Crítica: Hotel Transilvânia

6 de outubro de 2012 0 Comente Aqui!

Produzido pela Sony Pictures Animation, “Hotel Transilvânia” é uma animação despretensiosa que aposta na inversão dos valores de seus protagonistas para arrancar ternura e risos de situações um tanto previsíveis, mas que por construir personagens divertidos, consegue ganhar nossa atenção e carisma. A trama se passa no hotel do título, construído séculos atrás pelo conde Drácula (no original, voz de Adam Sandler) para que os monstros de todo o mundo pudessem se refugiar das perseguições humanas e assim curtir boas e merecidas férias.

Viúvo, receoso do mundo externo, Drácula cuida com afinco e sozinho, mas de maneira excessivamente protetora, de sua filha Mavis (Selena Gomez), uma jovem vampira prestes a completar 118 anos. Como boa adolescente, Mavis tem a maior curiosidade de conhecer o mundo, principalmente por ter passado toda sua existência enclausurada no hotel. Conforme a tradição criada pelo próprio Drácula, ele convida todos os seus amigos monstros para a celebração do aniversário de sua filha, mas o que o Conde não contava é que um jovem humano, o mochileiro Jonathan (Andy Samberg), descobrisse o lugar, criando um bocado de confusão e mexendo com os sentimentos de sua filha.

Com a intenção de se equivaler ao padrão Pixar de entretenimento, “Hotel Transilvânia” esforça-se para transcender a simples diversão e causar alguma reflexão, principalmente pelo difícil relacionamento entre pai e filha, o romance entre “diferentes” e também ao levantar discussões pertinentes sobre julgar as pessoas pelas aparências. Todos os monstros do filme, sem exceção, são mostrados como criaturas incompreendidas, conflituosas, com aspectos humanizados, sofrendo por não conseguirem se enquadrar em uma sociedade que os vêem como eternos vilões. Nesse sentido, o filme dirigido pelo russo Genndy Tartakovsy, conhecido pelas series animadas Laboratório de Dexter e Samurai Jack, pode ser visto como um libelo contra o preconceito, mas não suficientemente aprofundado ao ponto de ser tornar de fato relevante.

Enfim, apesar da fragilidade da trama de “Hotel Transilvânia”, deve-se lembrar que a produção mira o público infantil e encher o filme de divagações filosóficas poderia mesmo ser um erro. No entanto, não deixa de ser bem vinda a inserção de monstros clássicos como Drácula, Frankenstein e Lobisomem no imaginário das crianças atuais. Como eles são delineados, provável que se crie mais apego do que medo pelas criaturas. Ciente dessa importância histórica de tais monstros enraizados na cultura mundial, a obra faz uma bonita homenagem em uma seqüência especial perto do final e somente por isso o filme já poderia ser considerado uma realização bem intencionada, divertida e muito legal.




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