Crítica: Paris-Manhattan (2012)

25 de novembro de 2012 0 Comente Aqui!
Existem dois tipos de 'filme-homenagem': o filme que homenageia alguém a partir de referências àquele homenageado, mostrando um conteúdo original e o filme que homenageia alguém mostrando as referências, mas num meio totalmente clichê. Paris-Manhattan se encaixa na segunda opção. Com um roteiro preguiçoso, aproveita de clichês para dar um certo ritmo e cadência à história.

Diretora e roteirista do filme, Sophie Lellouche, nos conta a história de Alice Ovitz (Alice Taglioni), uma mulher que teve seu primeiro contato com um filme do Woody Allen aos 15 anos de idade, e a partir daí se apaixonou loucamente pelo cineasta. Quando eu digo loucamente, é loucamente mesmo. Ela tem um pôster de Allen em seu quarto onde ela conversa com ele. E ele responde. Até aí não é negativamente ruim, mas a maneira como isso se desenvolve na história torna-se inútil. No começo os diálogos entre Alice e Allen são sobre ela reclamando da vida e ele dando dicas a partir de falas originalmente tiradas dos filmes dele. Então, após ela conhecer um rapaz, chamado Victor (Patrick Bruel), ela para de falar com o pôster. Parece que ele é diferente dos caras que ela conheceu — o pai de Alice está o tempo todo insistindo que ela conheça alguém e se case logo — porém eles não tem praticamente nada em comum. Começa um romance, com o famoso clichê,  no início eles se odeiam e depois acaba tudo com um final feliz.

A irmã da personagem principal, Hélène (Marine Delterme), é casada com Pierre (Louis-Do de Lencquesaing) um advogado bem sucedido que não tem nada a acrescentar no filme, tirando o fato de que ele conheceu Hélène numa festa na qual Alice também estava. Pierre encontra Alice na festa antes e eles acabam ficando juntos por um tempinho até que Hélène aparece e Pierre é enfeitiçado pelo "amor à primeira vista". Alice é descartada e fica frustrada. Mais um motivo para ela reclamar, sem profundidade, da vida.

O filme vai enrolando com algumas intrigas na família de Alice, focando mais no caso da filha de Hèléne, Laura (Margaux Châtelier), adolescente que está num relacionamento amoroso duvidoso. Em meio a uma história pouco inspirada que arrisca criticar a burguesia e o modo como as pessoas pensam e agem, o longa de 77 minutos, tenta misturar o drama de Match Point com o realismo fantástico de Para Roma Com Amor. Infelizmente, em vão. Exemplo disso é a cena em que Alice está sendo assaltada onde trabalha, e logo, Victor chega no lugar e sabe do que está acontecendo, nisso ela percebe que a arma do assaltante é de brinquedo, então dá ao assaltante DVDs de filmes do Woody Allen como "remédio" e ajuda-o a escapar de Victor (?). Totalmente deslocada e sem propósito narrativo.

Os atores também não ajudam, principalmente a protagonista que deveria nos cativar, afinal é muito insossa. A direção de Lellouche, que faz planos iguais aos dos filmes de Allen, não deixa sua marca. E o que menos incomoda é a trilha sonora. Em contra partida, o filme compensa com algumas piadas que funcionam, principalmente aquelas que o Woody faz em uma de suas falas em off.

Como eu disse Paris-Manhattan é um filme que tem um ritmo sustentado por clichês de comédia-romântica, não que isso seja um desastre porque os clichês são válidos quando bem usados, o que acaba não o tornando insuportável. Apenas nada criativo. Em meio a vários erros, e alguns acertos (como quando na fala mais sincera do filme inteiro, Alice responde a pergunta "Por que você gosta tanto de Woody Allen?" e ela responde "Porque ele me diz a verdade."), posso dizer que vale a pena assistir para ver a atuação, sempre agradável, do já velhinho Woody Allen.


Trailer do Filme:

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