Os anos 30 foram um dos mais prolixos para a carreira do
diretor americano Howard Hawks. O cinema falado estava consolidado
comercialmente e a demanda de filmes era muito boa, digo que talvez tenha sido um dos períodos que mais as pessoas foram ao cinema. Os grandes estúdios
investiam em produções catalisadoras de público. Nesse âmbito, ainda que de
maneira mais moderada, começava a surgir à disputa entre as cifras geradas pela
gloriosa sétima arte. De 1930 a 1936, Hawks já tinha no mercado americano a
incrível marca de 14 obras lançadas, dentre elas, algumas que já marcariam o
diretor de alguma maneira, como "Scarface - A Vergonha de uma Nação" e "Caminho
para a Glória". Anos intensos para Hawks, que ainda era considerado um diretor
de estúdios, assim visto como um mero operário que buscava uma afirmação para
seu trabalho. Por isso, talvez, esses primeiros anos sejam pouco lembrados da
filmografia do diretor.
Depois de um hiato de dois anos, entre 1936 e 1938, Hawks
volta ao cinema com uma comédia deliciosa, intitulada "Levada da Breca". Um
trabalho que logo ganharia status especial em sua carreira, fazendo se olhar de
uma maneira diferente para o diretor. No elenco, dois dos maiores astros do
cinema americano, Katherine Hepburn e Cary Grant. Esse devido tempo dedicado a
essa realização parece ter aparado certas arestas da sua maneira de fazer
cinema. "Levada da Breca" é uma realização mais trabalhada, bem finalizada, com
cenas e atuações que podem ser consideradas ousadas, dando um rumo a um gênero
que se formava. Mesmo apostando em novos aspectos, Hawks não deixa de manter
algumas características de obras anteriores, que quem vai se aprofundando nos
seus filmes, logo as percebe. Uma das principais é o apreço por protagonistas descontraídos,
de humor ácido. Também é um filme mais abrangente (no sentido de mainstream),
daí vemos a saída do uso de uma narrativa teatral e apontar para uma mais
cinematográfica. Hawks filma em lugares abertos, como a bela propriedade em que
boa parte da historia se passa. Assim logo se nota uma fotografia mais
elaborada. Fica até evidente um notável avanço em relação a obras
anteriores, que mesmo boas, ainda assim apresentam-se menores na extensa
filmografia desse lendário diretor.
A trama é relativamente simples para os dias de hoje. Porém,
há de se afirmar o tom precursor da mesma, talvez seja um dos primeiros filmes
a carregar elementos da dita comedia romântica moderna e que mesmo depois de
mais de 70 anos ainda continuam a ser usados. Após assistir essa bela obra de Howards
Hawks, fica fácil apontarmos tantas obras derivadas de seu trabalho, que de tão
admirado chegou até a ser refilmado por Peter Bogdanovich como "Essa Pequena é
uma Parada", com a então estrela Barbra Streisand. "Levada da Breca" foca nos
conflitos entre Susan (Katherine Hepburn) e David (Cary Grant). Ela uma jovem
de boa família, mas totalmente amalucada. Ele um paleontólogo bobalhão,
responsável pelas ossadas de dinossauros de um museu. Por acaso, acabam se
topando e desde esse primeiro momento, até por uma sucessão de fatos (dos mais
engraçados, diga-se de passagem), não conseguem se separar. Logo sabemos que
David deseja um polpudo orçamento que um investidor pretende aplicar no seu
trabalho no museu e menos do que ocasionalmente, Susan acaba por ser a melhor
maneira de David alcançar o desejado. Claro que no meio disso entra a história
de um osso raro de um dinossauro que o cão da moça dá sumiço, um tigre
brasileiro (?) que é confiado ao casal e o improvável envolvimento romântico
que aflora entre eles, já que David está noivo e prestes a casar.
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Esse eu tive o prazer de assistir. Katharine Hepburn funcionava tão bem com esse tipo de papel, com esse humor perspicaz e sarcástico. E Cary Grant é o charme em pessoa. Adoro! Parabéns pelo texto!
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