CRÍTICA DO LIVRO: CHARLES BUKOWSKI – DELÍRIOS COTIDIANOS

11 de outubro de 2012 2 Comente Aqui!




a visão social através do velho safado: um rei do submundo e do cotidiano

“O amor é uma espécie de preconceito. A gente ama o que precisa, ama o que faz sentir bem, ama o que é conveniente. Como pode dizer que ama uma pessoa quando há dez mil outras no mundo que você amaria mais se conhecesse? Mas a gente nunca conhece.”
Charles Bukowski

Que me perdoem os puritanos, hipócritas, falsos, cínicos ou insanos, mas, tenho que concordar com Bukowski em seu pensamento citado acima. 
Falta romantismo ou alegria em sua visão? Claro que sim. Porém, isso, a meu ver, não quer dizer que não seja verdade. A utopia do que imaginamos não pode nos cegar da dura e cruel realidade do amor.
Unir a loucura de Bukowski com quadrinhos era um risco e um perigo, porém, o resultado final, para os fãs do autor, é muito positivo e torna a leitura imperdível e saborosa.  Quem não conhece o velho bêbado precisa conhecer URGENTE.
Matthias Schultheiss, o aclamado quadrinista alemão, apresenta, em desenhos que traduzem o que há de mais genial nas vidas do velho safado, esse mundo povoado de alcoolizados e derrotados e prostitutas que perambulam no isolamento das amplas cidades. Um retrato sombrio e sem esperança fluindo página após página, produzindo o que poucas vezes foi conseguido: a certeira adequação gráfica de histórias já consagradas na ficção.
Suas obras não são agradáveis para os “bons” moços, que fogem para seu labirinto de fantasias e ilusões. Bukoswki é para quem tem coragem de olhar no espelho e enxergar as próprias imperfeições.
Se meu ídolo, Nelson Rodrigues dizia que torcedor vaia até minuto de silêncio, quem sou eu para não tomar vaias ao concordar com o mestre dos bêbados, das prostitutas e dos perdedores? Que venham as vaias, se for o caso.

Charles Bukowski
Charles Bukowski é um escritor único. Escatológico, melodramático, cínico, marginal, antiacadêmico, anti-grupos literários, lírico, alcoólatra, machista, politicamente incorreto, anarquista e um grande escritor. É um dos escritores contemporâneos mais conhecidos dos EUA, e alguns diriam que é o poeta mais influente e o mais imitado. Nasceu no dia 16 de agosto de 1920 em Andernach, na Alemanha, filho de um soldado americano e uma mãe alemã e mudou-se para os EUA com três anos de idade. Cresceu em Los Angeles e lá viveu durante 50 anos. Publicou seu primeiro conto em 1944, com 24 anos de idade, e começou a escrever poemas com 35. Morreu em San Pedro, Califórnia no dia 9 de março de 1994 com 73 anos, pouco depois de ter terminado seu último romance: Pulp (1994).
Publicou mais de 45 livros de prosa e poesia enquanto estava vivo, incluindo os romances Cartas na Rua (1971), Factotum (1975), Mulheres (1978), Misto Quente (1982) e Hollywood (1989).
Um velho safado obrigatório para todos que gostam de viver a realidade do sujo, do feio e do real. 

2 Comente Aqui! :

  • Anônimo disse...

    Nossa, Rê!
    Maravilhoso seu texto, dá até certa vergonha... de sempre achar que devemos ser certinhos! Ou fingir que somos!!!!
    Adorei!


    Cecilia Medeiros

  • Anônimo disse...

    Hipocrisia não é um mau do ser humano, é uma das imposições para se viver em sociedade. Parabéns Sr Renato por mais um super texto.

    WOS

 
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