Resenha de Filme: O Voo (Flight)

1 de janeiro de 2013 1 Comente Aqui!

O Voo começou a ganhar destaque e a gerar expectativas por dois motivos. O primeiro deles é a aparição de Denzel Washington em diversas listas da temporada de premiações e o segundo por marcar o retorno de Robert Zemeckis ao universo dos filmes live action, depois de uma temporada de quase 12 anos trabalhando com captura de imagens e computações gráficas. A dupla apresenta aqui um trabalho bem feito,  mas que poderia alçar, com o perdão da piada, Voos maiores. 

No longa acompanhamos o piloto Whip Whitaker, que sofre com problemas de alcoolismos, mas que mesmo assim consegue fazer um pouso forçado, apresentando uma habilidade que poucos conseguiriam, após problemas em um voo de rotina. Após o acontecido ele se torna um herói por ter tido a coragem de arriscar e salvar a vida de praticamente todos que estavam a bordo, mas o fato de estar alcoolizado durante o trabalho pode colocá-lo na prisão. Além disso, ele mesmo não aceita este rótulo de salvador e começa a se questionar de o quanto é justo este reconhecimento que estão lhe dando. As investigações de rotina após um acidente desta magnitude colocarão toda essa auto crítica em jogo.

O Voo começa de forma espetacular e nos brinda com uma das melhores cenas já feitas para o cinema sobre a queda de uma aeronave. A tensão realmente consegue ultrapassar a barreira da tela e toma conta do espectador. O problema do filme passar a ser exatamente o de não conseguir se manter acima da média durante suas, longas, mais de duas horas de duração. Por mais que tentem a todo custo evitar, terminamos imersos a situações de alcoolismo que se tornam repetitivas e cansativas. Talvez um tempo mais curto de projeção e mais foco na interessantíssima trama que envolve a ética entre ter salvo grande parte das vidas em um acidente inevitável e se tornar herói ou ser punido por estar trabalhando sobre o efeito de álcool e drogas.

Outro foco que poderia ser dado é o de quanto Whitaker era uma marionete da organização pela qual prestava serviços. Empresa resolve contratar um advogado para encobrir os problemas do piloto, lhe fazer mentir e infringir ainda mais a sua ética para se safar da prisão e permitir que a empresa responsável pela produção das aeronaves seja a culpada por tudo. É tão nítido este sofrimento interno que uma pessoa que já havia tomado a decisão de tentar parar de beber resolveu se sabotar e voltar ao vício com mais impeto e força do que antes.

Com esses comentários é possível dizer que estamos diante de uma produção boa, mas que tinha potencial para ser muito mais. Inegável que hajam ainda alguns clichês e que o final é totalmente previsível. Grande parte do sucesso do longa está por conta de dois atores específicos. John Goodman faz a parte do alívio cômico de forma muito divertida e consegue acalmar um pouco os ânimos do público, mas é Denzel Washington que está impecável em sua atuação. O ator consegue desenvolver um personagem que ao mesmo tempo que é um herói e ganha o respeito do espectador, consegue ser uma pessoa não muito adorada pelo público. Acho estranha uma indicação ao Oscar, que parece ser cada mais provável, principalmente por julgar que o ator esteja em sua zona de conforto e tão excelente como em quase todos os trabalhos que faz. 


Trailer do Filme:

1 Comente Aqui! :

 
Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...