a
visão social através do velho safado: um rei do submundo e do cotidiano
“O amor é uma espécie de preconceito. A gente
ama o que precisa, ama o que faz sentir bem, ama o que é conveniente. Como pode
dizer que ama uma pessoa quando há dez mil outras no mundo que você amaria mais
se conhecesse? Mas a gente nunca conhece.”
Charles Bukowski
Que me perdoem os
puritanos, hipócritas, falsos, cínicos ou insanos, mas, tenho que concordar com
Bukowski em seu pensamento citado acima.
Falta romantismo ou
alegria em sua visão? Claro que sim. Porém, isso, a meu ver, não quer dizer que
não seja verdade. A utopia do que imaginamos não pode nos cegar da dura e cruel
realidade do amor.
Unir a loucura de
Bukowski com quadrinhos era um risco e um perigo, porém, o resultado final,
para os fãs do autor, é muito positivo e torna a leitura imperdível e saborosa.
Quem não conhece o velho bêbado precisa
conhecer URGENTE.
Matthias Schultheiss, o
aclamado quadrinista alemão, apresenta, em desenhos que traduzem o que há de
mais genial nas vidas do velho safado, esse mundo povoado de alcoolizados e derrotados
e prostitutas que perambulam no isolamento das amplas cidades. Um retrato sombrio
e sem esperança fluindo página após página, produzindo o que poucas vezes foi
conseguido: a certeira adequação gráfica de histórias já consagradas na ficção.
Suas obras não são agradáveis para os “bons”
moços, que fogem para seu labirinto de fantasias e ilusões. Bukoswki é para
quem tem coragem de olhar no espelho e enxergar as próprias imperfeições.
Se meu ídolo, Nelson Rodrigues dizia que
torcedor vaia até minuto de silêncio, quem sou eu para não tomar vaias ao
concordar com o mestre dos bêbados, das prostitutas e dos perdedores? Que
venham as vaias, se for o caso.
Charles
Bukowski
Charles Bukowski é um escritor único.
Escatológico, melodramático, cínico, marginal, antiacadêmico, anti-grupos
literários, lírico, alcoólatra, machista, politicamente incorreto, anarquista e
um grande escritor. É um dos escritores contemporâneos mais conhecidos dos EUA,
e alguns diriam que é o poeta mais influente e o mais imitado. Nasceu no dia 16
de agosto de 1920 em Andernach, na Alemanha, filho de um soldado americano e
uma mãe alemã e mudou-se para os EUA com três anos de idade. Cresceu em Los
Angeles e lá viveu durante 50 anos. Publicou seu primeiro conto em 1944, com 24
anos de idade, e começou a escrever poemas com 35. Morreu em San Pedro, Califórnia
no dia 9 de março de 1994 com 73 anos, pouco depois de ter terminado seu último
romance: Pulp (1994).
Publicou mais de 45 livros de prosa e poesia
enquanto estava vivo, incluindo os romances Cartas na Rua (1971), Factotum
(1975), Mulheres (1978), Misto Quente (1982) e Hollywood (1989).
Um velho safado
obrigatório para todos que gostam de viver a realidade do sujo, do feio e do
real.
2 Comente Aqui! :
Nossa, Rê!
Maravilhoso seu texto, dá até certa vergonha... de sempre achar que devemos ser certinhos! Ou fingir que somos!!!!
Adorei!
Cecilia Medeiros
Hipocrisia não é um mau do ser humano, é uma das imposições para se viver em sociedade. Parabéns Sr Renato por mais um super texto.
WOS
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