Crítica: 007 - Operação Skyfall (Skyfall)

27 de outubro de 2012 4 Comente Aqui!

Durante a divulgação de 007 – Operação Skyfall, os envolvido no projeto afirmaram que o novo filme da franquia, dirigido pelo conceituado e oscarizado Sam Mendes (Beleza Americana), ficaria marcado como o melhor da popular cine-série. Na condição de entusiasta do personagem e observando suas diversas caracterizações ao longo de cinco décadas, não posso afirmar com toda certeza, que de fato, esse seja o supra-sumo de toda a filmografia, embora, Operação Skyfall seja um filme mais bem acabado em relação aos anteriores também estrelados pelo ator Daniel Craig.

O roteiro bem elaborado de Operação Skyfall, escrito a seis mãos e pelos mesmos roteiristas de Cassino Royale e Quantum of Solace (talvez dessa intimidade venha à esperteza que ele aparenta), pontua com naturalidade as características clássicas do personagem e também valoriza as constituídas nos dois últimos filmes. Na verdade, cria-se uma espécie de duelo entre o antigo e o novo, pincelando qualidades e defeitos da velha e da nova escola “bondiana”, como em uma cena particularmente engraçada, em que o novo Q (um nerd hacker interpretado por Ben Wishaw) faz uma piada sobre canetas explosivas. No entanto, apesar de momentos cômicos inseridos com espontaneidade, o filme passa longe de uma paródia, sendo até mais dramático do que parece.

A trama se inicia com uma frenética seqüência de ação com James Bond (Daniel Craig) perseguindo um suspeito na Turquia. O desfecho da operação não sai como esperado, colocando o nosso agente como desaparecido pelo MI6. Os dias de aparente tranqüilidade, ao lado de uma bela morena em uma praia, têm um ponto final quando 007 assiste pela televisão a explosão do QG da agência de espionagem britânica. Ao ser testado para voltar à ativa, Bond demonstra problemas de ordem psicológica e física, mas ainda assim é aprovado por M (Judi Dench) para ir atrás do vilão da vez. Iniciando sua caçada na distante Macau, ele se depara com uma sedutora mulher, Séverine (a bela francesa Bérénice Marlohe) que o leva até o principal suspeito, o misterioso e afetado sujeito conhecido como Silva (Javier Bardem).

Embora seja uma característica recorrente aos filmes de James Bond a viagem pelo mundo, dessa vez, a ação principal aponta para o seu Reino Unido natal e consequentemente para suas raízes, em uma manobra que pode até ser vista como única em sua filmografia. Diferente de como se costuma ver, temos um 007 humanizado, com problemas pessoais mais aparentes. Assim, essa nuance fragilizada destitui o personagem de sua condição intocável e ainda que possa se prever algumas das soluções do roteiro, pode-se dizer tranquilamente que Operação Skyfall tem suas interessantes surpresas. Alternando entre o realístico e o hiper-realístico, o filme aborda com certa eficiência temáticas atuais como o terrorismo usado para vingança, apoiado principalmente em tecnologias de ponta. Divaga também sobre a dificuldade de identificar os inimigos, pois na ausência de sistemas totalitários de outrora, qualquer um pode ser um oponente em potencial.

O ator Daniel Craig repete com competência seu James Bond durão, violento até, e se não chega a ser tão elegante e sedutor quanto Sean Connery ou Pierce Brosnan, convence com muito mais eficácia nas cenas de ação. A talentosa Judi Dench aparece bem vontade como uma M mais atuante e a inglesa Naomie Harris cativa pelo carisma de sua personagem Eve, que ainda guarda um segredo especial para o desfecho do filme. O ator Ralph Fiennes, apesar de aparecer pouco, tem seus momentos em cena, mesmo que não tão empolgantes, mas entre as atuações, o destaque fica para o Silva de Javier Bardem. O personagem defendido pelo ator espanhol é um autêntico vilão “bondiano” e uma das minhas poucas reclamações em relação à Operação Skyfall é a demora para que ele entre em cena. O primeiro encontro de Silva com Bond é marcante, engraçado como dever ser, principalmente pela natureza transtornada desse sujeito que guarda um bocado de reminiscências em relação a M e o MI6.

Ainda que existam diretores e técnicos especializados para as cenas de ação em uma produção desse porte, deve-se ressaltar a forma refinada como Sam Mendes conduz o filme. O toque do diretor é notado principalmente no desfecho “intimista”, digamos assim, de Operação Skyfall e tendo como características caras a suas obras o uso de uma fotografia vistosa e uma trilha sonora bem elaborada, aqui, não é diferente. Claro que não dá para dizer que essa seja uma realização autoral de Sam Mendes, até por ser um filme com particularidades fortes de seu protagonista, mesmo que subvertidas vez ou outra dentro de sua extensa filmografia. Todavia, o trabalho do diretor é cuidadoso ao dimensionar com sinceridade a relação entre M e 007, fugindo assim do caricato e mirando o emocional. Operação Skyfall é uma obra que recicla idéias, não chega a impressionar com novidades, mas em sua estrutura convencional, entretém com muita qualidade e somente por isso, figura fácil entre os melhores blockbusters da temporada.

Veja mais críticas de 007 no nosso especial do agente






4 Comente Aqui! :

  • Rafael Oliveira disse...

    Como fã, posso afirmar com convicção de que este foi o melhor da série. O toque moderno continua presente, mas sentimos uma forte presença daquele Bond do passado, quando era interpretado por Connery. Os posicionamentos de câmera são elegantíssimos, a fotografia é de babar, e Javier Bardem traz o vilão mais fascinante e magnético que já passou pela série. Simplesmente Fantástico.

 
Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...