Crítica de Filme: Lola (LOL)

12 de agosto de 2012 3 Comente Aqui!

O cinema americano e sua obsessão por refilmagens. Não precisa nem que a obra original seja um sucesso, mas se ela mostrar certo potencial comercial, os executivos de Hollywood, cada vez mais escassa de boas idéias, não pensam duas vezes em refazê-las. E assim é “Lola”, um desses exemplos mais recentes. Não bastasse adaptar o razoável filme francês “Rindo a Toa (2008)”, ainda importaram a mesma diretora, a francesa Lisa Azuelos. Existe uma clara intenção de trazer credibilidade a produção ao colocar a diretora original no comando da versão ianque, mas acredito que ela teve muito pouco poder no corte final, que provavelmente deve ter ficado a cargo do estúdio. Essa última afirmação parte do principio de que apesar das duas obras terem sido realizadas pela mesma diretora, existem diferenças consideráveis, para não dizer gritantes, no resultado final.

Mesmo que “Rindo a Toa” não seja um primor, ao menos é delineado com muito mais sutileza e sensibilidade do que “Lola”. A versão americana “indie clipada” da geração Y acompanha a trajetória da jovem estudante Lola (Miley Cyrus). Usando do batido clichê de narrar a partir do diário pessoal da protagonista, ora a história avança através de conversas pela internet ora também tenta fugir do plot principal e criar simpáticas subtramas (infelizmente pífias) do convívio de amizades da mocinha. Por vezes, também faz um comparativo entre a vida de Lola e de sua divorciada mãe, a preocupada Anne (Demi Moore). Mãe e filha tendo que se reinventarem no amor sem que percam a unidade entre elas. Bonito, não? Em tese sim, pena que os personagens tenham a profundidade de um pires de café e soluções inverossímeis para pontos chaves da história também não ajudam nem um pouco a cativar a atenção do público. A ex-estrela teen Miley Cyrus até se esforça, aproveitando da experiência de Demi Moore, mas além da beleza da hoje veterana atriz, falta a Cyrus talento e carisma para sustentar um filme inteiro.

A intenção do roteiro escrito pela própria Lisa Azuelos é de divagar sobre essa tênue linha que separa e afasta as gerações. A diretora parece ter esmero em elaborar seqüências sobre essa temática, como em um dos poucos inspirados momentos do filme em que adultos e adolescentes se separam pensando que assim podem fazer algo sem serem incomodados ou interrompidos. O que na verdade, não passam de desejos similares. No entanto, o filme falha drasticamente ao tentar trazer ao espectador entretenimento com reflexão, não passando de uma aborrecida e vazia narrativa que se utiliza de uma sucessão de novos e velhos estereótipos. Assim vemos adolescentes com seus cabelos milimetricamente despenteados, entoando canções depressivas e reclamando de suas vidas terrivelmente confortáveis. Os adultos também não fogem da caricatura, tratados como seres infantis que freqüentam terapeutas. A idéia poderia até render uma comédia ácida, divertida, mas não vai além de um "draminha" previsivelmente tolo e descartável.


3 Comente Aqui! :

 
Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...