CRÍTICA DO LIVRO: O Passe e o Gol

o futebol visto da infância

Sou fã do esporte mais popular do Brasil. Futebol é uma de minhas grandes paixões (ao lado de quadrinhos e cinema). Entretanto, como sou ruim dentro das quatro linhas, virei torcedor.....e leitor. Sou um apaixonado pelo estilo de dois cronistas de futebol: o primeiro era Nelson Rodrigues, que com sua insanidade poética fazia de um jogo uma lição de vida; o segundo é o jornalista Juca Kfouri, um torcedor assumido e um grande cronista dos nossos tempos.

Mas, Kfouri resolveu se arriscar um pouco ao escrever sobre futebol, fazendo um livro infantil, campo tão complicado, e o resultado foi um gol de placa.

Segundo o próprio autor foi o texto mais difícil que escreveu até hoje, pois exigiu e de muito trabalho, escrevendo e reescrevendo diversas vezes, até chegar ao resultado final. “O Passe e o Gol” é a história é a história dos gêmeos Joãozinho e Marinho, que poderiam muito bem viver em São Paulo, mas moram em outra cidade: moram em Corinthians...

Os irmãos gêmeos são tudo de bom. Amigos, companheiros, sempre juntos para o que der e vier. Só existe uma situação entre eles em que o tempo fecha: quando a bola rola. Aí não tem acordo. Porque Marinho prefere fazer o passe e Joãozinho adora marcar gols e se vangloriar de sua capacidade de ser artilheiro. Por isso humilha o irmão. Até que um dia, naquela cidade de nome bem diferente, são convocados para jogar na seleção da escola. Vão disputar um campeonato. Os dois do mesmo lado, no mesmo time, o Preto e Branco Futebol Clube. Será que vai dar encrenca?

Com um vocabulário simples, e ao mesmo tempo muito rico, com informações que compõem o universo infantil em relação ao esporte, a obra discute o relacionamento entre irmãos, no caso irmãos gêmeos, e a rivalidade tão comum entre eles. Quem é o melhor? É aquele que passa a bola ou quem faz o gol? Isso permite também refletir a respeito da importância que cada um desempenha dentro do grupo e a necessidade de se contar com todos, com suas habilidades individuais, a fim de que o projeto coletivo seja bem-sucedido. A partida de futebol, momento em que os irmãos gêmeos jogam pelo mesmo time, introduz a questão tão presente no cotidiano infantil que é saber ganhar e saber perder. Sugere, ainda, a exploração de temas como o respeito pelas diferenças, o companheirismo e a união.

As ilustrações e o projeto gráfico de “O Passe e o Gol” são de Eduardo Albini, uruguaio que mora no Rio de Janeiro há 25 anos. Artista plástico ilustra livros infantis e confessa que não entende nada de futebol. Mas ao tratar do tema mostrou que é um craque no desenho.

Um livro obrigatório para quem gosta de futebol, de criança e de alegria. Ou seja, dedicado a Sônia dos Santos Alves uma professora, esposa e futura mamãe que ama futebol, criança e está sempre alegre.