O cinema americano e sua obsessão
por refilmagens. Não precisa nem que a obra original seja um sucesso, mas se
ela mostrar certo potencial comercial, os executivos de Hollywood, cada vez
mais escassa de boas idéias, não pensam duas vezes em refazê-las. E assim é
“Lola”, um desses exemplos mais recentes. Não bastasse adaptar o razoável filme
francês “Rindo a Toa (2008)”, ainda importaram a mesma diretora, a francesa
Lisa Azuelos. Existe uma clara intenção de trazer credibilidade a produção ao
colocar a diretora original no comando da versão ianque, mas acredito que ela
teve muito pouco poder no corte final, que provavelmente deve ter ficado a
cargo do estúdio. Essa última afirmação parte do principio de que apesar das
duas obras terem sido realizadas pela mesma diretora, existem diferenças
consideráveis, para não dizer gritantes, no resultado final.
Mesmo que “Rindo a Toa” não seja
um primor, ao menos é delineado com muito mais sutileza e sensibilidade do que “Lola”.
A versão americana “indie clipada” da geração Y acompanha a trajetória da jovem
estudante Lola (Miley Cyrus). Usando do batido clichê de narrar a partir do diário
pessoal da protagonista, ora a história avança através de conversas pela
internet ora também tenta fugir do plot principal e criar simpáticas subtramas
(infelizmente pífias) do convívio de amizades da mocinha. Por vezes, também faz
um comparativo entre a vida de Lola e de sua divorciada mãe, a preocupada Anne
(Demi Moore). Mãe e filha tendo que se reinventarem no amor sem que percam a
unidade entre elas. Bonito, não? Em tese sim, pena que os personagens tenham a
profundidade de um pires de café e soluções inverossímeis para pontos chaves da
história também não ajudam nem um pouco a cativar a atenção do público. A
ex-estrela teen Miley Cyrus até se esforça, aproveitando da experiência de Demi
Moore, mas além da beleza da hoje veterana atriz, falta a Cyrus talento e
carisma para sustentar um filme inteiro.
A intenção do roteiro escrito pela própria Lisa
Azuelos é de divagar sobre essa tênue linha que separa e afasta as gerações. A
diretora parece ter esmero em elaborar seqüências sobre essa temática, como em
um dos poucos inspirados momentos do filme em que adultos e adolescentes se
separam pensando que assim podem fazer algo sem serem incomodados ou
interrompidos. O que na verdade, não passam de desejos similares. No entanto, o
filme falha drasticamente ao tentar trazer ao espectador entretenimento com
reflexão, não passando de uma aborrecida e vazia narrativa que se utiliza de
uma sucessão de novos e velhos estereótipos. Assim vemos adolescentes com seus
cabelos milimetricamente despenteados, entoando canções depressivas e
reclamando de suas vidas terrivelmente confortáveis. Os adultos também não
fogem da caricatura, tratados como seres infantis que freqüentam terapeutas. A
idéia poderia até render uma comédia ácida, divertida, mas não vai além de um "draminha" previsivelmente tolo e descartável.
3 Comente Aqui! :
OLá , amigo!
Não vi o filme, mas pelo dito na resenha, nem sei se irei vê-lo, talvez mude de idéia.
Luxo é o teu blog, viu?
Gostei demais!
Obrigada pela visita e elogio ao Sementes Preciosas!
VBJossssssss
Só pelo trailer já dá pra ter uma idéia da bomba que deve ser.
http://avozdocinefilo.blogspot.com.br/
Eu vou querer ver, porque eu sou meio sadô. Mas até que estou esperando, no mínimo, algo que me distraia.
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