Adaptado do romance do escritor
britânico Terence Rattigan, The
Deep Blue Sea narra à história do visceral enlace amoroso entre Hester
Collyer (Rachel Weisz), esposa mimada
de um renomado advogado, e o ex-piloto da frota inglesa durante a segunda
guerra mundial, o sedutor, mas desprovido de posses, Freddie Page (Tom Hiddlestone). A trama, escrita e
dirigida pelo experiente Terence Davies -
O Fim de um Longo Dia (1992), Memórias
(1995) - tem inicio logo após o
final da guerra e por isso contém alguns fragmentos do confronto bélico no que
toca a direção de arte de algumas e poucas cenas externas. Entretanto, as bem
elaboradas imagens demonstram pouca relevância, funcionando mais como pano de
fundo para a transposição entre cenas do romance entre Hester e Freddie, e pontuando
também as ações do marido traído, o advogado aristocrata Simon Russell (Sir William Collyer).
O respeitado diretor inglês Terence Davies, membro ativo da British Film Institute, assim como em
trabalhos anteriores, opta por trazer uma obra minimalista, procurando a
intimidade dos personagens e pouco se preocupando com as cenas externas, que
como já citei, aqui, funciona mais para transpor as passagens de lugar. A
intenção do seu cinema é focar os conflitos entre quatro paredes. Assim, aposta
com firmeza nos diálogos em detrimento a seqüências mais agitadas, salvo quando
algum personagem irrompe em uma rompante de fúria ou angustia.
Consequentemente, The Deep Blue Sea apresenta uma pegada deveras teatral, usando
seguidamente de longas cenas de embates verbais para avançar a narrativa. No
meu ponto de vista, hoje em dia, essa é uma conduta cinematográfica até ousada e como toda
ousadia, pode ser relativamente incompreendida ou mesmo não ter o resultado que
o público espera, sendo visto até como algo maçante.
No caso de The Deep Blue Sea,
acredito que não será avaliado como uma obra incompreendida, porque sua
temática clara, simples e sem grandes contornos se faz de fácil compreensão. No
entanto, o diretor, talvez percebendo o quanto idiossincrático seu filme estava
se tornando, traz um corte final “moderninho”, recheado de flashbacks mal montados em que traz alternâncias temporais
dissociadas. Creio que essa escolha seja uma espécie de subterfúgio para uma
trama mal formulada, fazendo assim o espectador se entreter ao montar um quebra
cabeça dos fatos e disfarçando a redundância do roteiro. A certa altura, o
filme passa a sensação de ser excessivamente dramático, caprichado no “açúcar” e
com a clara intenção de comover. Verdade que as atuações esforçadas, carregadas
de emoção, do talentoso casal protagonista, Hiddlestone
e Weiz, por vezes, conseguem inflamar
um filme que carece de aprofundamento de suas problemáticas.
P.S: The Deep Blue Sea foi indicado ao Globo de
Ouro 2013 na categoria de melhor atriz em filme de drama para Rachel Weisz.
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