Crítica: Lena

16 de outubro de 2012 2 Comente Aqui!

Transitando entre o drama e o suspense psicológico, a premiada produção Holandesa/Belga, Lena, dirigida pelo estreante em longa-metragem (mas experiente em produções de TV) Christophe Von Rompaey é o tipo de filme que atrai a atenção pela maneira como é conduzido. O trabalho de Von Rompaey, apoiado no roteiro de Mieke de Jong (experiente roteirista holandês), é de um tratamento cru, sem elucidar beleza da melancolia e focado em analisar certas nuances do caráter humano, principalmente de pessoas sofridas que passaram por algum tipo de agrura ou tragédia na vida.
                               
Lena não é um filme que a trama evolui com ações, apesar do bom clima de suspense, seu andamento é lento. Na verdade, o filme é da personagem principal, tanto que certas soluções são delineadas de forma rasteira e podem incomodar. Porém, o clima tenso que é instaurado prende a atenção do espectador de forma competente, criando certa angustia e nunca se tornando totalmente previsível.

Na trama, Lena (Emma Levie) é uma adolescente comum que vive de maneira simples com sua mãe divorciada e motorista de ônibus. A mãe se acha uma derrotada e se afunda na bebida e quando a frustração é mais forte ela transfere para Lena lhe agredindo de uma forma verbalmente violenta, principalmente pela moça tender a obesidade. Quando não está em casa cuidando da bagunça da mãe, Lena divide seu tempo entre a escola, um grupo de dança country e o estágio em uma creche. No restante do tempo ela se entrega sexualmente aos garotos da escola, não que ela tenha aspirações verdadeiramente românticas por eles, o sexo casual e furtivo lhe convém como uma válvula de escape de sua difícil vida.

Seu cotidiano muda radicalmente quando ela conhece o despreocupado e bem apessoado Daan (Niels Gomperts). O jovem rapaz mora com seu pai viúvo, a quem Daan chama de fantasma, pelo homem ter desistido de viver após a morte da esposa. A situação do primeiro encontro do casal é no mínimo duvidosa, principalmente por levantar suspeitas sobre o rapaz ter acabado de assaltar uma senhora. No entanto, Lena nem liga, alias, a moça se importa com poucas coisas, talvez o seu maior interesse seja o de agradar qualquer um, existe uma necessidade de afirmação grande nas atitudes dela. Diferente da maioria das pessoas de seu convívio, Daan trata Lena muito bem e logo eles se envolvem. Um tipo de relacionamento relâmpago que culmina com Lena indo morar na casa do rapaz.

Inicialmente o romance vai a mil maravilhas, Lena sente-se livre da influência demente de sua mãe e aspira uma nova vida. Vivendo uma espécie de conto de fadas idealizado, ela pouco liga para os negócios escusos do rapaz e devota-se a cuidar da casa. A presença da moça ainda ressuscita o pai de Daan. Em um primeiro momento, surge um relacionamento paternal, mas logo o homem desenvolve uma obsessão doentia pela moça. O trabalho da atriz Emma Levie é o ponto alto do filme, imersa na personagem, ela não se furta em aparecer muitas vezes nuas e protagonizar cenas ousadas, principalmente para quem não tem um corpo que possa ser considerado como “padrão de beleza”.


2 Comente Aqui! :

  • Edison disse...

    Acabei de assistir o filme, e o achei, interessante. Conseguiu me manter preso até o final. Mostra o processo de amadurecimento de uma jovem adolescente obesa e com dificuldades de relacionamento com a mãe problemática, meio que deprimida, alcoólica e possessiva, e que a agride verbalmente. É lógico, a menina só quer se livrar da mãe. E, surpreendentemente, iniciando um relacionamento amoroso com o "good loking" Daan e fugindo para a casa deste, consegue se mudar da casa da mãe. É nesse momento que o filme fica mais interessante: sexo com o pai do namorado, frustração amorosa, mentiras, idas e vindas, traições, arrependimentos, trabalhos escusos e tragédia,etc. Também fiquei impressionado com a jovem protagonista, com sua face meio que impenetrável, mas que esconde uma explosão interna de sentimentos e conflitos. Gostei do filme, achei bom.

 
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