Top Five - David Cronemberg

O sucesso moderado de um sci-fi sangrento - Scanners, Sua Mente Pode Destruir (1981) - e o apocalíptico Na Hora da Zona Morta (1983), escrito por Stephen King, botaram o nome de David Cronemberg no mapa. Na década de 1980 o seu estilo de fazer filmes era conhecido como body horror, que mostra de forma bem explícita a destruição ou degeneração do corpo humano via mutilações, doenças, mutações, etc. Apontado como um dos cineastas mais "corajosos" dos últimos 30 anos, talvez por esse mesmo motivo, o de arriscar tanto, que a sua filmografia varie entre erros e acertos, a exemplo do fracasso retumbante de eXistenZ (1999), considerada a maior bomba da história do cinema canadense. Lançado recentemente e avaliado por nossa equipe, Cosmópolis pode ser considerada um dos acertos recentes do diretor. Logo abaixo estão cinco títulos representativos da vasta obra de Cronemberg.

A Mosca (1986)

O cientista Seth Brundle (Jeff Goldblum) criou algo que vai mudar o curso da história: uma máquina de teletransporte. É com esse argumento que ele convence a jornalista Verona Quaife (Geena Davis) a ir pro seu apartamento conhecer a sua invenção. Seth, no entanto, está com um problema sério: ele só consegue teleportar objetos inanimados. Quando finalmente consegue transpor esse obstáculo, ele testa a sua máquina fazendo-se de cobaia. O que Jeff não sabe é que um passageiro extra fez a mesma viagem, o que terá consequências desastrosas para ele e para as pessoas à sua volta. Os US$ 61 milhões (US$ 126 milhões hoje em dia, ajustados pela inflação) arrecadados pelo filme é ainda a melhor bilheteria do diretor.

Gêmeos, Mórbida Semelhança (1988)

Os gêmeos Beverly e Elliot Mante (Jeremy Irons) formam um par de ginecologistas bem sucedidos. Beverly, o gêmeo extrovertido, é um "Dom Juan" que, ao cansar de suas conquistas, as repassa para o seu irmão tímido, Elliot - sem as mulheres estarem cientes disso. A coisa complica quando Elliot se apaixona pela atriz Claire Niveau (Geneviève Bujold). Será que os irmãos Mante conseguirão continuar o seu troca-troca? Mórbida Semelhança é considerado pela crítica especializada como um dos pontos altos da carreira de Cronemberg.

Crash - Estranhos Prazeres (1996)

Eu tenho a versão traduzida de Crash (1971), de J. G. Ballard, lançada pela Companhia das Letras. Ele explora, de forma ácida, a nossa fixação quase sexual por carros como uma metáfora de nossa dependência em gadgets. No entanto, traduzir os diálogos internos e especulações filosóficas do livro para as telonas é difícil, e bem que Cronemberg tentou; por esse e outros motivos Crash rachou a crítica ao meio. Os franceses (povinho perverso!), no entanto, adoraram: Crash ganhou o Prêmio de Juri de Cannes e ainda foi indicado para o Palma de Ouro, o prêmio máximo do festival.

Marcas da Violência (2005)

A vida do pacato Tom Stall (Viggo Mortensen), dono de um restaurante na pequena Millbrook, Indiana, vai sofrer uma dramática reviravolta. Uma dupla de psicopatas anda aterrorizando as cidades do interior do estado; quando eles param na soleira do restaurante de Tom, o protagonista, para a surpresa de todos, mata os dois de forma extremamente brutal e eficiente. À partir daí Tom vira uma celebridade nacional e atrai a indesejada atenção de um bando criminosos barra-pesada. O filme recebeu inúmeros prêmios e a sua temporada nos cinemas rendeu US$ 60 milhões, a segunda melhor bilheteria do diretor.

Senhores do Crime (2007)

Após o período da glasnost na ex-União Soviética e a queda do Muro de Berlim, em 1989, a Máfia russa cresceu internacionalmente, os seus tentáculos indo de Israel aos Estados Unidos. Cronemberg e Mortensen voltam a trabalhar juntos para contar uma história envolvendo a temida Vory V Zakone, a organização criminosa que surgiu nos gulags da era Stalin, e é conhecida pelo seu nível de violência surreal e as tatuagens dos seus integrantes, que servem como uma espécie de cartão de visita. O filme foi super elogiado e rendeu a terceira melhor bilheteria da carreira do diretor (US$ 56 milhões).