Crítica de Filme: Bel Ami - O Sedutor

5 de agosto de 2012 5 Comente Aqui!

Literalmente o termo francês Bel Ami significa “belo amigo”, mas também já foi muito usado como uma expressão pejorativa para a figura do amante na alta sociedade francesa do final do século 19. Uma “função” (digamos assim) que apesar de reprovável e libidinosamente prazerosa era mais do que comum no convívio social. Viver como um amante na Paris do final daquele século não deixava de ser uma tarefa árdua e ainda necessitava de um amplo comprometimento, principalmente para um interessado em ascender posições na concorrente hierarquia burguesa da Cidade Luz. O candidato a “bel ami” da vez na capital francesa é o ex-soldado Georges Duroy (Robert Pattinson), um jovem de origem proletária, cheio de sonhos, tão grandiosos quanto ingênuos.

Em sua escalada social, onde furtivamente é transformado em escritor do jornal local, vamos acompanhando seu envolvimento, principalmente, com três distintas, respeitadas e influentes senhoras da sociedade local. São elas: a também jovem e ardente Clotilde (Christina Ricci), a sensual e calculista Madeleine (Uma Thurman) e a madura, mas não menos bela Virginie (Kristin Scott Thomas). Enquanto se desenrola a trajetória nada edificante de Georges, a narrativa também produz uma história sobre política, paralela a trama principal. Um mote até interessante (tristemente subutilizado) que vai surgindo como pano de fundo e assim providenciando algum desvendamento da verdadeira faceta daqueles homens (amplamente influenciado por suas mulheres) que produziram a história do país. Nesse ponto, indo na contramão do caráter machista que o título pode sugerir, Bel Ami – O Sedutor é uma obra que inicialmente levanta a bandeira do feminismo, evidenciado na cena em que Madeleine fala para Georges: “Conheça o homem pela mulher que ele tem.”

Dirigido pela estreante dupla de diretores ingleses, Declan Donnelan e Nick Ormerod, Bel Ami – O Sedutor é baseado na obra literária do prolixo escritor francês Guy de Maupassant (1850-1893). Apesar de buscar como fonte um texto considerado por muitos especialistas como uma representação fiel de uma época, a obra aqui em questão, infelizmente, não passa de uma adaptação com um viés mais pop do que artístico. Não que seja ruim essa escolha, porém, tudo é delineado de forma rasteira, abusando de clichês e estereótipos. Tanto que não é estranho ser protagonizada por um ator nitidamente limitado como Robert Pattinson. Mesmo o rapaz esforçando-se para trazer profundidade ao personagem, ele não deixa de protagonizar algumas cenas inexpressivamente inócuas. Sua aura sedutora é quase inexistente. O filme também peca por uma falta maior de ousadia, trazendo cenas de sexo burocraticamente filmadas e sem um pingo de intensidade.

Em um contexto geral, até acredito que a obra deve agradar, principalmente, aos fãs de Robert Pattinson. A reconstituição de época é competente, com as mulheres lindamente sensuais em seus figurinos fetichistas. Se Pattinson é uma evidente escolha errada para o papel, talvez esse nem seja o real e maior problema de Bel Ami – O Sedutor. Digo isso, porque o elenco coadjuvante é um dos acertos do filme, especialmente Kristin Scott Thomas (roubando todas as cenas em que aparece). Não posso comentar com eficiência o teor do roteiro de Rachel Bennette, no entanto, a montagem picotada privilegiando em todos os aspectos o protagonista (temos até closes das nádegas do rapaz) em detrimento a evolução de uma história mais complexa e de intricadas conspirações, só levanta a dúvida de que a realização seja um veiculo tendencioso para afirmar Pattinson como o maior galã da atualidade no cinema comercial.




5 Comente Aqui! :

  • J. BRUNO disse...

    Ainda estou curioso pra ver Celo, mas já espero me deparar com cada um dos tropeços que você comentou acima. Confesso que verei mais pela presença das atrizes do que pelo roteiro ou pelos outros aspectos...

    Eu também sempre percebi uma afinidade entre os trabalho de vocês, Felisberto e Maria Lúcia, acho que vocês deveriam investir neste tipo de parceria mais vezes. O poema ficou muito bom! Parabéns a ambos!

    http://sublimeirrealidade.blogspot.com.br/2012/08/gosto-de-cereja_5.html

  • Thiago Silva disse...

    O mais irritante de tudo isso é que essa constante afirmação de que Pattinson é o maior galã atualmente soa mais como forçação de barra gerada por campanhas de marketing que parecem não acreditar no provável desempenho artístico do cara. Ok, até hoje não assisti a sequer um filme no qual ele faça a diferença positivamente, mas, pelo visto, Bel Ami é apenas mais um veículo que propaga este imbecil conceito isoladamente estético dentro do cinema.

    Ótimo texto!

  • Rafael W. disse...

    Tem cara de ser fraquinho mesmo, mas muitos erram ao começar julgando o filme pela presença de Pattinson no filme. Ele pode ser mau ator, mas não compromete tudo.

    http://avozdocinefilo.blogspot.com.br/

 
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