Em determinada e especial cena do
filme “O Lutador (2008)”, o protagonista The Ram (Mickey Rourke), então
decadente ex-ídolo da luta - livre, ao som da estridente “Sweet Child O´ Mine”
da banda Guns n´ Roses deixa escapulir que os anos 80 foram os melhores para o
rock. Ainda na mesma seqüência, em conversa com seu interesse romântico, bem
decepcionando com os rumos da música atual, ele cita: “Mas aí veio Kurt Cobain
e acabou com tudo...” Há de se discordar dessa digressão improvável durante o
filme de Aronofsky, principalmente, por hoje em dia, muita das canções
oitentista soarem cafonas ou retro demais (eu discordo veemente), mas é com a
mesma intenção de homenagear, ainda que em um tom de sátira escrachado, esse
final da década de 80´, que surgiu o musical “Rock of Ages” na Broadway. Claro
que foi um imenso sucesso.
Referendado por esse sucesso nos
palcos mais famosos do mundo é que temos “Rock of Ages: O Filme”. Não é a
primeira e nem será a última vez que Hollywood traz alguma produção musical
teatral para a tela grande, até porque sabemos que o público americano é
apaixonado por musicais. Boa parte da trama de “Rock of Ages” se passa na boate
Bourbon Room, a casa mais quente da Sunset Street – Hollywood. O lendário local
(onde foram gravados muito dos hinos do rock) é administrado por Dennis Dupree
(Alec Baldwin), sujeito respeitado nos anos 70, mas que tem serias dificuldades
para manter sua casa aberta naqueles derradeiros 80´. E como na já clássica
canção “Don´t Stop Believin” da banda Journey, os protagonistas da nossa
história são uma jovem de uma cidade pequena, Sherrie (Juliane Hough) e um
rapaz da cidade grande, Drew (Diego Boneta). A dupla é atendente do Bourbon e
talentosos como cantores, sonham com o estrelato e em se tornarem uma lenda
como o Deus do Rock em decadência, Stacee Jaxx (Tom Cruise).
Caricato, não? No entanto, esse não
chega a ser um problema em “Rock of Ages”, já que ele parte do principio de
tirar sarro de praticamente todos os estereótipos que fizeram sucesso naquela
época. Além dos cantores, temos os fãs xiitas, o empresário inescrupuloso (Paul
Giamatti) e não poderiam faltar strippers (aonde entra a cantora Mary J. Bigle).
Aliás, devemos reconhecer, leader bands e strippers pareciam ser a combinação
perfeita na época de ouro do glam rock, tanto que houveram inúmeras canções
sobre esses ruidosos casais e até tivemos músicos que se casaram com essas
moças. Quem não lembra da legião de belas mulheres tirando a roupa para o
guitarrista Slash no clipe de Patience? E assim que o filme dirigido por Adam
Shankman (Hairspray, 1998) e roteirizado por Justin Theurox (Trovão Tropical,
2008) se mostra: uma obra repleta de clichês, mostrando uma Hollywood dividida
entre clubes de rock e casas de strippers, da onde ainda brota um romance entre
os protagonistas, e nesse meio, a esposa do prefeito, Patrícia Whitmore
(Caterina Zeta-Jones) é a senhora católica em cruzada pelos bons costumes.
O topo dos estereótipos é o
Stacee Jaxx de Tom Cruise. Escancaradamente inspirado no problemático líder da
já citada banda Guns n´ Roses, Axl Rose. O ator parece se divertir tanto em
cena com suas afetações de Rock Star, que nos entrega uma atuação diferenciada
em meio a sua extensa galeria de mocinhos. Claro que Tom Cruise é um dos
principais motivos para se assistir “Rock Of Ages”, dele são os melhores
momentos e tiradas. Em meio a tantos caprichos, Jaxx ainda tem como animal de
estimação o macaco chamado Hey Man, o que não deixa de ser uma grande sacada
dentro do filme. Afinal, seria Hey Man o único, além do próprio Stacee (como o próprio
afirma), a conhecê-lo realmente? Somente pelos momentos inspirados de Cruise, o
filme já estaria salvo, mas as canções de sucesso (e não são poucas) que
pontuam a narrativa fazem todas a diferença para cativar o espectador. Não
achem estranho se notarem que involuntariamente estão acompanhando a maioria das
canções.
9 Comente Aqui! :
Curioso para ver. Será que o Cruise mandou bem na atuação?? Quero conferir!
Nossa, quantas referências! Quero muuuuito ver agora!
Só pela trilha sonora, já deve merecer uma conferida.
http://avozdocinefilo.blogspot.com.br/
otimo texto. louco de vontade de assistir!
Esse Celo Silva escreve bem d+, quando crescer quero ser que nem ele. Muito bom o texto velho eu que não curto os musicais fiquei até com vontade de ver...quando sair para bluray eu vou conferir.
É o tipo de filme em que o pouco talento de Cruise aparece. Quero ver.
Bela crítica. Espero ver uma boa atuação de Cruise, já que seu pouco talento sempre aparece quando menos se espera.
Eu não curto tanto o hard rock poser ('poser' não no sentido pejorativo) e acho estranho que o estilo soe mais datado que outros que caracterizaram décadas anteriores à de 80. Na verdade isso me deixa até curioso em relação ao filme, por ele ser uma sátira de tudo isso...
http://sublimeirrealidade.blogspot.com.br/2012/08/monty-python-em-busca-do-calice-sagrado.html
Melhor cena: Tom Cruise e Ackerman se pegando no camarim. Grande momento! E eu adorei as baladas cafonas do Foreigner.
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