissa maniqueísta e patriótica, Homeland, desde o season finale da primeira temporada comprova que sua trama é muito mais espessa do que qualquer espectador pudesse imaginar. Aliada com um excelente elenco e roteiro, ficou mais do que justificável e merecido todos os prêmios até então recebidos pela série.

A personalidade de Carrie é a bola da vez no início da segunda temporada. Depois de ter cometido um suposto grave erro e de ter sido demitida da CIA, a agente agora tenta se recuperar da sua doença psicológica e conviver com a falta de seu vício, o seu trabalho e, especificamente a busca por Abu Nazir. Do outro lado, Brody agora é congressista e, juntamente com Walden, planejam lançar a sua candidatura pra vice-presidente nas próximas eleições. Nessa fase introdutória da season o que mais impressiona são, sem dúvidas, as boas atuações. Quem iria imaginar que Claire Danes fosse atuar tão bem em um papel tão complicado? Acho que finalmente ela encontrou o gênero para trabalhar e merece todo o respaldo pelas interpretações que tem feito durante a série e é graças a esse e outros adjetivos que o seriado não deixa de ser ruim nem na fase introdutória.

Se esse início de temporada é abarrotado de cenas com uma Carrie apática, ainda se recuperando, ou da politicagem do então atual congressista, não se preocupem. O nível de indignação é tão elevado que te faz querer assistir o próximo episódio para saber até quando isso vai ser sustentado, é uma conversão de repulsa para curiosidade pela excelente qualidade do roteiro e das cenas.

O desafio, pra mim, estaria por vir. Desde o fim da primeira temporada e do acometimento da trama com Carrie em relação a seu afastamento da CIA, imaginei que seria de uma dificuldade imensa em recompor a personagem na história. Cheguei até a imaginar que ela só agiria por fora. Engano meu. Senti-me até meio parvo com a simplicidade que eles reintegram a agente, tendo em vista que a apologia do entrame foi de extrema simplicidade e bem convincente depois que efetivamente aconteceu.

A maior novidade é a inserção do personagem Peter Quinn, interpretado por Rupert Friend, que, para muitos, talvez tenha sido o momento “previsível” da série, isto porque a sua entrada brusca para ocupar o lugar e o trabalho de Carrie na CIA, feita por Estes, soava ser bem estranha até mesmo para os próprios personagens. A questão é acreditar ou não acreditar nessa suposta previsibilidade, que de fato foi majoritária, quando o assunto é Homeland. No decorrer da temporada a série logo trata de tentar te convencer de que Quinn é mesmo um agente da CIA, principalmente, no bem executado episódio que retrata o ataque a Gettysburg. No entanto, quando você pensa que já está convencido sobre alguma coisa na série, eis que os roteiristas aprontam mais uma reviravolta. É impressionante a capacidade que eles têm de criar várias situações específicas de cada personagem e ainda conseguir conectá-las. Mais um ponto para a série, fazendo jus a sua demasiada adjetivação.

Chegando ao ponto que não chega seja a ser negativo, mas criticável, é o rumo que alguns personagens tomaram na segunda temporada. Obviamente que em uma série não dá para criar objetivos supra para todos os caracteres da trama e é por isso que estes são chamados de coadjuvantes. Contudo, muitos deles se perderam e se tornaram até meio que chatos. Dana é um bom exemplo disso. Seu relacionamento com Finn Walden parece ter algum sentido no início, mas depois se torna algo clichê e já muito conhecido pela sociedade. Ademais, o que se vê de Dana é só um excessivo drama e conversas desnecessárias. Saul oscila entre momentos ápice e outros que, pra mim, são descartáveis, mas seu papel foi e será importante e isso ficou bem claro na season finale.

A série ainda continua sendo excelente. As reviravoltas surpreendem, os novos personagens sustentam a boa fama do elenco trazido na primeira temporada, mas o rumo que a série vai tomar na terceira temporada me preocupada um pouco. O fim da primeira temporada foi intrigante e puramente racional. Já na season finale desta temporada, apesar de ainda manter o inesperado, a saída dos roteiristas é um resultado tanto quanto sentimental. É evidente e completamente concebível que até mesmo agentes da CIA, fuzileiros, soldados, tenham lá seu lado emotivo, mas a questão é que o fim da temporada inclinou pra uma comoção esquisita com uma sucessão de acontecimentos ainda improváveis, mas sem a inteligência que a série trazia, característica marcante de uma série em declínio. Mas, pela quantidade de créditos que o seriado tem, eu ainda espero pelo inesperado e quero que a terceira temporada esqueça esse sentimentalismo enfadonho e permaneça com a mesma qualidade que vem apresentando.



 
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