Crítica de Filme: Armadilha (ATM)

11 de agosto de 2012 2 Comente Aqui!

Se compararmos os gêneros cinematográficos, o terror talvez seja o mais aberto a novidades. Comum que vez ou outra apareça alguma obra propondo uma nova maneira de assustar o público. Em sua maioria, é puro marketing, mas não deixa de ser saudável para o gênero. Recentemente, subgêneros como “porn torture” e o “found footage” ganharam força com seu hiper-realismo, propondo a desconstrução de algumas das características mais clássicas do gênero. Como conseqüência, os filmes de terror vêm ganhando cada vez mais tratamentos simplistas, muitas vezes apostando em tramas parcas e atuações naturalistas. Não que sejam opções apenas ruins, concordo que possa render soluções eficientes para uma produção com orçamento baixo ou moderado e bons exemplos recentes não faltam. Com certo destaque para obras oriundas de regiões como a Escandinávia, Inglaterra e Austrália.

O cinema americano, principalmente o independente, também costuma apresentar bons filmes, mas infelizmente não pode ser dito o mesmo de “Armadilha (2012)”.  Divulgado como um filme surpreendente, a obra que não transita com propriedade nem pelo “porn torture’ e nem pelo “footage”, não passa de uma pretensiosa reciclagem de clichês do gênero. Com roteiro de Chris Sparling (o mesmo de Enterrado Vivo) e direção do estreante David Brooks, a trama se foca em um único e estrito mote, com praticamente toda a ação passada dentro de um caixa bancário 24 horas. Ao voltarem de uma festa de confraternização de fim de ano, os amigos de trabalho David (Brian Geraghty), Corey (Josh Peck) e Emily (Alice Eve) resolvem parar (às duas da manhã) no já citado caixa eletrônico (o ATM do título original) para sacar dinheiro com o intuito de comprar uma pizza (?). Dinheiro sacado, quando se voltam para retornar ao carro, ainda dentro do banco deparam-se com um sujeito enorme, encapuzado, esperando-os a poucos metros da porta de saída.

Ainda que apresentando uma introdução frágil, “Armadilha”, em um primeiro momento, consegue captar a atenção do espectador. Afinal, a figura do sujeito é misteriosa e elucida curiosidade por saber suas motivações. No entanto, não demora até que o sujeito revele suas verdadeiras intenções: fazer picadinho, com requintes de crueldade, aos três amigos que se abrigam dentro do ATM. Sem uma explicação realmente plausível, algo impele que o nosso assassino adentre aquele caixa eletrônico e coloque um ponto final mais rápido possível ao sofrimento do trio (e também do espectador). Então, durante os 80 minutos (ainda bem que o filme é curto), acompanhamos um previsível joguinho sádico que a frágil narrativa propõe, aliada a seqüências de diálogos sofríveis, interpretações apagadas e um assassino dos mais desinteressantes. Resultado: de um pastiche pouco inspirado, difícil surgir suspense e alguma tensão que entretenha com qualidade. 



2 Comente Aqui! :

  • J. BRUNO disse...

    O curioso é que mesmo com alguns experimentalismos, que na grande maioria das vezes são só técnicos, a produção atual de terror não tem escapado das velhas fórmulas. A essência é a mesma, o que tem mudado é roupagem que dão a ela...

 
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