Crítica: Argo (Argo, 2012)

9 de dezembro de 2012 0 Comente Aqui!


Se há um profissional Hollywoodiano prestigiado, o nome dele é Ben Affleck, que como diretor de Argo segue demonstrando um enorme talento por trás das câmeras e até mesmo um notável amadurecimento quando tratamos do quesito de interpretações. O ator/diretor pode se tornar um grande case de superação, pois depois de fracassos como O Demolidor, Sobrevivendo ao Natal e O Pagamento, muitos já davam como certo o declínio de sua carreira. A questão é que o astro possui uma veia muito boa de diretor e passou a ser responsável por suas próprias produções, o que lhe rendeu maior conhecimento cinematográfico e todo o amadurecimento citado no começo desta crítica. Não se pode nem dizer que a qualidade de Argo seja de fato uma grande surpresa, pois desde seu primeiro filme, Medo da Verdade, que ele vêm demonstrando um enorme talento, consolidado com Atração Perigosa.

O longa possui uma das tramas mais inusitadas dos últimos tempos e o fato de ser baseada em fatos reais a transforma numa produção ainda mais interessante e chamativa. O roteiro é baseado em um artigo, escrito por Joshuah Bearman, que revelou, após muitos anos de sigilo, os acontecimentos de um momento de tensão entre o Irã e os Estados Unidos. Com essa força do realismo somos convidados a voltar em 1979, quando atos de rebelião conseguiram afastar do poder um governante opressor, que por bons relacionamentos com o presidente americano Jimmy Carter conseguiu escapar da confusão sendo acolhido em solos americanos. A revolta da população foi tanta que eles partiram em direção a embaixada americana exigindo que o governante fosse deportado de volta ao Irã.

Em meio ao tumulto e o aprisionamento de 52 americanos, 6 membros do corpo diplomático conseguiram escapar pela porta dos fundos e se refugiaram na embaixada do Canadá. O problema disso tudo é que era mera questão de tempo para que os manifestantes descobrissem que não haviam feito de refém todos os funcionários do consulado e saíssem a procura deles, que estariam fadados a morte. É nesse momento que a CIA contacta Tony Mendez, que precisará organizar uma plano, no mínimo inusitado, para resgatar os diplomatas.

A direção de Ben Affleck está sim muito segura e fazendo questão de sempre nos lembrar, que por mais absurda que seja a história, ela de fato aconteceu. O diretor está sempre nos mostrando manchetes da época para ratificar sua história e convencer do espectador da veracidade dos fatos. Outro ponto importante é que ele faz questão não transformar a trama em um universo em que há um bonzinho e um vilão, pois no fim todos defendem os seus direitos. Todo o desenvolvimento para entendermos as razões e motivações de cada um dos lados é apresentado com louvor.

É lógico que há o patriotismo americano em jogo, afinal assim é possível se engordar bastante o orçamento, mas o deixam focado no personagem vivido pelo próprio Affleck, que não atrapalha, mas é o ponto mais fraco da produção. Não é que eu esteja falando mal da atuação, mas o personagem é daqueles bastantes clichês, que tem problemas com álcool, está passando por um momento familiar complicado e disposto a arriscar a vida em prol dos EUA. A sorte é que a montagem e direção fazem com que essa situação não incomode o espectador. 

Apenas ler o enredo da trama transmite a sensação de que esse pode ser mais um filme extremamente sério e com uma montagem parada e densa. A questão é que a ideia de criar um falso estúdio que iria filmar uma cópia barata de Star Wars é uma sacada que permite bastante alívio cômico e esse existe principalmente devido ao grande trabalho da dupla John Goodman e Alan Arkin. Ambos são os colaboradores para que a faixada seja levada a sério tanto nos EUA como no Irã. Alan Arkin rouba praticamente todas as cenas que está presente e entrega mais um show de atuação. Pena que eles aparecem mais mesmo durante a elaboração do plano, já que sua execução não permitira a presença dos membros do estúdio que estaria em Hollywood.

Argo é mais grande passo para a carreira deste promissor diretor e deve ganhar destaques no período de premiações. Falar de patriotismo sem colocar o Estados Unidos acima do bem e do mal foi um ato de muita coragem. Fica apenas um ressalva quanto ao final do longa, quando vivemos aquela experiência do quase te peguei 3 vezes, algo que apesar de manter a tensão do espectador, termina desvalorizando um pouco a obra por cair no comum. A critério de curiosidade o personagem vivido por John Goodman  de fato existiu e foi o vencedor do Oscar de melhor maquiagem, por Planeta dos Macacos, John Chambers. Você duvidou algum dia de que o cinema era capaz de salvar vidas? Veja este filme.


Trailer do Filme:








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