O cheiro no cinema e na literatura
o
odor do egoísmo humano
“O poder é afrodisíaco. O
cheiro me dá poder, o cheiro e o olho”.
Lourenço Mutarelli
Peço perdão a Arnaldo
Antunes (meu ídolo) que diz que o personagem do livro “O Cheiro do Ralo” é
detestável. A meu ver ele é o retrato da sociedade em que vivemos. Ou seja,
todos nós somos detestáveis quando temos o poder em nossas mãos. Uns mais
outros menos, porém, todos quando temos o domínio sobre o próximo fazemos isso
de forma a buscar nossa própria felicidade.
Lendo o livro de
Lourenço Mutarelli me vi viajando nas tramas de Charles Bukowski e seus
personagens tristes, amargurados......e reais. O filme “O Cheiro do Ralo”,
estrelado por Selton Mello, possui um belo texto do meu amigo Tiago: http://www.cinemadetalhado.com.br/2010/06/o-cheiro-do-ralo.html que recomendo a todos.
O livro por sua vez, apesar das semelhanças a meu ver funciona como um irmão
gêmeo do longa-metragem. Muitas semelhanças. Mas, a meu ver, é inegável que
possui alma e personalidade própria.
No filme entendo que o
foco é a BUNDA que o personagem simboliza como caminho para sua
busca pela felicidade. No livro entendo que o jogo de poder do personagem é o
foco da trama. A BUNDA na obra de Mutarelli é um ingrediente importante,
não o foco central. Aqui o cheiro do ralo e seus odores morais são mais retratados
do que o visual das nádegas perfeitas. Os dominados são mais humilhados e
pisados na obra literária do que na obra cinematográfica. Não existe melhor ou
pior, apenas diferenças.
Não importa o foco. A
verdade é que tanto o livro quanto o filme precisam ser vistos e lidos. O ideal
seria que todos tivéssemos coragem de encarar o cheiro e os odores de cada um
de nós.
Peço liberdade novamente
para meu ídolo Arnaldo e assino embaixo quando ele diz que: “o livro tem pique
de gibi, mesmo sem ter os desenhos”.
“O Cheiro do Ralo” é um
belo espelho do mundo em que vivemos. O
ideal seria que antes de cairmos pelo ralo conseguíssemos uma BUNDA
para nos agarrar, assim nos salvaríamos......ou não?
2 Comente Aqui! :
muito legal seu texto também acho que somos destetáveis quando temos algum poder em mãos.sábio quem disse" se você quer conhecer alguém dê poder a ela " é bem isso mesmo.
fiquei curiosa em ler.Parabéns.
abç.
Admito que sou um pouco preconceituoso com o cinema nacional. Na verdade não é bem uma questão de preconceito, e sim do conceito que fui criando após ver que perdi tempo assistindo a maioria dos filmes. Esses dias por acaso estava zapeando os canais da TV e acabei parando um pouquinho para ver. O filme já estava pra mais da metade, mas acabei assistindo até o final, pois gostei bastante. No dia seguinte reprisou e aí pude ver por completo. Não é um filme para o grande público e nem tem a pretensão de ser, mas é genial e Selton Melo mais uma vez mostra porque é um dos grandes atores do país.
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