Resenha de Filme: Duro de Matar: Um Bom Dia Para Morrer (A Good Day to Die Hard)

21 de fevereiro de 2013 0 Comente Aqui!

Antes de assistir a Duro de Matar: Um Bom Dia Para Morrer, eu só havia conferido um filme do diretor John Moore: o fraquíssimo Max Payne (2008). Baseado em um dos games mais queridos da década passada, o filme anterior de Moore, com um roteiro precário, não encontrou uma narrativa satisfatória, sendo assim, apenas um passatempo com boas cenas de ação. Já neste quinto filme da franquia, o diretor adentra num universo que, por natureza, não se precisa explicar muita coisa, onde a ação inverossímil e uma história simples são o necessário. É claro que, depois de quatro filmes, é evidente também a exploração da fórmula criada no primeiro filme, Duro de Matar (1988), dirigido por John McTiernan (responsável também pela direção do terceiro).

Por mais que as histórias sejam simples em todos os filmes da franquia, sempre há algo que nos chama para dentro da trama. Por exemplo, em Duro de Matar 4.0 (2007) o tema dos hackers (bastante presente no mundo atual) foi muito interessante, ou então até mesmo no próprio Duro de Matar, que lá na década de 80 já discutia nas entrelinhas, e de modo inteligente, a tecnologia. Ou seja, a ação exacerbada sempre veio acompanhada de uma história, por mais simples que seja, interessante. Aqui em Duro de Matar: Um Bom Dia Para Morrer, o retorno de John McClane e suas aventuras não têm uma história que nos envolva e nem personagens carismáticos, a exceção do protagonista (interpretado a mais de duas décadas pelo Bruce Willis).

Nesta nova empreitada, o veterano policial de Nova York recebe a informação de que seu filho foi preso e está numa tremenda enrascada em Moscou. Sem nenhuma autoridade na Rússia, John McClane tira umas "férias" para resolver o "problema" de Jack (Jai Courtney). O que McClane não esperava é que seu filho estivesse envolvido num esquema da CIA para adquirir um dossiê que colocaria na cadeia o vilão russo Chagarin (Sergei Kolesnikov), responsável por ter negócios ilegais de produtos radioativos na época em que Chernobyl (Ucrânia) não era uma "cidade fantasma". O roteiro, de Skip Woods (Esquadrão Classe A) e coescrito pelo Jason Keller (Espelho, Espelho Meu), repete a difícil relação pai-filho - visto em Duro de Matar 4.0 com a filha de McClane - e a explora de modo superficial.

A premissa, que pode até ser interessante, não faz jus, infelizmente, ao desenrolar da história. É uma característica marcante em todos os filmes da franquia que, sempre no começo (e isso me parece óbvio), não existir, ainda, tiros e explosões. Uma parte da narrativa é guardada para expor o tema e seus personagens de maneira que os desenvolva e os evolua de forma orgânica e natural - o que faz a verossimilhança dos personagens, um dos fatores do sucesso da fórmula criada no primeiro filme. O contrário do que ocorre em Duro de Matar: Um Bom Dia Para Morrer, no qual seu início, num frenesi sem tamanho - devido à montagem ágil com cortes rápidos -, pode enganar pela rapidez expondo a problemática de modo falho e desinteressante.

A direção de John Moore às vezes parece insegura, no sentido de ele não conseguir capturar de maneira precisa a ação acontecida. Takes rápidos no primeiro ato, por exemplo, não mostram um sentido para o que o diretor tenta retratar - é como se ele se perdesse ao meio de toda aquela ação incessante - e isso transmite a sensação dele estar forçando aquela cena "goela abaixo" do espectador. Porém deve-se constatar que, apesar de alguns zooms e desfoques incômodos, é uma ação, além de trabalhosa, bastante grandiosa. Principalmente a do terceiro ato que, se vista em salas IMAX, aumenta sua dimensão devido a sua tela maior do que o convencional e o som mais perceptível - ambos tornam a experiência mais impactante e imersiva.

O uso da trilha sonora por sua vez é um ponto curioso do filme, a qual se faz presente de modo correto e sem exageros. A maquiagem, muitas vezes dessintonizada com a história, deixa um pouco a desejar. Já o trabalho de atores é razoável: Willis sempre carismático fica com toda a responsa da dupla pai-filho, logo que Courtney, o típico ator fortão, não se encarrega de mostrar vontade e vibração em sua atuação, permanecendo apenas morna. Um ponto positivo que posso ressaltar na relação dos dois seria a dicotomia de personalidades, onde um é super imprevisível e o outro planeja tudo nos mínimos detalhes (acredito que não preciso falar quem é quem). E completando, no extenso elenco de apoio encontramos atuações precisas, a destaque de Sebastian Koch (A Vida dos Outros), fazendo o russo informante da CIA, Viktor Komarov, personagem que rende reviravoltas previsíveis.

Definindo cinema como a junção de arte mais indústria, pode-se dizer que Duro de Matar: Um Bom Dia Para Morrer cumpre parte desse papel. O sucesso do filme nos EUA já comprova isso e, com certeza, levará muitas pessoas às salas de cinema aqui no Brasil. Mas vale afirmar que este é o mais curto e pior filme da ótima franquia.


Trailer

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