Resenha de Filme: Ferrugem e Osso (Rust and Bone/De Rouille et D'os)

21 de dezembro de 2012 0 Comente Aqui!

O cinema francês tem muito o que comemorar em 2012. No começo do ano a produção O Artista foi destaque das premiações, sendo vencedora do Critics Choice Awards, Globo de Ouro e do Oscar. Isso tudo sem falar em demais prêmios conquistados, Melhor Diretor, Melhor Ator, Melhor Trilha Sonora e Melhor Figurino. Outro fenômeno que surgiu ao longo do ano foi o filme Intocáveis, que bateu todos os recordes de bilheteria e se consagrou como candidato do país para o Oscar de 2013. Outra produção francesa que não pode passar despercebida este ano é o longa Ferrugem e Osso, cujo a atriz Marion Cotillard está sendo indicada a prêmios por sua atuação.

A trama nos leva a acompanhar um sujeito que enfrenta muitas dificuldades para criar o seu filho de cinco anos. Logo é possível se perceber o quanto é tensa a relação entre os dois, principalmente pelo egoísmo e temperamento forte do pai. Sua única saída é ir morar na casa de sua irmã, com quem é notável a existência de uma relação abalada, e tentar organizar a vida. Ali consegue então um trabalho como segurança de boate e numa noite comum de trabalho termina ajudando Stephenie, uma treinadora de baleias, que havia se envolvido em uma confusão. Apesar de estar preocupado com ela, Ali não demonstra nenhum tipo de delicadeza, sendo duro e rígido com a mulher, que segundo ele havia se vestido vulgarmente para encontrar um novo companheiro. Após o fim desta situação é possível se imaginar que eles nunca mais fossem se ver, mas um acidente terminou por colocar ambos juntos novamente para tentarem superar as diferenças e reconstruírem suas vidas.

O longa pode até ser comparado com Intocáveis, afinal seus protagonistas são pessoas que precisam de ajuda para conseguirem realizar algumas coisas do cotidiano, porém as comparações não podem passar desta particularidade, pois enquanto um beira para o lado cool e divertido o outro parte para a violência e a fragilidade. O diretor Jacques Audiard segue essa linha de raciocínio e prefere por levar bastante tempo da película desenvolvendo seus personagens, o que lhe permitiu mais eficiência no que tange uma enorme carga de sensibilidade aos acontecimentos, que apesar de serem algumas vezes demasiadamente exagerados, conseguem atingir o espectador. 

Muito há o que se falar da atuação de Marion Cotillard, que nos brinda com um trabalho sensacional. Não acho que a atriz seja a favorita para levar prêmios, mas considero que seja justa sua indicação, principalmente por ser um trabalho de superação, que nos fará esquecer seu fraco rendimento em Batman: O Cavaleiro das Trevas Ressurge. O trabalho da atriz é muito bem feito no que tange a transmissão do vazio posterior ao trauma do acidente ou até mesmo na tranquilidade que transmite ao ter a chance de voltar a ser um pouco independente. Sua maior função na trama é a de acalmar os ânimos ou a testosterona de seu parceiro. Matthias Schoenaerts não será lembrado em premiações, apesar de ter causado bastante comentários em Cannes. Não é o primeiro trabalho que vejo do ator e volto a repetir que ele é um interprete fantástico para este de papel, fato provado em BullHead. Acredito que para chamarmos ele de um grande ator ainda é preciso vê-lo fora da zona de conforto. Alguém que está em busca de se reerguer, com alto nível de agressividade, descontrole da raiva e temporamente forte, isso ele faz muito bem. Posso até me arriscar a dizer que roubou muitas cenas da película para si.

O filme é marcante e possui momentos capazes de deixar o espectador boquiaberto. Há uma cena que a agonia tomou conta de mim ao ponto de me fazer levantar e torcer para nada dar errado. Impressionante a forma com que os personagens são bem construídos e o quanto quem assiste passa a torcer por eles. Não seria um grande absurdo este ser o representante da França no Oscar, mas o sucesso de Intocáveis lhe mantvee intocável mesmo. Até me arriscaria a dizer que a produção agradaria mais aos cinéfilos do que o outro, que também ganhou o apresso do grande público. Esta é uma película que merece ser assistida.








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