Divagando por temáticas como
livre arbítrio, esperança, destino e, principalmente, amor, essa é A
Viagem, a obra cinematográfica mais recente dos irmãos Andy e Lana Wachowski, em parceria com o diretor alemão Tom Tykwer, e baseada na novela
literária do escritor inglês David
Mitchell. Como a composição ficcional Cloud
Atlas, que intitula originalmente o filme, o trabalho dos três diretores
procura ser uma imensa sinfonia de sons, imagens e sentimentos. Se por um lado,
nem sempre acertam no tom, com algumas das múltiplas tramas sobressaindo mais
do que outras, por outro, a montagem bem elaborada cria uma obra razoavelmente
coesa, fluida e agradável de ser assistida nas suas quase três horas de
execução. Assim como em Matrix (1999),
obra máxima da dupla de irmãos diretores, A
Viagem tem suas camadas, talvez imperceptíveis em um primeiro momento, mas
lidando bem com a subjetividade, certamente renderá variadas interpretações.
A trama começa com um dos
diversos personagens protagonizados por um inspirado Tom Hanks, um ancião, ensaiando contar uma história. Ainda não
sabemos sua origem, nem a época em que vive, contudo, seu rosto marcado por
tatuagens tribais e cicatrizes, indica um sujeito grosseiro, contrastando com
sua aparente sabedoria. Ele diz: “Coelhos chiam e o vento corta os ossos. Um
vento assim... Repleto de vozes... Os ancestrais gritando para nós...”. De
pronto, um corte rápido nós coloca em uma cena no século XIX, logo depois,
avançamos até a década de 70, para depois retroceder quarenta anos e em seguida
avançar mais trezentos anos na frente, para posteriormente voltarmos ao nosso
tempo atual. Parecem sub-tramas soltas, ausentes de semelhança, entretanto, não
são. Apesar de separadas por décadas, séculos, se interligam e formam uma trama
maior, uníssona em suas sensações e aspirações.
No século XIX, um jovem advogado,
vivido por Jim Sturges, embarca em uma
jornada reveladora que o levará a ver a vida por outro viés, longe do comodismo
de uma vida burguesa e assim aspirar um mundo melhor. Enquanto isso, uma
repórter interpretada por Halle Berry
arrisca a vida em uma investigação que também pode salvar o mundo. Em outra
situação, um jovem músico (Ben Wishaw)
procura a sinfonia perfeita, aquela que pode transformar para sempre a vida das
pessoas. No futuro distante, uma jovem automatizada (a sul-coreana Doona Bae) por uma sociedade “perfeita”
tenta transgredir as normas e provar o quanto errônea é a forma como coexistem.
Alguns séculos mais tarde, em uma situação apocalíptica, o ser humano luta por
sua sobrevivência, já que salvar o mundo não é mais uma opção. Com apenas essas
citações da ampla gama de histórias de A Viagem, pode-se notar a conexão
que une espíritos e almas através de tantas eras.
A certa altura, em um momento
simbólico para o filme, a jornalista de Halle
Berry fala para um personagem menor: “Eu já ouvi essa música em algum
lugar”. O Rapaz, cético, responde: “Não tem como, existem pouquíssimas cópias
dela na América”. No entanto, ela de fato já ouviu. É a canção que rege os destinos,
permeando com agrura e brandura, felicidade e tristeza, angustia e certeza os
momentos da nossa existência. Nessa linha de raciocínio que segue o roteiro
escrito pelos três diretores, o protagonista é a vida, que nunca morre, sendo
perpetuada e transferida de ser para ser. Em uma existência você pode ser um
médico assassino, em outra um escritor frustrado, em mais uma, um editor de
livros estressado ou em outra, uma pessoa geneticamente programada para
trabalhar em prol de uma sociedade distópica. Um escravo do futuro, assim como
existiu em um passado bem distante. E mais tarde, você pode até se tornar um
verdadeiro Deus.
Nessa literal “viagem” (o título
nacional parece genérico, mas faz todo o sentido) que os diretores propõem ao
público, eles aproveitam para passear pelos gêneros cinematográficos. Aqui, no
meu ponto de vista, é onde mora o maior perigo em A Viagem. Se a ficção
futurística se mostra embasada, empolgante até, apesar de alguns exageros
visuais, como cenas elucidativas que remetem ao famigerado projeto anterior da
dupla de irmãos, o irrelevante Speed
Racer (2005), logo a vertente que toca a comédia, e a que retrata a nossa
realidade, soa esvaziada, sem muitos contornos. Entretanto, é interessante
perceber como os realizadores lidam de maneira natural com os clichês
cinematográficos, presentes em todas as épocas, e criando uma analogia curiosa
sobre os lugares comuns que habitam todos os tempos. Afinal, assim como a
ficção, a vida é repleta de clichês e o maior deles, é aquele que diz que
somente o amor pode curar ou salvar.
8 Comente Aqui! :
Acabei de assistir o filme. Achei cansativo, com atuacoes estranhamente ruins de atores muito bons (Tom Hanks especialmente) e, principalmente, raso. Nao ha uma cena no filme sem uma frase de efeito. Um dos filmas mais pretenciosos que ja vi, parece que quer nos convencer a cada momento que aquele é um filme profundo e "cabeca", sem chegar perto de se-lo em nenhum momento. Alem disso, nenhuma das historias é elaborada bem o bastante para que nos afeicoemos das personagens. Exceto Jim Broadbent, e o carismatico Cavandish, que talvez e a figura mais marcante do filme
Achei o filme excelente! Uma verdadeira obra de arte.
Apesar dos clássicos clichês em torno do amor, o filme foge totalmente a estrutura cinematográfica a que estamos habituados a assistir. O que muito me agrada. Gosto de me sentir surpresa e ate desafiado, de uma certa maneira, por uma obra como essa. O filme não apela para narrativas tão incompreenssíveis (como os diretores tanto utilizaram em Matrix), mas mesmo assim passa longe da simplicidade de uma narrativa barata. Os efeitos visuais, maquiagem e direção de arte são estonteantes. E apesar de nenhuma atuação significativa, o filme com certeza não vai passar despercebido pelo publico.
Achei o filme excelente! Uma verdadeira obra de arte.
Apesar dos clássicos clichês em torno do amor, o filme foge totalmente a estrutura cinematográfica a que estamos habituados a assistir. O que muito me agrada. Gosto de me sentir surpresa e ate desafiado, de uma certa maneira, por uma obra como essa. O filme não apela para narrativas tão incompreenssíveis (como os diretores tanto utilizaram em Matrix), mas mesmo assim passa longe da simplicidade de uma narrativa barata. Os efeitos visuais, maquiagem e direção de arte são estonteantes. E apesar de nenhuma atuação significativa, o filme com certeza não vai passar despercebido pelo publico.
Sinceramente, achei horrível! Sem mais comentários
PIOR FILME DO TOM HANKS EVERRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRR.............. como eles conseguiram fazer um filme tão ruim com um elenco tão bom.Não me conformo.
Que ótimo post Celo, texto perfeito, como sempre!
Quero muito ver esse filme, ainda não chegou em minha cidade mas com certeza vai vir e já estou ansioso. Para mim Hanks é um dos melhores atores de Hollywood e dificilmente decepciona...
Abração
Um lixo! Do mesmo naipe de Matrix.
Filme maravilhoso, ótimo pra quem gosta de pensar e refletir, além do show de efeitos especiais.
Postar um comentário