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Entrevista com Breno Silveira, Diretor de Gonzaga - De Pai para Filho
Entrevista com Breno Silveira, Diretor de Gonzaga - De Pai para Filho
Com “Gonzaga – De Pai para Filho”,
o cineasta Breno Silveira volta a trazer para o cinema uma história biográfica
da relação de dois dos mais importantes nomes da música popular brasileira.
Desde “Dois Filhos de Francisco (2005)”, quando de surpresa emocionou o Brasil
ao contar a história dos sertanejos Zezé Di Camargo e Luciano, criou-se certa
expectativa sobre quem e quando o diretor abordaria temáticas semelhantes.
Felizmente, percebe-se que não foi sorte de principiante, pois em seus
trabalhos seguintes, Silveira provou ter talento para emocionar as platéias,
foi assim com “Era Uma Vez (2008)” e o mais recente “A Beira do Caminho (2012)”.
E posso dizer com toda certeza que esse novo trabalho, ainda que peque em abordar
com mais afinco a metade Gonzaguinha, é tão emocional quanto, realizado com
esmero, procurando ser sincero e inevitavelmente trazendo a emoção a tona,
principalmente pelo mote principal ser a conturbada relação entre pai e filho,
o que não deixa de ser um tema universal e de fácil identificação.
A trama começa em 1981, com um
famoso Gonzaguinha recebendo a visita da então esposa de Luiz Gonzaga, Helena,
nos bastidores de um show. Com a voz trêmula, a mulher pede a Gonzaguinha que
visite seu pai, alegando que ele necessita dele. Obstante, pois faz anos que
ele não vê Luis Gonzaga, nega-se em um primeiro momento, mas logo a imagem de
seu carro chegando à casa de Gonzagão, na longínqua cidade de Exu no sertão
pernambucano, nos mostra que Gonzaguinha voltou atrás e se rendeu, a saber, o
urgente motivo pelo qual foi solicitado. Ao chegar, o pai não está em casa, mas
não demora até que se reencontrem em um bar local e essa singela cena é
suficiente para deixar claro o tipo de relacionamento entre eles: cheio de
reminiscências, magoas, amarguras. No dia seguinte, no café da manhã, empunhando
um contrato para um show que conseguiu para Gonzagão no “Sul”, Gonzaguinha usa
da papelada para esfregar na cara de seu pai o sucesso que atingiu sem a ajuda
dele e ainda acusa – o de solicitar a sua presença apenas por estar sem
dinheiro, principalmente pelas inúmeras apresentações que costuma fazer sem
cobrar.
Um dos acertos de “Gonzaga – De Pai para Filho” é a procura do diretor Breno Silveira em humanizar o mito Luiz Gonzaga, embora também não deixe de alimentar sua aura de lenda. Se por um lado Gonzagão tinha um talento nato para cativar as pessoas, principalmente por sua simplicidade, por outro não tinha o mínimo tato para lidar com seu filho Gonzaguinha, que cresceu rebelde no morro do São Carlos, praticamente criado pelo casal de amigos a qual foi deixado nas muitas viagens que Luiz Gonzaga fez pelo país para difundir sua música. De forma até ousada, a trama mostra um personagem desapegado a família e bens materiais, um artista feliz com seu trabalho e que antes do dever, tinha a necessidade de viver na estrada, visitando lugares distantes, desbravando até e alegrando as pessoas por onde passava. Com tantos contos sobre a “persona” Luiz Gonzaga, difícil mesmo não se aludir sobre essa figura lendária que gravou mais de duzentos discos e teve suas canções regravadas por inúmeros interpretes. No entanto, volto a reafirmar que o filme passa longe em ser unicamente edificante, talvez o nosso protagonista venha a causar sentimentos conflitantes ao público, pairando entre o amor e o ódio, e essas características somente os bons filmes podem de fato nos agraciar.
“Gonzaga – De Pai para Filho”
deixa claro que o protagonista é Luiz Gonzaga, porém, não posso deixar de dizer
que ficou uma ponta de decepção por não explorar com mais veemência a história
de um personagem musicalmente tão importante como Gonzaguinha, vivido na fase
adulta de forma visceral pelo ator Julio Andrade. Sua ascensão artística é
contada de forma rasteira, dando a sensação de pontuar a trama apenas para impulsionar
até o encontro com seu pai. O músico Chambinho do Acordeon, que faz Luiz
Gonzaga no seu auge, ainda que não sendo um ator profissional, mostra
comprometimento com seu papel e entrega uma atuação convincente, mas é com
Adélio Lima que vive Gonzagão na velhice que o personagem tem seus momentos
mais emocionantes. O verdadeiro embate a que pai e filho se propõem no já
citado reencontro, expondo com franqueza suas felicidades momentâneas e muitas decepções
e tristezas, são o ponto alto de uma trama que busca sempre a sinceridade e
comove pela simplicidade de personagens que sempre quiseram se amar, mas não
sabiam como.
3 Comente Aqui! :
Estou muito curioso para ver esse filme, cinebiografias é um de meus gêneros preferidos, ainda mais quando se passam (como a maioria deles) nas décadas passadas. Só espero que não aconteça como Xingu, que quando fui ver, já tinham retirado de cartaz...
Ótimo Texto,
Abraçao
Nazinha, né? É o nome da paixão do jovem Gonzada.
Então, Celo, a questão de Gonzaguinha não me decepcionou porque como você disse, o filme deixa claro o protagonista desde os cartazes. Mas, por gosto, adoraria ver mais do compositor e de suas canções, talvez por isso tenha ficado tão feliz com música escolhida para os créditos.
Agora, como você já sabe, a tal afirmação que você achou bem vinda me incomodou. Não acho que a história precise disso, e acaba quebrando a narrativa. Já tinha sido avisado que se baseava na realidade, e a cena do final já funcionava como fechamento de ciclo. Isso pode acaba prejudicando nas pretensões internacionais do filme.
Mas, é uma bela história, contada com coração.
Grande abraço.
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