Crítica de Filme: A Delicadeza do Amor (Lá Delicatesse)

20 de agosto de 2012 6 Comente Aqui!
Participação mais do que Especial de Sintia Piol, autora em Mãe, me Conta uma História?


La Délicatesse foi um dos filmes que mais tocaram meu coração neste ano. Baseado no livro de Foenkinos, essa comédia romântica tem uma fórmula diferente: os  irmãos David e  Stéphane criam um filme complexo diante de tanta simplicidade, magnifico em sua nudez de jogos sexuais. Mostram o amor desprovido de artimanhas, e os caminhos que Markus terá que cruzar para conquistar o coração de Natalie.


 A tecnologia foi empregada de forma adequada para criar uma atmosfera onde tudo gira muito rápido; o jogo de câmeras e belas canções enfatiza o que é tão evidente quando amamos – o tempo parece voar, tudo acontece como em um passo de mágica. Tudo é breve, e o breve parece imortal. Temos aquela sensação clássica de que tudo que é perfeito dura pouco. Os recursos estilísticos da produção nos poupam de sentimentalismo barato e detalhes desnecessários, evidenciando o que há de belo no amor e de forma simplificada. Um alívio para quem detesta filmes cujos enredos se prendem ao melodrama.

A primeira parte do filme é menos movimentada e comum ao gênero romântico mostrando a conexão perfeita entre Natalie e François, aquele bla-bla-blá de jovens apaixonados de forma onírica, mas cuja história, breve e dolorosa é marcada por um acidente. O momento hospital x  cemitério x luto também é explorado com parcimônia, a dor de forma enxuta e bela, numa versão desprovida de drama e pieguice, abordando de forma madura uma das possibilidades para o fim de uma história de amor:  a morte inesperada de um dos envolvidos.

Como contraponto à dor e a solidão, surge do nada na trama, após três anos de luto, Markus. Um cara praticamente invisível de tão sem graça. O beijo repentino entre eles assusta até ao telespectador. A partir desse ponto, o filme dá um giro e traz consigo uma mensagem de esperança:  é preciso reerguer-se e seguir em frente. Há tempo de sorrir e tempo de chorar. Suas lágrimas já secaram Natalie, então abra seus olhos para o novo, para o que está por vir. Não existe apenas um grande amor na vida. Podemos ter outras histórias de amor tão incríveis quanto a primeira. Fica a lição de que é possível recomeçar, podemos reescrever nossa história e ser tão bela quanto a primeira.

Voltando a Markus Lundl, o herói da obra, este sueco estranho que trabalha na equipe que Natalie coordena, em um piscar de olhos,  se transforma -  de ogro nórdico passa a galã e príncipe encantado. Natalie promove essa alteração em sua vida. Na verdade, a paixão transforma a ambos. Apesar da delicadeza, ambos possuem superpoderes: o magnetismo da verdade, do charme, do senso de humor, da simplicidade e, principalmente, da inteligência.

François Damiens está incrível no papel e consegue transformar seu personagem de estrangeiro feioso e desprovido de elegância a sonho de consumo de qualquer telespectadora, o companheiro que toda mulher deseja. Sua fragilidade, medos, inseguranças e comportamento cativam a mulherada e até o final do filme estaremos suspirando pelo careca de corte brega e figurino tosco que na verdade dão forma a um poeta. Sim, não há como negar que Markus transforma a vida da protagonista em poesia. Natalie passa a viver uma história linda, com um dos finais mais significativos que já vi nos filmes do gênero.

Para um filme despretensioso, e que assisti sem grandes expectativas, me surpreendi com a química entre o casal Tatou e Damiens, uma das mais belas que vi recentemente. Considero que foi uma daquelas conexões típicas dos romances clássicos. A naturalidade das cenas é assustadora de tão convincente que há momentos que nem lembramos que é ficção. Bem, é um filme que aconselho a qualquer um para levar a potencial conquista ao cinema para iniciar um novo romance. Certamente a chance de sucesso na investida aumentará substancialmente. Renderá, provavelmente, beijos memoráveis, românticos e uma noite inesquecível caso a criatura na poltrona ao lado tenha seja atingida por uma das flechas caramelizadas de romance que o filme lança sobre o público. Por via de dúvidas vale a pena arriscar, quem sabe não seja essa pessoa quem vai escrever na sua vida uma grande história de amor?



6 Comente Aqui! :

  • Jean Douglas disse...

    Amo produções francesas, bem como as excelentes atuações de Audrey Tautou. Belíssima crítica! Como confio no seu bom gosto, irei assistir. Grande beijo, e parabéns! Tudo que você faz merece muitos aplausos.

  • J. BRUNO disse...

    Só li críticas positivas sobre este filme até agora Sintia Piol, mas a sua me chamou ainda mais a atenção pelos detalhes que você frisou, eu tenho uma atração especial por este tipo de filme e tenho quase certeza de que irei gostar deste!

  • Sintia Piol disse...

    Vejo que o time de fãs de Tautou é de primeira. Bruno, Jean,Herculano e cativar o interesse de Daise também não é pra qualquer um não. Espero que possam conferir e postem aqui suas impressões sobre o filme.

  • Anônimo disse...

    Infelizmente, você nao entendeu o filme. Ela nao ama Markus. E o final é muito claro nesse sentido. Ela sempre amará o ex-esposo. Markus entende isso, e tenta encontrar um "lugar na dor do coraçao" da bela. O amor dele é totalmente unilateral. Ela o tem como um amigo que lhe traz paz de espírito em meio ao caos de um luto eterno.

 
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